Ser aceito em um programa de intercâmbio, curso curto, graduação ou pós-graduação no exterior é uma conquista imensa. No entanto, mesmo depois de aprovado, ainda é necessário tomar uma série de medidas para garantir que tudo corra bem. Caso contrário, você pode acabar caindo em alguns dos problemas comuns, porém bem sérios, do intercâmbio.
Para ilustrar alguns deles, conversamos com Renata Lucchini, que fez mestrado em Direito Médico e Bioética na St. Mary’s University, em Londres. Renata se preparou muito bem para o intercâmbio: ela viu um programa de mestrado que lhe interessava numa feira de intercâmbios, visitou os representantes na feira durante o primeiro dia, fez uma pesquisa de noite e, no segundo dia, voltou com mais dúvidas. “Isso ajudou muito”, conta.
Mesmo assim, ela ainda encontrou alguns problemas no caminho que quase puseram todo esse esforço a perder. A questão não foi falta de preparo, mas problemas burocráticos que envolvem estudar em outro país. A seguir, confira como evitar quatro problemas comuns que podem atrapalhar seu intercâmbio.
De olho no visto
Além de ser aceito pela universidade estrangeira, você também precisa ser aceito pelo sistema de imigração do seu país de destino. Isso significa, em muitos casos, que você precisará de um visto de estudante — especialmente no caso de cursos de duração mais longa. E se você não se informar bem sobre o procedimento de solicitação de visto (ou deixar para ver isso na última) pode por tudo a perder.
Foi o que quase aconteceu com Renata. “Para o visto de estudante, eles pedem que você mostre todos os países que você visitou nos últimos 10 anos, as datas que teve visto desses lugares, e dependendo dos lugares que você visitou e do seu país de origem, pedem até exame de saúde”, conta.
Mas o problema que a atrapalhou foi outro: na hora de comprovar que tinha dinheiro suficiente para se manter por lá durante os estudos. E embora ela tivesse o dinheiro numa conta de investimentos, seus documentos não estavam sendo aceitos. Só com a ajuda de uma empresa chamada gradeUP, que se especializa em auxiliar com questões desse tipo para intercambistas, ela conseguiu entendeu o problema.
“Eles estavam vendo a conta de investimento de outra forma. Estavam achando que não tinha liquidez, então não contava. Então foi só explicar que apesar de ser uma conta de investimento, funciona como se tivesse numa conta corrente. Então aceitaram tudo”, lembra. Nesses casos, pode valer a pena buscar uma ajuda externa. E, em todo caso, é importante começar o procedimento de visto o quanto antes, e seguir à risca as indicações.
Clima diferente
Sair do clima tropical do Brasil para um clima mais frio, como é comum na Europa e na América do Norte, é um processo que pode ser bem desafiador. E não se trata apenas da necessidade de comprar casacos mais grossos para enfrentar os invernos mais rigorosos.
Renata conta que teve problemas com o clima na Inglaterra por causa da falta de sol. “Fiquei com falta de vitamina D. Como a gente vem de um país que tem muito sol, uma mudança repentina [no clima] pode fazer a gente sofrer um baque. Então eu tive que fazer suplementação de vitamina D.
Embora cada pessoa responda de maneira diferente a essa mudança, já há estudos sobre esse tema. E eles mostram, por exemplo, que a quantidade de pessoas com deficiência de vitamina D em um país como a Alemanha (onde o clima também é mais frio que no Brasil) é muito maior entre imigrantes do que entre a população nativa.
Então vale a pena ficar de olho nesse ponto. Se possível, converse com um médico sobre essa possibilidade antes do intercâmbio, e informe-se sobre a possibilidade de suplementação de vitamina.
Seguro de saúde
E por falar em médicos, é importante pensar em seguros de saúde durante a viagem. Afinal, existe sempre a possibilidade de que você necessitará de auxílio médico em algum momento — especialmente se a viagem tiver duração maior. E, nesses casos, é muito melhor estar preparado, para não cair em outro dos problemas comuns no intercâmbio.
Se você já tem um seguro de saúde no Brasil, pode ser interessante verificar se eles têm opções para viagem. Se não, a universidade, escola ou agência relacionada ao seu intercâmbio também pode ter o contato de empresas que ofereçam esse serviço. Novamente, aqui a antecedência também pode ajudar bastante.
E Renata avisa que mesmo que você vá viajar para um país com rede pública de saúde (como a Inglaterra), um seguro de saúde pode ser interessante. “Quando você é estudante acadêmico na Inglaterra, pode pagar uma taxa no visto para ter direito ao sistema de saúde deles. Mas se você vai viajar, às vezes precisa ter seguro de saúde para entrar no outro país”, conta.
Sem casa longe de casa
Se já é difícil encontrar um lugar para morar na sua própria cidade, imagine só fazer isso em uma cidade que você não conhece, num país que fala outra língua. Pode ser bem desafiador, e não precisa nem comentar que ficar sem casa em um país diferente é um problema tão sério que nem tem graça.
Por isso, muitos programas de intercâmbio já oferecem algum tipo de estadia. No caso de cursos curtos ou mesmo graduações, as instituições de ensino às vezes oferecem residências estudantis para os intercambistas. Elas muitas vezes são gratuitas ou têm um preço bem reduzido.
Não foi o caso de Renata. Segundo ela, as residências estudantis acabavam indo só para quem estava na graduação. Mesmo assim, a St. Mary’s a ajudou. “Eles têm um departamento que ajuda com moradia. Então eles podem te ajudar a achar uma host family, ou tem convênios com outras residências estudantis”, relembra.
Este artigo foi originalmente publicado no Estudar Fora, portal sobre estudos no exterior da Fundação Estudar.