Unicamp: saiba tudo sobre as questões interdisciplinares da 2ª fase
O importante agora é entender como o vestibular trabalha diferentes disciplinas na mesma pergunta e se preparar de forma estratégica
A segunda fase da Unicamp 2024 se aproxima! No primeiro dia, os candidatos deverão resolver seis questões de Português, duas interdisciplinares de Inglês, duas interdisciplinares de Ciências da Natureza e escrever uma redação. Já no segundo dia, todos enfrentam de quatro a seis questões de Matemática, duas interdisciplinares de Ciências Humanas e uma prova de conhecimentos específicos que varia de acordo com a carreira escolhida.
O vestibular da Unicamp é considerado inovador e atual por especialistas. Isso porque, além de apresentar questões que conversam com o cotidiano do estudante, o exame explora o repertório dos candidatos na redação com gêneros textuais que vão além do texto dissertativo argumentativo, tão comum no Enem, e por cobrar questões interdisciplinares.
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Nesse tipo de questão, o examinador cobra um determinado conteúdo pela ótica de diferentes disciplinas. “O objetivo da banca é selecionar candidatos que tenham um conhecimento bastante plural das mais diversas áreas do conhecimento e do mundo. Em outras palavras, para Unicamp é importante que o estudante conheça um pouco de cada matéria, além de conhecer de forma mais profunda as disciplinas da sua prova prioritária”, explica Alfredo Terra Neto, professor e orientador educacional da Oficina do Estudante de Campinas (SP).
A lógica por trás dessa exigência, segundo o professor, é que esse perfil de aluno poderia contribuir mais com a sociedade durante e após a sua graduação. Em tese, sua visão de mundo é mais abrangente e isso pode permitir a aplicação mais direta dos conhecimentos adquiridos na academia em questões cotidianas.
“A Unicamp espera selecionar um candidato que não somente reproduz o conteúdo que aprendeu, mas que consiga articular o conteúdo e ser crítico”, completa Marcio Moreia, professor de Química e coordenador de cursinhos pré-vestibular.
Como se preparar?
A primeira coisa que o aluno precisa fazer, segundo Alfredo Terra Neto, é verificar o peso das suas questões interdisciplinares de acordo com o seu curso. As questões podem ter peso 3, 2 ou 1. Vale destacar que a maioria dos cursos estabelece peso 1 para as interdisciplinares. “Se este for o seu caso, pelo fato de serem poucas questões, não vale investir muito tempo e esforço neste tipo de questão. A ideia é tentar fazer o melhor na hora da prova”, orienta.
Já se você verificar que elas têm peso 2 ou peso 3 na sua carreira, vale a pena se dedicar mais. A dica do professor é realizar questões interdisciplinares de provas anteriores, conferir o modelo de resposta esperado no próprio site da Comvest e, se necessário, refazer a questão quantas vezes for necessário.
“É o treino. É o estudante pegar a prova do ano passado, por exemplo, e fazer essas questões. Isso é fundamental. São perguntas que o estudante precisa, depois de fazer uma boa leitura, interpretar e relacionar conteúdos. Esse é o caminho que o vestibulando deve ter: ler, interpretar e relacionar com muita atenção. Ver quais são as disciplinas que estão sendo cobradas. E não pode esquecer que é preciso responder o que o examinador pede, seguindo o comando das questões”, afirma Moreira.
Outra dica do professor da Oficina do Estudante é: escreva o que você souber na hora da prova, pois mesmo não obtendo 100% de acerto, poderá garantir os pontos necessários para a aprovação.
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“Questões mais difíceis”?
O modelo brasileiro de ensino ainda é bastante fragmentado, sendo assim a maioria dos estudantes não está muito acostumada a lidar com este tipo de questão, segundo os professores.
Mas eles destacam que a quantidade de interdisciplinares na prova é pequena e que a maioria dos cursos atribui peso 1 para elas. Ou seja, para boa parte dos candidatos, as interdisciplinares não serão definitivas para a aprovação.
“Não é um bicho de sete cabeças. Um aluno preparado vai conseguir respondê-las sem problemas”, diz Moreira.
Na prática
Confira abaixo alguns exemplos de questões interdisciplinares já cobradas pela Unicamp e quais os conhecimentos necessários para resolvê-las, segundo a Oficina do Estudante:
Questão 1 do vestibular 2021 (2ª fase): Questão de Ciências Humanas
A questão avaliou a habilidade do candidato em compreender de forma crítica documentos históricos de múltiplas naturezas (textual, iconográfico e cartográfico), produzidos por diferentes atores sociais. Também envolveu a capacidade do vestibulando relacionar os documentos históricos aos seus contextos de produção. Sendo assim, a questão mistura as disciplinas de História, Arte e um pouco de Sociologia.
Questão 3 do vestibular 2021 (2ª fase): Questão de Ciências da Natureza
A questão 3, interdisciplinar, envolveu Física e Química, e tem como contexto o funcionamento de panelas de pressão. Esse artefato, usual nos lares brasileiros, também é utilizado na indústria de transformação, em formato e dimensões diferentes.
O objetivo foi verificar conhecimento em cinética, mais próxima do que se ensina na disciplina de Química, especificamente no que se refere à influência da temperatura na velocidade de processos (reações químicas).
No item b, os candidatos deveriam atribuir os processos mencionados no enunciado às respectivas curvas apresentadas no gráfico de temperatura como função do tempo. O foco foi verificar o conhecimento relativo aos processos de transferência de energia térmica e transferência de matéria, assunto muito estudado em termoquímica e termologia (presentes na Física e na Química).
Questão 4 do vestibular 2021 (2ª fase): Questão de Ciências da Natureza
O principal objetivo da questão foi verificar a capacidade do candidato em traduzir conceitos bem sedimentados na Física e na Química para um contexto presente no seu cotidiano, em uma situação tipicamente não considerada na sala de aula.
O item “a” tratou de um ponto fundamental em Química, ao indagar como a concentração de oxigênio influencia a velocidade da reação (no caso, a combustão de madeiras no incêndio florestal).
O item “b”, mais frequentemente visto na disciplina de Física, trata da velocidade com que o incêndio se propaga. Mais especificamente, esse item verificou a capacidade de leitura e interpretação de dados a partir de um gráfico.