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Quarto de Despejo: resumo da obra de Carolina Maria de Jesus

Obra que já apareceu em vestibulares como a Unicamp e no Enem trata de temas como a fome e o trabalho análogo à escravidão

Por Karolina Monte
Atualizado em 29 jun 2023, 18h47 - Publicado em 29 jun 2023, 18h41
Fotografia do Fundo Correio da Manhã, sob a guarda do Arquivo Nacional.
Carolina Maria de Jesus, considerada uma das maiores escritoras do país. (Correio da Manhã/Arquivo Nacional/Wikimedia Commons)
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Com uma trajetória literária marcada por altos e baixos em vida, a escritora Carolina Maria de Jesus voltou a ser lida, celebrada e reconhecida nos últimos anos. Um dos indícios disso é que seu livro mais famoso, Quarto de Despejo, chegou a fazer parte da lista de obras obrigatórias de diversos vestibulares, como a Unicamp (Universidade de Campinas), a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e chegou a aparecer até mesmo em questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

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Considerando a relevância da obra – nos vestibulares e para a vida – o GUIA DO ESTUDANTE conversou com Beatriz Linhares, professora de Literatura do Centro de Excelência Master, parceiro do SAS Plataforma de Educação, e elencou as principais características de “Quarto de Despejo – Diário de uma favelada“. Confira abaixo!

Contexto histórico do livro

O livro “Quarto de Despejo” de Carolina Maria de Jesus foi publicado em 1960 e contém uma seleção de escritos dos diários de Carolina entre os anos de 1955 e 1960. O mundo passava por muitas inovações tecnológicas e culturais na época, junto a revoluções que ecoavam em todo o mundo.

No Brasil, o lema “50 anos em 5”, do presidente Juscelino Kubitschek, o JK, aparecia como a promessa de um rápido desenvolvimento econômico. Porém, enquanto este era o lema nas grandes cidades desenvolvimentistas, Carolina expôs o cotidiano de uma catadora de lixo da favela do Canindé, periferia da cidade de São Paulo, que lutava para alimentar seus filhos:

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Comecei sentir fome. E quem está com fome não dorme. Quando Jesus disse para as mulheres de Jerusalem: — “Não Chores por mim. Chorae por vós” — suas palavras profetisava o inverno do Senhor Juscelino. Penado de agruras para o povo brasileiro. Penado que o pobre há de comer o que encontrar no lixo ou então dormir com fome. Você já viu um cão quando quer segurar a cauda com a boca e fica rodando sem pegá-la?

E igual o governo do Juscelino!

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Resumo de Quarto de Despejo

A obra é um compilado de diários, escritos durante cinco anos, de uma catadora de lixo que vive na comunidade do Canindé, zona norte de São Paulo, com seus três filhos. Por ser uma escrita extremamente pessoal, não só observamos as suas dificuldades para contornar a fome e a falta de dinheiro, mas também seus pensamentos em torno de pautas políticas, sociais e relativas à própria escrita. O foco narrativo, portanto, é em primeira pessoa, com marcadores temporais em cada começo de narração, como a data e o mês em que o trecho foi escritos.

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+ As origens da fome no Brasil e por que ela voltou a crescer

Os resultados do descaso estatal sofridos por uma mãe solteira e sua diária tentativa de sobrevivência é o grande mote do livro. Pela contemporaneidade do conteúdo, e por se tratar de um gênero diferente dos que se enquadram nas escolas literárias comumente estudadas, “Quarto de Despejo” não pertence a uma escola literária específica – embora exista ligação com os textos da época chamados “marginais”, isto é, à margem da sociedade, da “alta literatura”.

Atualmente, o livro de Carolina também poderia se enquadrar a um outro movimento que vem crescendo na literatura brasileira: a autoficção. Mas como a própria autora diz em seus livros, sua literatura é desejo de falar sobre todas as coisas ruins para “ver se alguém toma alguma providência”.

Em resumo, o livro pertence à vasta Literatura Contemporânea.

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Principais características da obra

Por ter sido escrito a partir de diários da autora, a estilística do gênero apresenta uma linguagem coloquial, isto é, mais informal, com marcas discursivas e dialetos da própria escritora, com marcas textuais que sinalizam o momento histórico, econômico e social do governo do país, mas também de sua periferia.

A escrita de Carolina, por vezes, encaminha-se para um viés poético, principalmente na criação de analogias para que o leitor entenda dores e sensibilidades específicas vivenciadas por ela.

Uma característica da escrita de Carolina que fez  sucesso na época de publicação da obra, mas que hoje é alvo de debate, são os erros gramaticais. A linguagem acompanha o grau de escolaridade da autora, e por isso distancia-se da gramática normativa – o que, para os defensores dessa marca, é um grande referencial à existência social de Carolina.

Os principais assuntos abordados em “Quarto de Despejo” são a fome, os trabalhos em condições análogas à escravidão, a dependência química, o voto de cabresto, as situações cotidianas na periferia do Brasil. Ao mesmo tempo, Carolina expressa a tentativa de viver diante de todas essas condições.

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A religiosidade é um dos pilares da crença por dias melhores. No caso de Carolina, a literatura também se mostra como tal, sendo um tópico importante no livro, já que escreve seus diários com a certeza que o farão ascender economicamente e mudar de vida.

“…As oito e meia da noite eu já estava na favela respirando o odor dos excrementos que mescla com o barro podre. Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludos, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo.”

Sobre a autora: quem é Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914, na cidade de Sacramento (MG). Filha de pais analfabetos, aos sete anos de idade foi obrigada pela mãe a frequentar a escola, tendo seus estudos bancados pela esposa de um rico fazendeiro. Porém, depois de aprender a ler e escrever, abandonou os estudos.

Em 1937, depois da morte de sua mãe, migrou para a cidade de São Paulo. Conseguiu emprego na casa de um conhecido médico brasileiro, e tinha acesso aos livros da biblioteca.

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Em 1947, aos 33 anos e grávida e desempregada, se muda para a favela do Canindé, na zona norte de São Paulo. Carolina construiu sua própria casa, a partir de latas, madeiras e papelão.

Durante 1955 e 1960 escreveu os diários compilados em “Quarto de Despejo: diário de uma favelada”, sua obra prima. Atualmente, é considerada uma das maiores escritoras do país.

Apesar de ter seu livro publicado ainda em vida, Carolina morreu pobre e sem suporte. Faleceu aos 72 anos de idade, em 13 de fevereiro de 1977, no bairro de Parelheiros, zona sul de São Paulo.

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