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Por que George Orwell criticou a Revolução Russa, mesmo ele sendo socialista?

O escritor questiona a distorção de princípios de igualdade em nome do poder

Por Patrícia Giuffrida
12 jul 2025, 15h00
george orwell e revolução russa
 (Canva/Wikimedia Commons)
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O escritor inglês George Orwell se dizia socialista, mas fez críticas à Revolução Russa, de 1917, em seu livro “A Revolução dos Bichos”, de 1945 – obra que está na lista dos 100 melhores livros do século, segundo a Modern Library List.

Isso parece antagônico? Na verdade, Orwell não era contra o socialismo em si — muito pelo contrário. Ele acreditava nos princípios de igualdade propostos por Karl Marx. “Ele faz parte de uma linha de intelectuais europeus que acreditavam no socialismo como uma utopia democrática igualitária; em um governo proletário, com sindicatos, assembleias e representantes populares no poder”, explicou Eduardo Duique, professor de História do Anglo, nesta outra entrevista ao GUIA DO ESTUDANTE.

A decepção de Orwell surgiu quando a Revolução Russa, que prometia acabar com a exploração, acabou dando lugar a um regime autoritário. “O livro ‘A Revolução dos Bichos’ é uma crítica ao socialismo do tipo bolchevique, soviético, que desembocou no totalitarismo”, afirma Duique. Na história, há uma fazenda onde os porcos assumem o poder, prometendo liberdade, mas logo se tornam tão opressores quanto o antigo fazendeiro humano.

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Personagens viram metáforas

Cada personagem do livro de Orwell é apresentado de forma alegórica: o Major representa o idealismo de Marx ou Lênin; Bola de Neve lembra Trótsky, o revolucionário que acaba perseguido; Napoleão é Stálin, o ditador implacável que trai os ideais da revolução e instaura o regime autoritário, e Bocão é o propagandista, aquele que manipula a verdade para manter o controle.

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A frase do livro que mais simboliza toda essa “distorção” é: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros.” Para Duique, a história mostra que o ciclo que se repete: “O fim do livro representa o eterno retorno, com a fazenda voltando a ser o que era no começo – administrada pelos homens.” A revolução, que começou com esperança, termina como mais uma forma de opressão.

Ainda hoje, a fábula de Orwell segue atual justamente por carregar tantas camadas de interpretação. “Uma fábula é polissêmica, ela tem muitos significados”, explica Duique. Para ele, a obra vai muito além de uma crítica ao socialismo soviético: fala de qualquer forma de regime autoritário, da exploração do trabalho, das desigualdades sociais e da manipulação do poder.

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