Inscrições no vestibular: mudar o curso de última hora é uma boa escolha?
Separamos dicas e perguntas que você deve se fazer antes tomar uma decisão precipitada
Na reta final das inscrições de grandes vestibulares pelo Brasil, estudantes devem decidir o curso que querem trilhar nos próximos quatro ou cinco anos. É uma decisão importante e difícil que envolve uma série de fatores.
“A escolha da profissão pode ser considerada um momento de transição para o mundo adulto e é um período de mudanças, desafios e novas responsabilidades. No geral, a pouca informação em relação aos cursos e a falta de contato com profissionais das áreas são as maiores dificuldades apresentadas no momento da decisão”, explica Maria Pereira, coordenadora de Orientação Educacional do Curso Poliedro de São Paulo. Segundo ela, essas situações podem levar a uma ideia estereotipada das profissões e a decisão se distanciar de algo que o jovem realmente se identifique.
Além disso, é preciso considerar que o desenvolvimento tecnológico dos últimos anos tem transformado rapidamente o mercado de trabalho, possibilitando o surgimento de novas profissões, alterando algumas e extinguindo outras. Essas mudanças constantes podem tornar a escolha mais complicada.
Outro ponto que gera muita ansiedade e insegurança é a crença de que a escolha é definitiva e irreversível. Assim, ao julgarem ter apenas uma chance, o medo de errar aumenta.
O professor e orientador Alfredo Terra Neto, da Oficina do Estudante, também menciona outros fatores que despertam a indecisão dos vestibulandos:
- Falta de autoconhecimento (conhecimento de suas habilidades pessoais, capacidades, interesses, motivação e valores pessoais)
- Pressão familiar e/ou pressão social para que o estudante escolha determinadas profissões consideradas clássicas, como Medicina, Direito ou alguma Engenharia
- Medo da reprovação no vestibular e consequentemente da frustração pessoal e também perante a família e aos amigos
Mas e se você passou o ano inteiro, ou até a vida inteira, afirmando que sonhava entrar em determinado curso e na hora de se inscrever bateu a dúvida e uma outra carreira pareceu ser muito mais interessante?
O momento da inscrição
A escolha da profissão ocorre a partir de um processo que exige busca de informações (pesquisa e contato com profissionais da área) e reconhecimento de interesses e aptidões.
“Quando um aluno deixa para tomar essa decisão próximo das inscrições dos vestibulares, ele pode não ter tempo suficiente para realizar todo esse processo, tornando mais complexo definir uma decisão segura”, explica Pereira. Ou seja, isso pode aumentar as chances de você ter passado o ano inteiro achando que queria a carreira X e na hora de preencher o formulário ter vontade de colocar a carreira Y.
Mas querer mudar no último momento, não significa que a decisão está equivocada. A coordenadora alerta que é importante aproveitar o questionamento para começar a refletir sobre a escolha, que poderá ser feita de forma consciente, nem que seja em uma próxima vez.
Ela também ressalta que para uma escolha mais consistente é fundamental refletir sobre as contribuições que gostaria de realizar no mundo e na sociedade, e como gostaria de exercer essas contribuições. Com isso em mente, é possível fazer uma pesquisa mais direcionada sobre os cursos.
“É hora de ter tranquilidade, respirar fundo e procurar fazer uma nova escolha da melhor maneira possível”, diz Neto. E, para isso, ele dá algumas dicas de perguntas que você pode se fazer no momento da decisão:
- O que você gosta de fazer?
- O que você ama fazer?
- Em que atividades você se destaca?
- Que frutos você espera colher ao concluir a universidade?
- Que tipos de conquistas você está buscando (estabilidade, dinheiro, reconhecimento…)?
- Qual área do conhecimento você tem mais afinidade (exatas, biológicas, humanas ou arte)?
- Qual o curso que mais te aproxima das respostas acima?
Mudanças de última hora valem a pena?
Uma decisão equivocada, norteada pelo medo e por preconceitos? Ou um ato de coragem, uma valentia acertada? Depende.
Pereira explica que é importante dedicar tempo ao autoconhecimento, para reconhecer suas características, habilidades, anseios, interesses, medos, influências, prioridades… É preciso perceber o que motiva a vontade sentida e qual o contexto vivido. Essas reflexões, com o levantamento de informações a respeito dos cursos, faculdades e carreiras, ajudarão a diferenciar vontades momentâneas de escolhas mais autênticas e conscientes.
“Claro que o ideal é fazer a escolha da forma mais antecipada possível, para ter tempo até de recorrer a um auxílio profissional e assim não ficar em dúvida. Mas se o aluno mudar de ideia no momento da inscrição e for por convicção própria, pode ser melhor mudar do que seguir em uma carreira com a qual não se identifique”, diz Neto.
A longo prazo, a dica dos especialistas, além de muita pesquisa, é buscar ajuda profissional e conversar com pessoas formadas ou que estejam na faculdade.
A curto prazo, a dica para encontrar o melhor caminho é responder as perguntas que já mencionamos. Se ainda não for o suficiente, aprofunde suas reflexões com as questões a seguir:
- Quais as vantagens e desvantagens da carreira que estou almejando?
- Essa carreira me trará satisfação? Por qual motivo?
- Essa carreira me trará frutos? Em outras palavras, permitirá que eu tenha um determinado estilo de vida que desejo?
- Quais são os problemas enfrentados por quem segue esta carreira? Eu estou disposto a enfrentá-los?
- Essa opção de carreira está alinhada com os meus valores pessoais? Observação: valores estão relacionados àquilo que te dá motivação.
- Essa carreira está alinhada ao que estou buscando em curto, médio e longo prazo?
- Essa carreira faz parte da área do conhecimento que tenho mais afinidade?
Após responder as perguntas, você terá maiores condições de saber se teve uma vontade momentânea ou se trata-se de uma possibilidade nova e autêntica.
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