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Meus pais não concordam com a carreira que escolhi. O que fazer?

Segundo especialistas, diálogo é a chave para que os pais entendam o porquê do estudante ter feito determinada escolha

Por Julia Di Spagna
Atualizado em 6 dez 2020, 11h41 - Publicado em 19 fev 2020, 17h35
jovens tristes
 (Krakozawr/iStock)
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Muitos pais não concordam com a escolha profissional dos filhos. Isso pode se tornar um problema que até afetará o foco do vestibulando no que realmente importa nessa fase: os estudos.

“Os jovens não demonstram, mas valorizam bastante a opinião dos pais e se sentem frustrados quando percebem que sua escolha profissional não está de acordo com as expectativas deles”, diz Simone Perinotto Bellan, orientadora educacional do Ensino Médio do Colégio Poliedro, de São José dos Campos. 

Nesses casos, é importante que o jovem coloque para a família como se sente e busque ter com ela uma conversa franca sobre como a própria escolha faz sentido para ele, mostrando as habilidades, interesses, sonhos e planos que possui. “Quanto mais ele conseguir mostrar para os pais que sua decisão é ponderada, coerente e está baseada em informação e reflexão, mais segurança passará à família também”, afirma.

Para Bárbara Souza, psicóloga do Serviço de Atendimento Psicológico do Curso Anglo, procurar compreender porque os pais não concordam com essa carreira é uma forma de construir um bom diálogo, pois às vezes eles têm estereótipos ou receios (como o retorno financeiro e a empregabilidade) que, se compreendidos, podem ser repensados.

Por meio dessas conversas, a família poderá contribuir com a visão dela, dando ao jovem mais elementos para pensar na sua decisão, em vez de impor uma escolha de maneira autoritária. “É importante o estudante cercar-se de informações sobre a graduação e o mercado de trabalho, seja pesquisando ou conversando com profissionais da área, para embasar ainda mais sua decisão e justificá-la aos pais”, diz. Ela também ressalta que a escolha da profissão é duradoura e, a longo prazo, poderá pesar ter seguido com uma escolha que não tenha sido a sua.

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Segundo Simone, o jovem deve se lembrar que cada pessoa é responsável pela sua própria caminhada. Ao buscar o maior número de informações, sobre si, sobre as profissões e sobre o mercado de trabalho, poderá tomar a melhor decisão, dentro dos recursos e possibilidades que possui. Isso o ajudará a se sentir mais seguro diante do que escolher.

Mas afinal, a opinião dos pais realmente influencia os estudantes?

Bárbara explica que os filhos tendem a buscar carreiras que atendam às expectativas dos pais e os investimentos que foram feitos em seu processo de educação e formação acadêmica. “O projeto profissional dos filhos é construído no emaranhado de significados que os familiares atribuem às carreiras, às atuações, às expectativas de sucesso do filho e às características pessoais identificadas (como as habilidades reconhecidas desde a infância, por exemplo)”, diz. Por isso, a opinião da família pode tanto ajudar quanto dificultar esse momento da vida do jovem, dependendo da forma como serão feitas as intervenções.

“Talvez a escolha profissional seja a primeira grande escolha que o adolescente faz por ele mesmo, e isso gera grande insegurança, tanto para os pais quanto para os jovens”, diz Simone. A especialista explica que nessa fase da vida o estudante está construindo e afirmando seus próprios valores, ressignificando expectativas do meio em que vive, que poderão ou não coincidir com os da sua família.

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Por isso, o autoconhecimento se faz tão importante. Procurar refletir sobre quem você é, suas características, interesses e habilidades são informações fundamentais para ajudar a decidir o quanto as influências, sejam elas familiares, sociais, políticas, econômicas, psicológicas ou educacionais poderão afetar a sua escolha. 

Não se esqueça

É importante que o estudante tenha em mente que é ele quem estudará determinado assunto ao longo dos anos e passará grande parte da vida exercendo aquela profissão. “Aos pais cabe confiar que seu filho também tem condições de escolher por si e de se responsabilizar pela escolha feita”, diz Bárbara. “Os pais almejam o melhor para seus filhos, mas nem sempre saberão qual profissão fará o filho feliz”, completa Simone. 

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