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Ensino religioso no Brasil estimula homofobia e exclui religiões não cristãs, diz livro

Pesquisadora da UnB analisou livros usados em aulas de religião; segundo lei, disciplina precisa respeitar diversidade cultural e religiosa

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 16 Maio 2017, 13h46 - Publicado em 23 jun 2010, 19h35
 

da redação*

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Ensino religioso nas escolas brasileiras não deveriam privilegiar nenhuma crença, segundo a lei. Na prática, não é bem assim, diz pesquisa
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Preconceito e intolerância fazem parte da lição de casa de milhares de alunos brasileiros, afirma o livro Laicidade: O Ensino Religioso no Brasil, lançado na última terça-feira (22) na Universidade de Brasília (UnB). O estudo analisou as 25 obras mais usadas para a disciplina nas escolas do governo federal.

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"O estímulo à homofobia e a imposição de uma espécie de ‘catecismo cristão’ em sala de aula são uma constante nas publicações", afirma uma das autoras do trabalho, a antropóloga e professora Débora Diniz.

Segundo a lei que regulamenta a disciplina, 945 de 1997, as escolas públicas brasileiras podem oferecer aulas de ensino religioso. Mas não devem favorecer nenhuma crença, e sim apresentar aos estudantes as diferentes fés, respeitando a diversidade cultural e religiosa do Brasil.

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Mas segundo a pesquisa, não é o que acontece na prática. Jesus Cristo aparece 12 vezes mais que o líder budista Dalai Lama e 20 vezes mais que Lutero, referência intelectual para o protestantismo, nas obras mais compradas pelas escolas federais. Calvino, outra referência protestante, nem mesmo é citado.

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"Há uma clara confusão entre o ensino religioso e a educação cristã", afirma Débora Diniz. A antropóloga reforça a imposição do catecismo: "Cristãos tiveram 609 citações nos livros, enquanto religiões afro-brasilieras, tratadas como ‘tradições’, aparecem em apenas 30 momentos".

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HOMOFOBIA
"Desvio moral", "doença física ou psicológica", "conflitos profundos" e "homossexualismo não se revela natural" são algumas das expressões usadas pelos livros escolares para se referir a quem se relaciona com pessoas do mesmo sexo. A pesquisa destacou ainda um exercício que traz a bandeira das cores do arco-íris e traz com a seguinte questão: "Se isso se tornasse regra, como a humanidade iria se perpetuar?".

A pesquisa ainda sugere que os livros didáticos criam um ambiente de intolerância contra quem não tem religião. Em uma das obras analisadas, uma pessoa sem religião é relacionada ao nazismo. "Sugerem que um ateu pode ter comportamentos violentos e ameaçadores", observa. "Os livros usam generalizações para levar a desinformação e pregar o cristianismo", completa a especialista.

Para Tatiana Lionço, psicóloga e co-autora do estudo, uma das causas dos problemas é a falta de rigor para a seleção dos livros. Ela explica que, antes de chegar às mochilas, todo material didático, exceto os de religião, passa por avaliação do Programa Nacional do Livro Didático.

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"Não há qualquer tipo de controle. O resultado é a má formação dos alunos", opina Tatiana. "Se o Estado deveria ser laico, por que ensinar religião nas escolas?", questiona.

"Se a religião for tratada na sala de aula, tem de ser de forma responsável e diversificada", defende. As 112 páginas da publicação, lançada pelas editoras UnB e Letras Livres, ainda conta com a contribuição da assistente social Vanessa Carrião, do instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero.

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* com informações da Agência UnB

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