Quatro estudantes brasileiros conquistaram medalhas na 53ª edição da Olimpíada Internacional de Química (IChO) que foi realizada no Japão na última semana de julho. A competição aconteceu de forma remota por conta da pandemia de Covid-19 e reuniu cerca de 320 alunos do ensino médio selecionados previamente em etapas nacionais. Competidores de aproximadamente 80 países participaram.
No quadro de medalhas, o Brasil ganhou uma de prata e três de bronze. O caminho enfrentado pelos membros da equipe brasileira até chegar à etapa internacional foi árduo. Além de uma rotina intensa de dedicação e estudos, tiveram que passar por disputas estaduais e também por uma final nacional na Olimpíada Brasileira de Química. Os estudantes também fizeram um curso preparatório no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQUSP) e, por fim, conseguiram a classificação como os quatro melhores colocados do país.
A estudante do 3º ano do ensino médio em Fortaleza (CE), Hana Gabriela, de 17 anos, foi uma das medalhistas de bronze. Para ela a paixão pela disciplina de química começou no fim do Ensino Fundamental II, quando se deparou com uma questão de estequiometria (cálculos da quantidade de reagentes e/ou produtos de uma reação química). “Me impressionei muito com um exercício que pedia para calcular a quantidade de moléculas de glicose presentes em duas colheres de açúcar”.
Com modéstia, Hana diz que sua rotina de estudos era simples: revezava o tempo entre os momentos de prestar atenção nas aulas durante a semana com períodos de lazer, geralmente a partir de sexta-feira à noite. “Uma coisa que aprendi na seletiva da olimpíada é que pessoas não são máquinas, por maior que seja a sua determinação você tem que ter períodos de descanso”, comenta.
Quando descobriu que havia sido uma das medalhistas, a estudante sentiu uma sensação de dever cumprido misturado com felicidade e alívio. O processo de preparação de Hana até a etapa internacional levou cerca de dois anos e meio. “Não me vejo nessa posição sem reconhecer o apoio que recebi dos meus pais e professores. Finalmente atingi o meu sonho”, afirma.
A Olimpíada Internacional de Química foi desenvolvida na antiga Tchecoslováquia, atuais República Tcheca e Eslováquia, em 1968. Desde então, o evento acontece em algum país todos os anos. O Brasil anunciou sua participação como observador em 1997.
Na competição, estudantes precisam demonstrar conhecimento e habilidades em química em um exame prático de laboratório e outro teórico por escrito, ambos com cinco horas de duração, mas realizados em dias separados. Devido à pandemia, a 53ª edição da Olimpíada teve apenas a parte teórica. “Como muitos países não têm os reagentes necessários para as os exercícios em laboratório, fizemos somente as questões escritas”, explica Hana.
A prova costuma ter de sete a nove questões com nível elevado de complexidade, que devem ser resolvidas dentro do tempo limite. “É uma avaliação altamente objetiva no quesito de analisar a linha de raciocínio dos competidores. Quem vai corrigir não tem a obrigação de saber a sua língua, por isso é importante você deixar claro qual é o resultado. Eles avaliam os seus cálculos”, diz Hana.
As medalhas de ouro na Olimpíada Internacional de Química foram concedidas a 12% dos alunos; as de prata receberam 22% deles e, as de bronze, outros 32%. Menções honrosas foram atribuídas a 10% dos participantes.
Ficou com vontade de participar de uma olimpíada de química? Confira o site do Programa Nacional de Olimpíadas de Química.