A Unicamp cancelou, nesta semana, a matrícula de nove estudantes que usaram indevidamente as cotas étnicos-raciais para ingressar na universidade. As irregularidades foram constatadas por uma comissão instituída este ano para apurar as 141 denúncias de fraude feitas pela ONG Educafro em abril. O vestibular 2019 foi o primeiro da universidade a adotar o sistema de reserva de vagas.
Tanto o vestibular tradicional da Unicamp quanto o ingresso pela nota do Enem reservam uma porcentagem das vagas para alunos que se autodeclaram pretos, pardos e indígenas. Ao todo, 1.007 estudantes entraram na universidade por meio dessas cotas. Além dos 9 expulsos agora pela Unicamp, outros 10 abandonaram seus cursos durante o processo de verificação da comissão, segundo o reitor Marcelo Knobel em entrevista ao portal G1.
Os alunos que tiveram suas matrículas canceladas pertenciam aos cursos de Administração, Engenharia civil, Engenharia mecânica, Engenharia química, Estatística, Geografia, Licenciatura em química e Licenciatura em matemática. A Unicamp informou, em nota, que estes estudantes podem voltar a estudar na universidade caso sejam aprovados em vestibulares futuros.
Como funcionam as comissões
O reitor Knobel afirmou ainda que o trabalho da comissão que averiguou as denúncias foi minucioso e contou com entrevistas individuais com os estudantes. As comissões de investigação de fraude em cotas raciais são amparadas por uma decisão do Supremo Tribunal Federal, e a recomendação é que a investigação leve em consideração o fenótipo (traços físicos) e não somente a ascendência do candidato, já que o racismo no Brasil, segundo o STF, perpassa por uma pessoa ser reconhecida como negra.