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Independência ou Morte: a história por trás da pintura de Pedro Américo

O pintor estava ciente de que estava forjando uma leitura sobre a independência; veja como 3 vestibulares abordaram a questão

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 17 jan 2023, 19h08 - Publicado em 15 set 2022, 13h36
Quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo (1888)
 (Wikimedia Commons/Reprodução)
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Seja em um livro didático ou em uma prova de vestibular, você provavelmente já esbarrou com o famoso quadro “Independência ou Morte!”, de Pedro Américo, durante sua rotina de estudos. Mas tem alguns fatos importantes sobre uma das mais célebres obras de arte brasileiras que muitas vezes acabam ficando de lado durante estes breve encontros.

Começando por um detalhe técnico: muita gente não sabe que o quadro – que não toma mais que poucos centímetros na página de um livro – na verdade tem dimensões assombrosas.  Produzido entre 1886 e 1889 em Florença, na Itália, por um dos mais proeminentes pintores brasileiros da época, esta obra mede nada menos que 4,15 por 7,60 metros. Hoje, está abrigada no Museu do Ipiranga, em São Paulo.

O quadro Independência ou Morte, do artista Pedro Américo, que ocupa o Salão Nobre do Museu do Ipiranga.
(Karolina Monte/Arquivo pessoal)

Mas a história por trás da pintura de Pedro Américo guarda muitas outros fatos pouco explorados, que no aniversário do bicentenário da Independência do Brasil ganham mais relevância que nunca.

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Uma história construída

Apesar de ser a maior referência do momento de declaração da Independência do Brasil, o quadro não pode ser tomado como representação fidedigna do momento em que D. Pedro I libertou o país de Portugal. Na imagem, é possível ver o primeiro imperador brasileiro vestido pomposamente e montado em um cavalo. Às margens do Ipiranga, ele ergue a espada para o alto cercado de uma grande comitiva. 

Já se sabe que o D Pedro, muito provavelmente, estava montado em uma mula, não em um cavalo. E que também não se vestia daquela maneira, considerando o tipo de viagem que empreendia. Acontece que Pedro Américo, autor da pintura, também sabia de tudo isso. Uma de suas frases célebres é justamente “A realidade inspira, mas não escraviza o pintor”. 

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Ele acreditava que, apesar de estar produzindo uma obra dentro do movimento conhecido como “pintura de história”, havia espaço para criar. Até mesmo porque este gênero artístico estava muito atrelado aos movimentos de legitimação nacionalista. Este, por fim, acabou sendo o objetivo principal de “Independência ou Morte”. 

“A independência é lembrada e usada como um instrumento de coesão social, de criação de uma identidade nacional. Com ela vieram os heróis, com todas as aspas do mundo, Dom Pedro e Bonifácio como os grandes patriarcas da independência”, afirma o professor Jurandir Malerba, que leciona História na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e publicou recentemente o Almanaque do Brasil nos Tempos da Independência.

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Encomendada pelo governo paulista para ser exibida no Monumento do Ipiranga, construído entre 1885 e 1890, a obra buscava celebrar a memória da monarquia e da fundação do Brasil – além de exaltar o solo paulista, onde D Pedro teria tornado o país independente. 

A narrativa que o governo paulista queria consolidar era, na verdade, partilhada com muitos historiadores e intelectuais da época, como explica Malerba. “É uma narrativa que diz que a independência do Brasil é mérito dos portugueses da casa de Bragança. A ideia de civilização do século 19 era ligada a branquitude e ao governo monárquico, então a narrativa criada aqui foi que, mesmo com os negros e os indígenas, eles conseguiram trazer a civilização tal qual a europeia para o Brasil. Ao longo dos anos, estudos e pesquisas conseguiram destruir essa ideia. Mas a concepção de que a construção do Brasil foi feita a partir das classes dominantes ainda hoje é reproduzida.”

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O quadro “Independência ou Morte” nas provas

É justamente essa construção política da obra de Pedro Américo que pode ser explorada nos vestibulares. “Independência ou Morte”  foi tema de uma questão do vestibular da UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina) em 2019. A alternativa correta acerca do quadro, a letra C, afirmava que “a obra deve ser analisada considerando a intencionalidade dos sujeitos que atuaram em sua produção, assim como as características do seu tempo.

A pintura também foi tema de questões da Fuvest e Unicamp 2023.

Confira abaixo como “Independência ou Morte” apareceu nestas provas.

UDESC 2019

vestibular udesc

Resposta: alternativa “C”

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Unicamp 2023

questão Unicamp; independência ou morte, Pedro Américo
(Comvest/Divulgação)

Resolução:

questão Unicamp; independência ou morte, Pedro Américo
(Comvest/Divulgação)

 

Fuvest 2023

Independência ou morte fuvest
(Fuvest/Divulgação)

Resolução:

Independência ou morte fuvest
(Anglo Resolve/Reprodução)
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