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Quer ser astrônomo? Seja bom em matemática, física e… videogame

Saiba mais sobre a profissão que já passou pela cabeça de quase toda criança

Por por Daniela Kopsch
Atualizado em 9 Maio 2019, 16h49 - Publicado em 1 dez 2017, 12h15
 (Pixabay/Reprodução)
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Dom Pedro II era um apaixonado pelas estrelas. Tanto que no dia do seu aniversário, 2 de dezembro, foi instituído o dia nacional da Astronomia. Você também tem uma quedinha pelos astros? Já pensou em seguir essa carreira? Então leia esta matéria até o fim.

Para começar, uma boa notícia: a astronomia brasileira está crescendo. E muito. Em 2009, tivemos o Ano Internacional da Astronomia, comemorado em todo o país. No mesmo ano aconteceu a Assembleia Geral da União Astronômica Internacional, que reuniu mais de 2500 astrônomos de todo o mundo. Foi a primeira vez que o país sediou um grande evento nessa área. Entusiasmado, o governo criou uma comissão especial, no Ministério da Ciência e Tecnologia, para elaborar planos de investimentos públicos na área de astronomia. E isso é inédito.

Helio Rocha Pinto, coordenador do curso de astronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), comemora: “O Brasil está sendo cada vez mais requisitado a co-patrocinar experimentos internacionais. Com isso, podemos participar de grandes projetos”, explica. É o caso dos Observatórios Gemini, com telescópios de 8 metros, do qual o Brasil é sócio. Os dois observatórios ficam no Havaí (hemisfério norte) e no Chile (hemisfério sul). Por estarem em lados opostos do globo, eles podem observar o céu inteiro.

“Em 10 anos, telescópios extremamente grandes vão abrir o nosso acesso a distâncias extremas e a detalhes estruturais de buracos negros e sistemas planetários”, prevê o astrônomo Augusto Damineli, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), da Universidade de São Paulo. “Para que o Brasil participe do jogo, precisamos estimular nossa indústria em tecnologias de ponta e, é claro, temos que ampliar o número de pesquisadores na área”.

Para recrutar novos talentos, os profissionais anunciam: a Astronomia é promissora no Brasil. “Precisamos preparar cabeças que tenham imaginação suficiente para dar conta de instrumentos tão poderosos”, afirma Damineli. A Astronomia sempre atraiu os jovens, mas eles desistiam porque não a viam como uma possibilidade concreta de profissão. Além disso, as ciências aplicadas sempre geraram mais empregos.

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Mitos da profissão

Outro problema é a visão romântica que muitos têm da profissão. “Um astrônomo não vive no mundo da lua, não é um ser isolado do resto da sociedade e não passa a noite observando estrelas”, conta o professor Hélio. É claro que os seus objetos de estudo estão no céu, mas o que menos um astrônomo faz, hoje em dia, é olhar no telescópio. A verdadeira jornada de trabalho é muito menos poética. E mais calculada. “É preciso passar meses na frente de um computador, fazendo e refazendo cálculos, antes de ter acesso a um telescópio”, diz Damineli.

Se não olha as estrelas, como o astrônomo moderno trabalha? Atualmente, as imagens captadas no telescópio são transmitidas para um computador, onde o astrônomo passa a maior parte do tempo. O motivo é simples: há menos telescópios no mundo do que astrônomos. Por isso, eles são compartilhados por vários profissionais. Também há mais dados coletados do que astrônomos capazes de analisá-los com atenção.

Física, matemática e… videogame

Conseguiu fazer as contas? Em caso positivo, começou bem. Cálculo é a palavra-chave na profissão de astrônomo. O domínio de matemática e física é indispensável na vida do profissional. E não basta ter aprendido essas matérias na escola, é preciso ser muito bom aluno. “Quem não tiver identificação especial com essas disciplinas nem deveria insistir em ser astrônomo, porque o caminho é difícil”, avisa o professor Helio.

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Mas temos mais uma boa notícia. Todos esses anos na frente do videogame podem ter ajudado. Os melhores astrônomos vão ser aqueles que souberem usar bem os programas de computador. “O contato do astrônomo com o processamento de imagens é cada vez maior e a habilidade exigida é semelhante à dos games”, explica Damineli. Só não vale usar isso como desculpa para jogar o dia inteiro. A jornada acadêmica do astrônomo é longa. Para chegar até o fim, tem que gostar de estudar.

– Saiba mais sobre Astronomia no Guia de Profissões

Como se tornar um astrônomo em 5 passos (ou longos 12 anos):

1. Ainda na escola – Dedique-se às aulas de física e matemática. E comece a estudar inglês. Você vai precisar ler e publicar estudos nesse idioma no futuro.

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2. Entrando na faculdade – Para quem está em São Paulo (USP), Rio de Janeiro (UFRJ) ou Porto Alegre (UFRGS, que inaugurou o curso este ano), já é possível cursar o bacharelado em Astronomia. Mas o melhor caminho é o curso de Física, já que eles são oferecidos em todo território nacional.

3. Bolsas de estudos – Ainda na fase de graduação é aconselhável pleitear uma bolsa de iniciação científica, como a da Fapesp e do CNPq. Quanto mais cedo, melhor.

4. Especializações – Depois de formado, o estudante parte para pós-graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Os mais brilhantes até conseguem encurtar o caminho, mas em geral as pós-graduações podem durar, no total, até 12 anos.

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5. Cientista – Se passar por tudo isso, parabéns, você é um astrônomo. Ainda assim, poucos são contratados. A maioria continua pesquisando e vivendo de bolsas de estudos. Jane Gergório Hatem, coordenadora do curso de Astronomia da USP, garante que vale a pena. “As alegrias da profissão são muitas e superam todos os obstáculos a serem enfrentados”, afirma.

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