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Eles já tinham diploma e emprego, mas decidiram migrar de carreira com a Inteligência Artificial

Conheça três histórias reais de quem largou áreas tradicionais para apostar tudo na primeira graduação em IA do Brasil

Por Luccas Diaz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
28 jun 2025, 19h00
Os estudantes Jair, Lidia e Hugo, do curso de IA da UFG
Eles migraram e não se responderam: conheça a história de Jair, Lídia e Hugo com a primeira graduação de IA do Brasil  (Jair Martins Santiago/Lídia do Vale/Hugo Pessoni/Arquivo pessoal)
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Escolher uma carreira nem sempre é um caminho linear. Na verdade, para muita gente, a primeira escolha profissional acaba se transformando mais em uma etapa de descoberta. É o caso de estudantes que já têm um diploma universitário nas mãos — e, às vezes, até boas posições no mercado —, mas decidiram recomeçar do zero em outra área.

Todo mundo conhece uma história dessa, certo? Agora imagine só fazer toda essa transição em uma área nova, uma em que nenhuma criança da sua época respondia que queria ser quando crescer. O GUIA DO ESTUDANTE conversou com três estudantes que largaram áreas tradicionais em que estavam para estudar Inteligência Artificial (IA).

Hugo Pessoni, Lídia do Vale e Jair Santiago Neto, os dois primeiros da Engenharia, o terceiro, da Veterinária, ingressaram no recém-criado bacharelado de IA da Universidade Federal de Goiás (UFG), o primeiro do tipo no Brasil. O curso tem somente duas turmas formadas até o momento, mas tem atraído um contingente de jovens que buscam uma transição de carreira, melhores salários ou, simplesmente, se encontrar em algo diferente da primeira formação.

Um diferencial citado em comum pelos três é a possibilidade que a área possibilita de ingressar no mercado logo nos primeiros meses — algo que, para um estudante “mais velho”, faz toda a diferença.

As três histórias são representativas de um movimento que parece cada vez maior nas áreas da tecnologia. São indivíduos que arriscaram e trocam um mercado tradicional para se jogar no mundo da IA.

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Sem medo de apostar

O estudante Hugo Pessoni, de 27 anos
(Hugo Pessoni/Arquivo pessoal)
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Hugo Pessoni, 27 anos, já conhecia o risco de apostar em uma área nova do mercado. Formado no curso de Engenharia de Transportes, em uma época em que qualquer Engenharia era sinônimo de emprego garantido, ele experimentou de perto as limitações de um curso que, apesar de inovador, não lhe ofertou as oportunidades que esperava.

“Foram cinco anos conturbados da minha vida”, relembra ele, que ingressou no curso em 2016. “A grade era bem cheia, então ou você ia diluindo as disciplinas e via o curso ficando cada vez mais longo, ou aceitava ir para o mercado de trabalho só no final da graduação”. Ainda assim, o jovem deu seu jeito e conseguiu trabalhar em obras, no comercial, em vendas e em multinacionais. Mas não adiantou: não se encontrou na área. “Eu não estava feliz. Meu último emprego foi em uma startup de fundos imobiliários, mas eu já estava terminando um MBA em Engenharia de Software, já com a ideia de que precisava experimentar outros campos”.

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O interesse por tecnologia sempre esteve presente, mas cresceu quando conviveu de perto com um colega programador. Ao conhecer a graduação em Inteligência Artificial da UFG, teve receio de cair no mesmo conto do Hugo de anos atrás. A ideia de um curso recém-nascido, de uma área também nova, assustava, mas também seduzia. Ao que tudo indicava, IA era o grande o nome do futuro. Dessa vez, no entanto, optou por procurar ele mesmo as respostas: marcou um bate-papo com o diretor do curso.

“Ele me mostrou uma realidade completamente diferente. Me explicou que o aluno vai para o mercado de trabalho logo no primeiro período, que já entende como funciona um projeto do começo ao fim, que conversa com empresas, tem contato direto com o mercado.” Saiu da conversa com uma frase do professor na cabeça: “Hoje, uma linha de código de IA vale até três vezes mais do que uma linha de código de Engenharia de Software”. Foi o empurrão que faltava.

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Formado em Engenharia de Transportes e com um MBA em Engenharia de Software debaixo do braço, virou calouro novamente em 2022. A transição, claro, não foi isenta de dúvidas e receios. “A minha família falou: ‘De novo você vai apostar em um curso novo?’”, brinca ele. “Mas eu queria isso daqui. Não me arrependo nem um pouco de cada passo que dei dentro desse curso, de cada amizade, de cada professor, de cada network.”

Hoje, no último ano, Hugo se dedica ao estudo de TinyML, a aplicação de IA em dispositivos pequenos, como celulares e wearables. “É uma vertente que tem crescido bastante. Muitas empresas estão olhando para isso, para tornar a IA acessível no dia a dia”. Por ser um pouco mais velho que seus colegas, se vê como uma espécie de “paizão” da turma, sempre pronto a aconselhar os colegas. “Para trabalhar com tecnologia, você precisa se adaptar fácil às mudanças. Todo dia muda, todo mês é uma coisa nova. Mas se você gosta, é ali que você tem que entrar.”

