“Opúsculo Humanitário”: resumo e análise da obra de Nísia Floresta
Tudo o que você precisa saber sobre a obra desta feminista pioneira que está na lista de leituras obrigatórios do vestibular da USP

“Opúsculo Humanitário“, de Nísia Floresta, foi uma das obras incluídas na lista de obras de leitura obrigatória da Fuvest 2026 – que conta apenas com mulheres como autoras. Isso, por si só, já é motivo para colocar a leitura do livro na rotina, mas a obra vai além e gera reflexões para a formação como cidadão, abordando a condição da mulher no Brasil do século 19 e o papel crucial da educação na luta por igualdade de direitos.
Publicado em 1853, “Opúsculo Humanitário” é um marco na literatura feminista brasileira. Escrito por Nísia Floresta, uma das pioneiras do movimento, a obra é composta por 62 ensaios que discutem a opressão feminina e propõem a educação como caminho para a emancipação das mulheres.
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Apesar de Nísia ser frequentemente referida como “a primeira feminista do Brasil” é importante localizá-la no tempo. Como uma mulher do século 19, ela defendia valores estranhos ao movimento nos dias de hoje, como a importância do casamento. Tudo isso, no entanto, não minimiza sua contribuição e luta por uma sociedade mais igualitária – seja para mulheres, pessoas negras ou povos originários.
Abaixo, conheça melhor o livro e as temáticas defendidas por Nísia Floresta.
A estrutura de “Opúsculo humanitário”
A obra reúne uma série de 62 ensaios escritos por Nísia, que, em grande parte, já haviam sido publicados anteriormente em periódicos como o Diário do Rio de Janeiro e O Liberal. A obra tem como principal foco a condição das mulheres na sociedade brasileira e a importância da educação para superar as desigualdades sociais que as limitavam.
Nísia critica a educação restrita e voltada para o trabalho doméstico, propondo uma reformulação do sistema educacional que permitisse que as mulheres assumissem papéis mais ativos na sociedade. Ela argumenta que a educação não apenas desenvolve o intelecto delas, mas é a chave para o seu fortalecimento como cidadãs, profissionais e, principalmente, como agentes transformadores da sociedade.
Para convencer o leitor deste ponto de vista, Nísia organiza os ensaios a partir de uma linha de raciocínio que resgata o papel da mulher em diferentes sociedades ao longo da história. Discute, por exemplo, a política na Grécia Antiga e o protagonismo masculino. Também aborda questões morais que remontam há séculos passados e que contribuíram para a visão das mulheres como inferiores.
Conforme o livro avança, explora como outros países a exemplo da Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos tratavam a temática da educação para mulheres.
Considerando que a Fuvest nunca cobrou antes um livro de ensaios, vale a pena o estudante atentar-se ao formato. Embora os artigos sejam independentes entre si, eles constroem, aos poucos, um quadro – e, ao fim, devem convencer o leitor a apoiar a tese da autora. Ou seja, você pode imaginar “Opúsculo Humanitário” como uma grande dissertação.
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Os temas de “Opúsculo humanitário”
A igualdade de gênero
Ao longo de seus textos, Nísia defende que a igualdade de gênero não pode ser alcançada sem a educação plena das mulheres, argumentando que seu papel na sociedade seria transformado a partir da superação das limitações impostas pelo ensino restrito. Em um contexto histórico em que as mulheres eram marginalizadas, o livro se destaca como uma espécie de cobrança por mais liberdade e direitos, refletindo o pensamento progressista da autora.
Para Nísia, a educação é ponto de partida para que as mulheres possam alcançar igualdade de oportunidades, especialmente em relação à participação ativa nas questões públicas e sociais.
Para ela, a condição inferior das mulheres não era algo natural, mas uma construção social que poderia ser desfeita por meio da educação e da conscientização.
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Ampla justiça social
Embora o foco seja a educação feminina, Nísia também se posiciona como uma defensora de uma visão mais ampla de justiça social. Em seus textos, ela aborda a situação dos negros e dos povos indígenas, sendo uma das primeiras intelectuais a denunciar as injustiças sociais e raciais do Brasil.
Sua luta pela igualdade de direitos e pelo fim da opressão se estendia a todas as camadas marginalizadas da sociedade.
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A atualidade de “Opúsculo Humanitário”
A obra continua a ser um marco importante na literatura brasileira e um texto fundamental para a compreensão da história do feminismo no Brasil. A recente inclusão de “Opúsculo Humanitário” na lista de leituras obrigatórias da Fuvest demonstra o reconhecimento crescente da importância dessa obra na formação de uma consciência crítica sobre as questões de gênero e direitos humanos.
Em 2019, o Senado Federal lançou uma nova edição da obra, parte da Coleção Escritoras do Brasil, com correções ortográficas e notas explicativas, mantendo o conteúdo original.
Em 2024, uma nova edição revista e ampliada foi lançada, garantindo ainda mais acesso à obra para estudantes e leitores em geral.
Quem foi Nísia Floresta? Vida e legado
Nísia Floresta Brasileira Augusta (pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto) nasceu no Rio Grande do Norte em 1810 e faleceu em 1885, na França. Foi educadora, escritora, poetisa e militante feminista. Escreveu em diferentes gêneros como poesia, ensaio e relato. Aos 28 anos, fundou no Rio de Janeiro um colégio para meninas com propostas pedagógicas inovadoras para a época, oferecendo uma educação similar à dos meninos, o que era revolucionário para o contexto social do século 19.
Ela foi uma das primeiras mulheres a romper os limites da sociedade patriarcal, não apenas ao dirigir instituições educacionais, mas também ao escrever e publicar em jornais da época, sendo uma das primeiras mulheres a se destacar no cenário intelectual brasileiro. Nísia também foi uma defensora das causas abolicionistas e republicanas, tornando-se uma figura crucial para o movimento feminista e pela igualdade social.
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