Por que trememos quando sentimos frio? A biologia explica
Tremores, arrepios e contrações: descubra o que o corpo faz para se proteger do frio

É só o frio apertar que seu corpo reage quase sem pedir permissão: os pelos se arrepiam, a pele encolhe e você começa a tremer. Nos dias de temperaturas mais baixas do inverno, parece que basta sair desagasalhado para essa “dança involuntária” começar. Mas o que faz nosso corpo entrar nesse modo “vibratório” automático toda vez que enfrentamos uma situação de muito frio? De onde vem esse reflexo?
A resposta começa no próprio núcleo do nosso cérebro, mais precisamente no hipotálamo. Este minúsculo “termômetro” interno monitora, o tempo todo, nossa temperatura corporal, sempre buscando aquela média confortável, em torno dos 36 ou 37 °C. Quando a pele percebe uma queda brusca de temperatura — seja porque saímos ao ar livre em um dia frio, seja em um mergulho em água gelada —, sensores na pele rapidamente enviam sinais de alerta ao hipotálamo.
É aí que o espetáculo começa. O cérebro, exercendo seu papel de maestro, dispara ordens para os músculos esqueléticos de todo o corpo. Eles, então, alternam rapidamente entre contração e relaxamento, contração e relaxamento… E é esse movimento constante que chamamos de tremer. Nada mais é do que uma estratégia para gerar calor, usando a própria energia muscular para aquecer o corpo por dentro.
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De onde vem essa capacidade?
Embora parece algo corriqueiro – ou, em algumas situações, até incômodo – o ato do nosso corpo tremer é uma tremenda herança evolutiva. Uma forma que o próprio organismo desenvolveu para superar temperaturas mais frias. E não é exclusividade nossa! Outros mamíferos, e até algumas aves, usam o mesmo recurso.
Para todos nós, manter a temperatura corporal estável é um dos requisitos básicos para que o restante funcione corretamente. Um corpo muito frio pode comprometer órgãos e reações químicas essenciais. É uma habilidade tão bem lapidada que quando nosso termostato natural “detecta” a aproximação de uma queda de temperatura, ele aciona o tremor antes mesmo de criarmos consciência do perigo.
Para além de começar a tremer, nosso corpo pode também adotar outras medidas para evitar a perda excessiva de calor. As principais são a redução do suor, a contração dos vasos sanguíneos sob a pele (diminuindo a perda de calor para o ambiente) e os arrepio dos pelos — uma forma de criar uma “camada” de isolamento.
Só tremer basta?
Claro que só tremer não basta para a temperatura do corpo subir novamente. É uma reposta de curto prazo, que sozinha não é suficiente para garantir a manutenção por longos períodos de frio ou em situações de frio intenso. Em pouco tempo, nossos músculos se esgotam e a produção de calor se torna ineficaz.
Assim, não tem muito segredo: em uma situação de frio mais forte, o mais seguro é tentar criar um isolamento térmico — seja entrando em algum lugar fechado, se aproximando de uma fonte de calor, ou vestindo camadas extras de roupas. Nossos ancestrais já sabiam disso e vestiam peles de animais como forma de proteção, além de se abrigar em cavernas ou manter-se próximos a fogueiras.
Estudos recentes sugerem ainda que os primeiros neandertais passavam longos períodos em repouso profundo — algo parecido com a hibernação dos animais — para sobreviver aos invernos rigorosos, desacelerando o metabolismo e economizando energia.
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E tremer de medo?
Mas e tremer de medo ou de nervoso? Embora a gente associe imediatamente o tremor à sensação de frio, esse mecanismo não está restrito apenas aos dias gelados. O corpo humano pode tremer em situações de intenso estresse emocional, medo ou ansiedade.
Quando algo nos assusta, ou vivenciamos um momento de grande tensão — como antes de uma apresentação em público, ao receber uma má notícia ou diante de um perigo repentino —, o organismo libera uma enxurrada de adrenalina. Essa substância prepara o corpo para reagir rapidamente, acelerando o coração e deixando os músculos em alerta máximo. É comum, nessas horas, então, sentirmos as mãos tremerem e as pernas ficarem bambas.
Podemos tremer também após um esforço físico extremo, em quadros de hipoglicemia (quando o nível de açúcar no sangue cai muito) ou em resposta a determinados medicamentos e condições neurológicas.
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