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Do canteiro de obras à IA

A estudante Lídia do Vale, de 28 anos
(Lídia do Vale/Arquivo pessoal)
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A trajetória de Lídia do Vale, 28, também começou na Engenharia, mas, diferentemente de Hugo, na mais tradicional de todas: a Civil. Formada em 2019 e especializada em planejamento e controle de obras, a jovem logo percebeu que a área tinha uma afinidade inesperada com Análise de Dados. “Eu precisava de muitos dados para planejar e controlar uma obra de forma bem feita”, explica. “Fui desenvolvendo uma aptidão para fazer melhores análises das minhas obras, entendendo se ia atrasar, estourar prazo ou até o orçamento”. Mas a análise descritiva, que olhava apenas para o passado, não estava sendo mais suficiente. “Eu queria falar o que ia acontecer, ter mais certeza sobre o futuro.”

Assim, decidiu que gostaria de estudar mais o assunto. Buscou por formações em Ciência de Dados e Machine Learning — ainda acreditando que faria somente uma pós-graduação —, mas foi ao encontrar o edital para vagas remanescentes no bacharelado em IA, em 2023, que seus planos mudaram. “Achei o curso muito interessante, a ementa muito alinhada com o que eu procurava. Fiquei surpresa porque era uma graduação, não uma pós, e ia poder mergulhar de vez no assunto”. Na época, trabalhava em uma das principais consultoras de Goiânia, e levou a proposta para a diretoria, explicando que iria cursar a graduação paralelamente ao trabalho. “Eles apoiaram totalmente.”

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Desde então, a experiência no curso tem superado suas expectativas. “Entrei pensando que seria mais uma graduação tradicional, mas o curso logo tira o aluno dessa mente puramente acadêmica e conecta com o mercado. Os professores atuam quase como consultores nos projetos, ajudando com as dificuldades práticas.” Ainda no primeiro ano do curso, Lídia e um ex-diretor da consultora fundaram uma empresa própria, focada em soluções de tecnologia para construção civil, aplicando IA no gerenciamento de obras. “Não abandonei a Engenharia, mas estou 100% aplicando tecnologia. Estou unindo os dois mundos.”

Para quem está avaliando migrar de área, Lídia é enfática. “Vai sem dó, sem medo. Eu venho de uma formação tradicional e vejo os colegas muito mais encaminhados. O contato com o mercado é muito maior, não só na parte técnica, mas na dinâmica de mercado e nas soft skills que ninguém ensina.”

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Entrou no curso sem saber programar

O estudante Jair Martins Santiago, de 28 anos
(Jair Martins Santiago/Arquivo pessoal)

A história de Jair Martins Santiago Neto, 28, é um daqueles exemplos de como as dificuldades de um mercado podem impulsionar mudanças radicais. Formado em Medicina Veterinária, em 2021, também na UFG, ele foi desde cedo apaixonado pela profissão, mas logo que entrou no mercado de trabalho se deparou com uma dura realidade. “É muito saturado, principalmente para quem gosta de pequenos animais. Mesmo exigindo muito estudo e investimento, o retorno financeiro acaba sendo bem decepcionante”.

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O jovem conta que sempre nutriu um interesse por tecnologia, mas encarava isso mais como um hobbie, algo limitado ao consumo de conteúdos sobre o tema ou acompanhar os principais lançamentos. “Me arrisquei a entrar no curso de Inteligência Artificial sem nunca nem ter programado na vida antes.” A decisão de trocar de área não foi fácil e exigiu muita ponderação e cautela. “Tive que pensar se valia a pena ‘desistir’ de cinco anos dedicados à Veterinária e investir em um curso tão diferente. Recebi muito apoio da família e amigos, inclusive da Veterinária”.

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Jair optou pelo Bacharelado em IA por ser um curso novo, com uma grade que privilegiava o contato com o mercado desde o início. “Já sabia, por causa da primeira graduação, que ter contato com o mercado logo cedo é essencial”, diz. Para ingressar, precisou revisar os estudos do Ensino Médio e prestar o Enem mais uma vez. A receita foi de sucesso: em 2023, foi aprovado em primeiro lugar tanto no Sisu quanto pelo processo seletivo de portador de diploma.

Apesar de não enxergar muita conexão entre veterinária e IA, ele reconhece que amadureceu muito durante a primeira graduação. “Fazer uma nova graduação depois te dá um direcionamento mais claro para os seus objetivos. Ainda tenho interesse em desenvolver algo de IA para a veterinária futuramente”. Hoje, seu foco está no desenvolvimento de chatbots e no Processamento de Linguagem Natural, área em que já se especializa. “É uma área bem promissora e com muita demanda.”

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