Assine Guia do Estudante ENEM por 15,90/mês
Continua após publicidade

Quem são os 18 brasileiros homenageados no teto do Museu do Ipiranga

O museu, construído em celebração à Independência do Brasil, escolheu contar uma visão específica dos fatos

Por Luccas Diaz
Atualizado em 7 set 2024, 10h12 - Publicado em 7 set 2024, 10h00
Visão superior da escadaria do Museu do Ipiranga
Na sanca que circunda a claraboia da escadaria principal do museu há 18 retratos de figuras relevantes no processo de independência do país. Quem são eles?  (Luccas Diaz/Guia do Estudante)
Continua após publicidade

O Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, é um marco nacional. Construído entre 1885 e 1890, foi desde sempre projetado para ser um monumento que celebrasse a Independência do Brasil. Afinal, foi ali, às margens do rio Ipiranga, que D. Pedro I decretou que o Brasil não seria mais uma colônia de Portugal. A construção impressiona pela beleza e também pelo acervo – para onde você vai, encontra quadros, esculturas e itens arqueológicos que recontam a história do país.

Entre essas peças, no teto da escadaria principal, há 18 pinturas que circundam a claraboia do salão em uma sanca. Nelas, estão retratados 18 brasileiros que deixaram seu legado na luta pela independência do país. Mas quem são eles?

+ No bicentenário da Independência, Museu do Ipiranga reabre em São Paulo

Teto da escadaria do Museu do Ipiranga abriga retratos de 18 brasileiros importantes no processo de independência do país
(Wikimedia Commons/Reprodução)

Antes de solucionar esse mistério, porém, vale dar um passo para trás. Parte das obras que estão presentes no museu hoje nem sempre estiveram ali – incluindo os 18 retratos. Antes da reforma de 2022, que precedeu o bicentenário da independência, houve outra grande reforma no museu, em 1922, em razão do centenário do mesmo evento. Na época, o mote da reforma foi intensificar o caráter histórico do museu, realçando também o papel de São Paulo no processo de desenvolvimento do país.

Uma nova decoração interna foi projetada para o centenário, com reformas e ampliação de acervos nos principais ambientes do museu, como o saguão, a escadaria e o salão nobre. Ao cargo desta mudança, esteve o então diretor da instituição, Afonso Taunay (1876-1958). O historiador tinha uma visão clara para o museu: engrandecer os ícones nacionais e contar positivamente a história brasileira a partir de um ponto de vista heroico, nobre e pacífico.

+ Independência ou Morte: a história por trás da pintura de Pedro Américo

É por este motivo que, por exemplo, na escultura de bronze de D. Pedro I que fica no centro da escadaria, o monarca usa uma farda de honra e porta um sabre embainhado – considerada uma arma branca. O mesmo direcionamento também pode ser visto no retrato de Tiradentes (também na escadaria). O mártir foi representado envolto em cordas: um aceno à maneira que foi morto (enforcado e depois esquartejado), sem apelar, porém, à violência envolvida.

Paralelamente, a outra missão dada a Taunay foi a de exaltar a participação dos paulistas na história do país – sobretudo, através dos chamados bandeirantes. Há dezenas de obras que remetem a essas figuras. Nessa narrativa proposta, esses “desbravadores paulistas” representam alegoricamente a própria ampliação do território brasileiro. Ao longo das três parede que cercam a escadaria principal, há seis esculturas de bandeirantes espalhadas, como se estivessem “de guarda” pela terra de D. Pedro (no centro).

Continua após a publicidade
Visão superior da escadaria principal do Museu do Ipiranga
Escultura de D. Pedro I no centro; dois dos seis bandeirantes nas extremidades ao seu lado; e, acima, na sanca antes da claraboia, parte dos dezoito retratos (Heloisa Bortz/Museu do Ipiranga/Divulgação)

Todo este contexto é necessário para compreendermos melhor as intenções por parte da seleção e curadoria dos tais ícones da independência estampados no teto. Em discussões mais atuais, já se sabe que a população teve um papel central no processo da separação de Portugal. Ainda que D. Pedro I leve todo o crédito, dezenas de outras figuras foram relevantes no processo. Por não serem da realeza – ou mais especificamente por serem escravizados, mulheres ou indígenas –, ficaram de fora dos livros de História.

