Por que o gelo não afunda no copo de bebida? Fenômeno é mais importante do que parece
O truque molecular que mantém cubinhos boiando é o mesmo que protege ecossistemas inteiros e ajuda a regular o clima do planeta

Você já reparou que, mesmo em um dia muito quente, os cubinhos de gelo que colocamos em uma bebida não afundam no copo? Se sim, você veio ao lugar certo. E se não… também! Afinal, é o tipo de curiosidade que dá para usar em uma questão do vestibular — ou simplesmente impressionar o pessoal na mesa do jantar.
De um jeito bem resumido, o gelo não afunda porque a água é uma das poucas substâncias cujo estado sólido é menos denso que o líquido. A explicação para isso está nas suas próprias moléculas — que, vale lembrar, é formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, o famoso H₂O. Você talvez lembre também das aulas de Química sobre os três estados da água em que o professor explicava que, quando líquidas, as moléculas de H2O ficam inquietas, se “mexendo” e se “encaixando” de formas diferentes. Pois bem, a explicação passar por isso.
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Quando a temperatura vai caindo e a água começa a congelar — a partir de 0º C —, essas moléculas deixam de se movimentar e passam a se organizar em uma estrutura fixa, cheia de espaços vazios, formando uma espécie de “gaiola” hexagonal. Isso acontece por causa das pontes de hidrogênio, que mantêm as moléculas ligadas, mas afastadas entre si, ocupando mais espaço ao mesmo tempo em que conserva zonas vazias.

Esse tipo de arranjo faz, então, com que a densidade da molécula seja reduzida para cerca de 0,92 g/cm³. A água líquida, por sua vez, tem uma densidade próxima de 1,00 g/cm³. Acontece aí o fenômeno: o gelo passa a boiar na superfície do copo — como se a água líquida fosse mais “pesada” que a água sólida.
Mas e para outros líquidos, isso também vale? Em bebidas com alto teor alcoólico, como uísque puro, o gelo costuma afundar. Isso porque a densidade do álcool é menor que a da água em estado sólido, e aí os cubinhos perdem a disputa e vão para o fundo do copo.
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Equilíbrio natural
É claro que a importância de tudo isso vai muito além de manter uma bebida gelada. Se o gelo afundasse, lagos e rios, por exemplo, começariam a congelar de baixo para cima. No inverno, a cada dia que passasse, a camada de gelo no fundo ficaria mais espessa, até que toda a coluna de água virasse um grande bloco sólido. A vida aquática simplesmente não teria como resistir nesse cenário.
Felizmente, o que ocorre é justamente o oposto. O gelo se forma na superfície e, como é mais leve, fica lá, criando uma espécie de “tampa” natural. A camada funciona como um cobertor, isolando a água embaixo e mantendo a temperatura estável o suficiente para que peixes, plantas e micro-organismos sigam vivos até a primavera.
Além disso, essa propriedade da água também influencia correntes marítimas e o clima global. Grandes massas de gelo no mar ajudam a refletir parte da luz solar, regulando a temperatura do planeta. Por isso, também a importância de evitar os derretimentos das geleiras.
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