Você sabe quantas pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus no mundo? Ou quantas já se recuperaram? Se sim, é provável você saiba disso graças a uma universidade. Iniciativas capitaneadas por instituições de ensino superior tem sido essenciais no mapeamento da pandemia de COVID-19, e ajudam a mensurar a disseminação da doença, o que auxilia na adoção de medidas de saúde pública.
Essas iniciativas são essenciais para entender como a COVID-19 se comporta dentro de cada região. Embora a pandemia afete o mundo todo, ela afeta cada local de maneira diferente, de acordo com as particularidades de cada sociedade. E as universidades podem contribuir para o nosso entendimento dessa interação. Com isso, podem nos ajudar a adotar medidas mais eficazes para combatê-la.
Além disso, essas iniciativas também ajudam a articular o estudo sobre a doença em escala global. Elas unem um volume imenso de informações de fontes diferentes e, com isso, criam um repositório de dados confiáveis que é muito valioso para pesquisadores. Esses dados podem acabar embasando pesquisas de saúde pública e até medicações pra diminuir o impacto da COVID-19 em nossas vidas.
Por isso, destacamos abaixo três iniciativas de mapeamento da pandemia que contribuem muito para entender sua escala global. Todas elas tem universidades, instituições de pesquisa e cientistas entre seus principais contribuidores. E mesmo para quem não é pesquisador, elas ajudam a entender a dimensão da pandemia. Confira:
O mapa dinâmico criado pela Universidade Johns Hopkins foi um dos primeiros a agregar dados sobre a COVID-19 em escala mundial. Ele tem um aspecto um pouco assustador, com seu fundo escuro e círculos vermelhos sobre os países para representar o número de casos — mas afinal de contas, dadas as circunstâncias, é uma escolha que faz sentido.
Ele une informações de inúmeras fontes, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC) e dezenas de ministérios e departamentos de saúde de países do mundo. Com isso, consegue exibir os números de casos confirmados, mortes e pacientes recuperados em cada país e região do mundo, atualizado de hora em hora.
Segundo a Science Maganize, o site recebe mais de um bilhão de acessos por dia e é usado como referência até mesmo pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. O principal nome por trás do site é a co-diretora do Centro de Ciência de Sistemas e Engenharia da universidade, Laura Gardner. Ela contou ao site que iniciou o projeto em janeiro com auxílio de um aluno de pós-graduação chinês, que tinha um interesse pessoal no tema. No dia seguinte, compartilhou o projeto no Twitter e ele rapidamente se espalhou.
Nas palavras dela, inicialmente o site era gerenciado apenas por seis pessoas, mas ela rapidamente conseguiu apoio interno da universidade. O principal desafio era filtrar dados repetidos, para evitar inflar o número de casos. Hoje, há uma equipe que monitora o funcionamento da página 24 horas por dia, para evitar que ela saia do ar. E boa parte da coleta de dados é automatizada, o que permite que os pesquisadores trabalhem na modelagem matemática da pandemia.
O mapa é parte de um portal de informações sobre o novo coronavírus montado pela universidade. Por lá, é possível não só acessar os dados globais mas também visualizar tendências importantes, notícias de pesquisa sobre a pandemia e artigos opinativos de especialistas da universidade.
Iniciativas de mapeamento da pandemia do COVID-19
Outro mapa interativo que ajuda a estudar a pandemia é o que está sendo gerenciado pelo Laboratório de Sistemas de Informação Geográficas Humanísticas, da Universidade de Washington. O mapa também agrega dados de diversas organizações diferentes e permite visualizá-las por região, país ou, no caso dos EUA, do Canadá e da China, até por estado.
Em termos visuais, o principal diferencial dele é a simplicidade. Ele representa a gravidade da pandemia em cada país por um código de cores que facilita a visualização em escala maior. E do lado esquerdo, ele oferece informações mais detalhadas sobre a região selecionada, incluindo as fontes específicas das quais retirou as informações. Por outro lado, ele não permite aplicar filtros mais específicos, como taxa de letalidade por caso ou taxa de testagem da população.
Segundo a universidade, o site foi lançado em 21 de janeiro e vem sendo atualizado diariamente não só com mais informações como também com novas funcionalidades. No mapa, clicando no ícone de “?” canto superior esquerdo, também é possível ver mais informações sobre o projeto, como as fontes mais usadas para captação de dados. Pessoas com conhecimento de bases de dados também podem baixar as informações em formato CSV ou SQLite para usar como quiserem (criar outras visualizações, por exemplo).
O Nextstrain é um mapa diferente dos outros dois listados aqui. Ele não mostra o número de casos em cada país, mas também tem escala global. O que ele mostra é a “história” da pandemia: clicando no botão “play” que aparece no mapa do lado direito, é possível ver como o novo coronavírus se espalhou pelo mundo desde o primeiro caso em Wuhan, na China, no final de 2019.
Mais do que isso: ele agrega todos os mapeamentos genéticos do novo coronavírus que estão disponíveis — incluindo o que foi feito no Brasil por pesquisadoras brasileiras menos de 48 horas após a confirmação do primeiro caso aqui. Juntando todos esses dados, ele consegue mostrar uma imagem em tempo real de como o vírus está evoluindo ao longo do tempo, e quais são suas principais vias de transmissão entre países.
E são milhares de mapas genéticos diferentes (a lista completa pode ser vista aqui). Cada um deles amplia o nosso entendimento sobre o vírus. Parte do motivo pelo qual essa base de dados consegue ser tão grande é o fato de que ela funciona em esquema de código aberto, o que significa que qualquer pesquisador consegue contribuir para ela.
O mapeamento genético em tempo real do vírus por trás do COVID-19 é apenas uma das iniciativas do Nextstrain. O site é, na verdade, uma plataforma de mapeamento genético de diversos vírus que causam doenças em humanos.Ele foi criado por um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos e da Alemanha, de acordo com um artigo publicado em 2018 (quando a plataforma foi divulgada).
“Acreditamos que sistemas abertos e online que implementam processos robustos de bioinformática para sintetizar dados de diferentes grupos de pesquisa são a melhor maneira de realizar interferências sobre epidemiologias”, afirmam os criadores do repositório na página de introdução da plataforma.
Este texto foi originalmente publicado no portal Estudar Fora, da Fundação Estudar, parceira do Guia do Estudante.