+ 7 de setembro: descubra o verdadeiro grito de Dom Pedro I às margens do Ipiranga

Os 18 retratos encomendados por Taunay aos artistas Domenico Failutti (1872-1923) e Oscar Pereira da Silva (1867-1939), portanto, são a visão do direito – e da época – perante o processo de independência do país. Mas, sobretudo, são reflexo da narrativa que o Museu Paulista desejava transmitir. Conheça abaixo quem são eles (em ordem aleatória).

Os 18 homenageados no teto do Museu do Ipiranga

1. Cipriano Barata

Cipriano José Barata de Almeida (1762-1838) foi um dos mais importantes e radicais pensadores políticos do Brasil colonial e início do Império. Foi ativista da Conjuração Baiana, defendendo a abolição da escravidão, a república e a igualdade social. Apesar da repressão às ideias liberais, suas ideias continuaram a circular e inspiraram outras gerações. Era um crítico ferrenho da monarquia e defendia um sistema republicano de governo.

2. José da Silva Lisboa

José da Silva Lisboa (1756-1835) foi um economista, político e escritor brasileiro, também conhecido como Visconde de Cairu. Desempenhou um papel crucial na promoção das ideias liberais e na abertura dos portos brasileiros às nações amigas em 1808, um passo importante para a independência econômica do Brasil.

3. Joana Angélica de Jesus

Joana Angélica de Jesus (1761-1822) é a única mulher entre os homenageados. Em 19 de fevereiro de 1822, soldados portugueses, em uma tentativa de reprimir os movimentos independentistas na Bahia, invadiram o convento onde Joana Angélica vivia. A abadessa se interpôs entre os soldados e as religiosas, tentando impedir a invasão. Foi atingida por uma baioneta e morreu defendendo o convento. Seu assassianto a tornou um símbolo da luta pela independência brasileira.

Continua após a publicidade

4. Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque

Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque (1788-1848), o coronel Coutinho, foi um líder político e militar baiano que desempenhou um papel fundamental na luta pela independência do Brasil. Foi um dos principais heróis da Guerra da Independência na Bahia, sendo o primeiro a se rebelar militarmente contra a ditadura do português Madeira de Melo. Sua ação foi fundamental para mobilizar outros grupos e fortalecer o movimento separatista na região.

5. Marquês de Queluz

João Severiano Maciel da Costa, o Marquês de Queluz (1769-1833), foi um político e administrador colonial brasileiro. Como ministro da Fazenda e da Guerra no governo de D. Pedro I, teve um papel importante na estruturação do Estado brasileiro após a independência, ajudando a consolidar o poder central do novo império.

6. Estêvão Ribeiro de Resende

Estêvão Ribeiro de Resende (1777–1856) ocupou diversos cargos importantes, incluindo o de presidente da Província de Mato Grosso e Ministro da Justiça do Império. Foi agraciado com o título de Marquês de Valença por Dom Pedro I, em reconhecimento aos seus serviços ao Império, sendo um dos primeiros a receber este tipo de nobreza no Brasil. Sua atuação política foi marcada por uma forte defesa da monarquia e da consolidação do poder imperial​.

7. Antônio Pereira Rebouças

Antônio Pereira Rebouças (1798-1877) foi um intelectual e político baiano. Filho de uma escravizada liberta, conseguiu ascender socialmente e desempenhar um papel relevante na vida política do país. Após a independência, tornou-se defensor ferrenho da Constituição e dos direitos civis, especialmente para a população negra, se tornando um dos primeiros abolicionistas do país.

8. Senador Vergueiro

Nicolau Pereira de Campos Vergueiro (1778-1859) foi um fazendeiro de café e político luso-brasileiro. Foi o responsável por trazer os primeiros imigrantes europeus para trabalharem nas fazendas de café, movimento que contribuiu para a modernização da agricultura do período. Esse sistema de parceria foi uma alternativa à escravidão, permitindo que os imigrantes tivessem a oportunidade de ascender socialmente e se tornarem proprietários de terras – pelo menos, em teoria. Foi também Ministro da Justiça durante o Segundo Reinado.

Continua após a publicidade

9. Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta

Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta (1772-1842), o Marquês de Barbacena, foi um diplomata e político. Foi responsável por negociar o reconhecimento da independência do Brasil por Portugal e posteriormente liderou missões diplomáticas importantes que asseguraram o apoio de outras nações à causa brasileira.

+ Independência da Bahia: tudo o que você precisa saber

10. Mariano José Pereira da Fonseca

Mariano José Pereira da Fonseca (1773-1848), conhecido como Marquês de Maricá, foi um político, economista e pensador brasileiro. Foi conselheiro de Dom Pedro I durante o processo de independência do Brasil, contribuindo para a consolidação da nova nação.

