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Trote: “senti na pele como é ser calouro” – PARTE 4

Repórter do GUIA DO ESTUDANTE se infiltra entre os "bixos" da Unicamp e conta como foi passar, mais uma vez na vida, pelo trote

Por por GUILHERME DEARO, em Campinas (SP)
Atualizado em 16 Maio 2017, 13h55 - Publicado em 11 fev 2011, 15h29

Tinta e festa ao som da bateria universitária
Foto: Marina Piedade

Tinta e bateria Passadas as apresentações extremamente simpáticas e receptivas, parecia que finalmente tinha chegado a hora de um pouco de bagunça. Aproximei-me de uma roda de veteranos e “bixos”, todos pintados – alguns já carecas -, onde a bateria da faculdade tocava e as bandeiras rubro-negras ornadas com o leão, o mascote da Med-Unicamp, balançavam.

Não demorou em dois veteranos me abordarem:
– Pô, bixo, bora jogar hand?
– Nunca joguei, cara.
– Tem coordenação motora? Só precisa saber correr e respirar ao mesmo tempo. Mas vamos jogar aí, você tem uma estatura boa para handebol.

Como ainda nem estava pintado, trataram de jogar tinta na roupa e no cabelo. E, na minha testa, ao invés de MED, escreveram HAND. É, pelo jeito eu ia ter que entrar no time.

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Ainda me apresentaram ao grande Montanha, diretor de modalidade do handebol masculino, que já tratou de me convocar para os treinos e pegar o número do meu celular.

“E aí, bixo, bora cortar esse cabelo aí?!”, abordou um outro veterano. “Tá num tamanho bom pra cortar hein…”Concordei: “Pode cortar. Até agora nenhum veterano se importou muito”. “Ah, não”, respondeu. “Hoje não pode cortar, não”.

Para outro veterano, o mesmo que me convocou para o time de handebol, provoquei:
– Tô achando muito sossegado esse trote. Não corta cabelo, não sai pintando sem perguntar… Sempre foi assim?
– Ah, bixo, não pode mais não…
– Foi a reitoria que mandou não abusar no trote?
– É, bixo, por aí, tem que fazer um trote sossegado, não pode forçar. Nada de violência.

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Momento de saudar o glorioso leão e bandeira
rubro-negra da faculdade

Ainda estamos em fevereiro, mas rolou quadrilha
durante o trote.

Fotos: Marina Piedade

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Pelo jeito, ali os veteranos estavam longe de ser sem-noção ou de querer quebrar alguma regra da universidade, só estavam a fim de receber bem os novos alunos. Não rolou bebida, situações humilhantes nem violentas.

– Professores contam a origem do trote e afirmam a sua conotação violenta

Os calouros que participaram das brincadeiras, que incluíram danças e até mesmo uma quadrilha de festa junina, participaram simplesmente porque ficaram ali por perto, do lado dos veteranos. Quem não estava para brincadeira simplesmente foi embora.

Quem ficou, ajoelhou-se para louvar o grande leão e xingar a PUC-Campinas, faculdade particular vizinha, e rival, da Unicamp. Veteranos berravam gritos de guerra enquanto nós, “bixos”, tentávamos decorar, em vão.

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De tantos calouros que já tinham ganhado apelidos (o meu ora foi Hand, ora foi Xandi. Xandi?) conversei com o China (que de oriental não tinha nada). Fala que achou o trote muito sossegado. Só quando um dos veteranos diz que é tradição na Unicamp os “bixos” – nada de “bixetes” – se beijarem na boca é que concordamos: isso é trote violento!

Ana Elisa, outra caloura, apesar de tímida, participou das brincadeiras tranquilamente e não achou que houve qualquer tipo de intimidação. Alguns veteranos nem participavam, apenas ficavam ao redor vendo o que acontecia. Outros, já de jaleco e roupas brancas, denotando que eram alunos dos últimos anos e já faziam residência no Hospital Universitário, se aproximavam de vez em quando e riam muito, até arriscavam conversar com os “bixos”, relembrando os velhos tempos.

Para finalizar, ainda posei com veteranos e outros calouros para uma foto do jornal local. Acabei entrando para a posteridade campinense. Beijo, mãe!

 

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