É normal, ao escrever um trabalho acadêmico, usar ideias de outros autores para compor seu texto. Na universidade, é esperado que os alunos saibam articular suas ideias e reflexões a partir de outros autores da área. Ou seja, não é errado usar as ideias de outras pessoas. Mas é errado plagiar. O plágio é considerado crime, já que é uma violação de direitos autorais. Mas qual é o limite? Onde começa um e acaba o outro?
O plágio acontece quando alguém reescreve frases, citações ou conceitos de outros autores, seja de livros ou da internet, sem dar os devidos créditos. É muito importante que o uso de qualquer referência seja explicitado no próprio trabalho. Em junho, o então ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, deixou a pasta antes mesmo de assumi-la oficialmente ao ser acusado de plágio em sua dissertação de mestrado.
Infelizmente, plágio é uma prática comum no mundo acadêmico. Mas, muitas vezes, não entendemos o que é considerado plágio, na prática. Por isso, explicamos aqui os três tipos de plágio mais comuns e também como evitar cometê-los.
Integral
Esse é provavelmente o mais fácil de ser reconhecido e o mais conhecido pelos alunos. Baseia-se no ato de copiar palavra por palavra uma frase, parágrafo ou, até mesmo, um trabalho inteiro sem mencionar a fonte.
Parcial
Já nesse caso, o plágio acontece quando o texto é composto por diversos trechos e conceitos de outros trabalhos tornando-se, ao fim, um texto único. É importante entender que a ideia de plágio não difere se o estudante copiou ou não a ideia principal ou a conclusão de outra obra. A simples combinação de diversas ideias ou parágrafos sem a menção de quem originalmente expressou aquelas ideias configura plágio.
Além disso, ainda que você acrescente os trechos (palavra por palavra ou mudando alguns termos) e mencione os autores originais, o plágio ainda pode ter acontecido. Isso porque, em um trabalho acadêmico, espera-se que o aluno crie um texto diferente com ideias e visões próprias baseando-se nos conceitos de outros pesquisadores. E não que ele simplesmente junte ideias de vários autores.
Uma forma de respeitar os direitos autorais é explicando os conceitos de outro autor, mas usando suas próprias palavras ou o que você entendeu a partir daquela ideia. É necessário, também, acrescentar outros complementos que não estão na obra original e fazem ligação direta com seu tema, como utilizando exemplos ou observações próprias.
Conceitual
Como o nome sugere, refere-se ao plágio do conceito de outro autor. É muito comum que, a partir das pesquisas para a sua obra, você crie um conceito que explique determinado fenômeno. Ou, até mesmo, que você pegue emprestado conceitos e, por consequência, nomenclaturas de conceitos criados por outros autores. Caso você mencione uma conceituação criada por outra pessoa sem mencionar a fonte, será considerado um “plágio conceitual”.
Como evitar o plágio acadêmico
A melhor forma de evitar o plágio é mencionar o autor do qual as ideias usadas se originam assim que uma ideia for usada. Geralmente, em todas as citações feitas deve haver as seguintes informações sobre o conceito original: nome do autor (comumente identificado pelo sobrenome), ano de publicação da edição usada e o número da página onde se encontra a ideia usada. A ABNT sugere dois tipos possíveis de citações, que você pode entender abaixo.
Citação Direta
Quando você quer fazer a transcrição fiel de um trecho, ou seja, “copiar e colar” uma citação, você deve usar a citação direta. Existem duas formas muito simples, mas ambas devem estar sinalizadas por aspas e com as informações mencionadas acima sobre a obra.
- Apenas a citação: nesse formato, você pode apenas inserir a citação do autor e adicionar as três informações sobre a obra em parênteses ao final da citação, sendo o nome do autor em letras maiúsculas.
Exemplo: “A desconstrução da identidade não é a desconstrução da política; ao invés disso, ela estabelece como políticos os próprios termos pelos quais a identidade é articulada” (BUTLER, 1990, p. 213).
- Citação em parágrafo: a citação é incluída como um parágrafo do seu texto. Nesse caso, o sobrenome do autor deve ser escrito normalmente (com a primeira letra maiúscula e as seguintes minúsculas) seguido do ano e da página de referência entre parênteses.
Exemplo: Segundo Butler: “A desconstrução da identidade não é a desconstrução da política; ao invés disso, ela estabelece como políticos os próprios termos pelos quais a identidade é articulada” (1990, p. 213).
- Citações com mais de três linhas: Caso você queira usar uma citação que ocupe mais de três linhas do texto, você precisará reduzir a fonte para o tamanho 10 e aplicar um recuo na página de 4 cm na margem esquerda. Dessa forma, o texto ficará visivelmente diferente do resto, ressaltando que toda aquela parte é uma citação de outro autor. Nesse caso, não é necessário acrescentar aspas ao texto.
Citação Indireta
Caso você decida parafrasear o autor em vez de usar exatamente as mesmas palavras usada por ele ou ela, você deve usar a citação indireta. Dessa forma, você pode usar suas próprias palavras para explicar o que foi dito pelo autor. Nessa situação, mencionar a página do livro é opcional.
Além disso, você deve seguir as recomendações da citação direta na hora de mencionar o sobrenome do autor da referência. Como pode ver nos dois exemplos abaixo:
Exemplo 1: Segundo Butler (1990, p 213), a desconstrução da identidade é o que aponta a criação de um “gênero” como político.
Exemplo 2: A desconstrução da identidade é o que aponta a criação de um “gênero” como político (BUTLER, 1990).
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