11. Lord Cochrane

Britânico, Thomas Cochrane (1775-1860), o Lord Cochrane, foi contratado por Dom Pedro I em 1823 para comandar a Marinha Imperial e ajudar a consolidar a independência do país. Sua atuação foi fundamental para a vitória brasileira na Guerra da Cisplatina, conflito que envolveu o Brasil e o Império Português pela posse da província do Uruguai. Apesar de seus serviços, foi um personagem controverso, conhecido por sua personalidade arrogante e por suas ações muitas vezes questionáveis.

12. Hipólito da Costa

Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (1774-1823) foi um jornalista, maçom e diplomata brasileiro, considerado o patriarca do jornalismo brasileiro. Seu maior feito foi a criação do Correio Braziliense, o primeiro jornal brasileiro a defender abertamente a independência do país e a propagar ideias liberais e iluministas.

13. Francisco de Paula Sousa e Melo

Francisco de Paula Sousa e Melo (1791-1854) foi um político brasileiro de grande relevância, especialmente no período pós-Independência. Foi senador por São Paulo, primeiro-ministro do Brasil e ministro da Fazenda. Uma de suas principais contribuições foi a lei que instituiu o parlamentarismo no Brasil, em 1847. Essa medida visava fortalecer o poder legislativo e limitar o poder do imperador.

Continua após a publicidade

14. Lino Coutinho

José Lino dos Santos Coutinho (1784-1836) destacou-se como médico, poeta e político. Foi o responsável pela criação da Faculdade de Medicina da Bahia, em 1832, e pela formação de uma biblioteca com um dos acervos mais ricos do país na época. Eleito deputado pela Província da Bahia para as Cortes de Lisboa (1821-1822), participou ativamente dos debates sobre a independência do Brasil. Posteriormente, foi presidente da província do Rio de Janeiro e contribuiu para a organização da recém-proclamada nação.

15. José Joaquim de Lima e Silva

José Joaquim de Lima e Silva (1787-1855) foi uma figura importante na formação do Brasil como nação independente. Na Guerra da Independência, teve um papel de destaque comandando tropas e participando de diversas batalhas. Após a independência, dedicou-se à organização e profissionalização do Exército Brasileiro, estabelecendo as bases para uma força armada forte. Em 1823, foi nomeado presidente da província da Bahia.

16. Pedro Labatut

Pierre Labatut (1776-1849), o Pedro Labatut, foi um militar francês que teve um papel relevante na consolidação da independência do Brasil. Reuniu e treinou um exército composto por brasileiros e estrangeiros, formando o chamado “Exército Pacificador”. Sob o seu comando, enfrentou diversas batalhas contra as forças portuguesas, culminando na vitória brasileira e na libertação da Bahia julho de 1823.

17. Francisco de Santa Teresa Jesus Sampaio

Francisco de Santa Teresa Jesus Sampaio (1778-1830) foi uma figura proeminente no Brasil do século 19, destacando-se como um intelectual religioso com profundo conhecimento em história, filosofia, teologia e política. Essa versatilidade o tornou uma figura influente nos debates intelectuais da época. Sua proximidade com a Corte o fez um nome influenciador na política.

18. Joaquim Xavier Curado

Joaquim Xavier Curado (1746-1830) foi um dos principais militares brasileiros do período colonial e início do Império, sendo um dos nomes mais apontados na história da defesa do território nacional e na construção da identidade militar brasileira.

Busca de Cursos

Continua após a publicidade

Entre no canal do GUIA no WhatsApp e receba conteúdos de estudo, redação e atualidades no seu celular!

Compartilhe essa matéria via:

Prepare-se para o Enem sem sair de casa. Assine o Curso GUIA DO ESTUDANTE ENEM e tenha acesso a todas as provas do Enem para fazer online e mais de 180 videoaulas com professores do Poliedro, recordista de aprovação nas universidades mais concorridas do país.

Publicidade

Quem são os 18 brasileiros homenageados no teto do Museu do Ipiranga
Estudo
Quem são os 18 brasileiros homenageados no teto do Museu do Ipiranga
O museu, construído em celebração à Independência do Brasil, escolheu contar uma visão específica dos fatos

Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se você já é assinante faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

MELHOR
OFERTA

Plano Anual
Plano Anual

Acesso ilimitado a todo conteúdo exclusivo do site

a partir de R$ 15,90/mês

Plano Mensal
Plano Mensal

R$ 19,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.