Não importa de qual vestibular estamos falando. Seja Unicamp, Unesp ou Enem, as grandes provas têm um histórico de cobrar atualidades e fazer valer o esforço do candidato na hora de se manter atualizado sobre o que está rolando pelo mundo. Com a Fuvest, que tem a primeira fase marcada para o próximo domingo (4), não seria diferente.
Para a Fuvest, é importante que o estudante entenda que os acontecimentos culturais, sociais, políticos e econômicos que ocorrem pelo mundo também fazem parte do conteúdo cobrado pelos vestibulares, e que não é um mero “bônus” saber e entender as atualidades. Elas, inclusive, estão listadas nos editais dos vestibulares.
Além disso, o vestibular da USP espera que o candidato saiba fazer pontes entre estes temas atuais e as disciplinas cobradas em sala de aula.
“De nada adianta o candidato ver apenas manchetes de jornais. Ele precisa saber como aquela questão factual está relacionada com conteúdos de Geografia, Matemática e Física, por exemplo, porque atualidades podem cair em qualquer matéria”, explica Sebastian Fuentes, professor de Geografia do curso pré-vestibular Anglo.
Quer um exemplo? Uma questão de Matemática pode pedir que o candidato calcule a área desmatada da Amazônia em dado período, relacionando o tema atual com a disciplina.
As próprias atualidades também podem se relacionar entre si: conflitos geopolíticos podem estar conectados a questões ambientais, por exemplo.
É bom lembrar que, quando falamos de vestibulares, não é possível ter certezas absolutas sobre o que de fato vai aparecer no dia. É possível, no entanto, estabelecer prioridades de acordo com o perfil da prova.
Pensando nisso, o GUIA DO ESTUDANTE conversou com o professor Sebastian e elencou alguns temas relevantes que podem aparecer na primeira fase da Fuvest 2023.
Amazônia
No Enem 2022, a preservação do meio ambiente foi uma das temáticas de destaque. Para o professor Sebastian, a Fuvest 2023 têm chances de seguir o mesmo caminho, mas aqui o foco tende a ser a Amazônia.
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Segundo o professor, existem algumas possíveis abordagens do tema, que passam pelos tipos de riqueza da Amazônia – sejam elas naturais, políticas ou econômicas – e chegam até a degradação do bioma. “O Brasil realmente está causando um aumento no desmatamento da Amazônia? Sim, mas ele podem questionar de que forma nós sabemos disso.”
Para explorar essas causas, a banca pode utilizar da cartografia, perguntando sobre os sistemas de satélite que o Brasil utiliza para monitoramento e fiscalização das áreas amazônicas. Além disso, a prova também pode questionar sobre as causas e consequências do desmatamento, esbarrando no esvaziamento das políticas públicas de preservação. Neste sentido, o aumento dos casos de grilagem, da mineração, extração e pesca ilegal, bem como o contrabando na Amazônia, têm chances de aparecer.
“Como consequências, podemos colocar a perda financeira, o prejuízo com relação à questão industrial do país”, aponta Sebastian. A questão geopolítica também entra em cena, considerando o impacto do desmatamento da Amazônia nas relações internacionais.
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Guerra na Ucrânia
Apesar de ser um dos acontecimentos mais discutidos durante este ano, a guerra na Ucrânia ainda não foi cobrada por nenhum vestibular – uma questão do Enem 2022 abordava a anexação da Crimeia, mas muito mais relacionada com a tensão de 2014 do que com a situação atual. Segundo Sebastian, a Fuvest 2023 pode ser a primeira a tematizar o conflito.
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Para o professor, os pontos de maior destaque dentro do tema e que merecem atenção são:
- A crise econômica desencadeada pela guerra;
- O papel da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no conflito;
- O fim da União Soviética e as relações políticas estabelecidas na região;
- A dependência energética da Europa em relação à Rússia de Vladimir Putin.
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Pandemia de covid-19 e suas implicações
A pandemia da covid-19 ainda é um grande tema atual, e as provas da Unicamp, Unesp e Enem deste ano provam isso. Para a Fuvest, a aposta é que os holofotes sigam sobre o assunto.
Para o professor do curso Anglo há, inclusive, a possibilidade de intersecção entre esta atualidade e a Guerra na Ucrânia, já que ambas contribuem para uma crise econômica e política mundial. “Também há uma necessidade de mudanças nos planos para lidar com essa crise, social, ambiental, política, econômica e de saúde”, finaliza Sebastian.
Vale lembrar que a covid-19 voltou a gerar um alerta nas última semanas, com o aumento de casos da doença em vários países e a volta de medidas restritivas.
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Conflitos na África, Ásia e América Latina
A crise na Etiópia, os separatistas do Tigré, os diversos conflitos no Egito e a migração em massa da África para a Europa. Para o professor de Geografia, todas estas tensões que ocorrem no continente africano podem aparecer nesta primeira fase.
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A Fuvest possui a característica de cobrar atualidades que, a princípio, estão mais distantes dos noticiários mais conhecidos, mas que já estão ocorrendo há algum tempo. Por isso, é importante estar atento aos jornais que discutem sobre todo o mundo, e não apenas sobre as regiões de maior interesse.
Neste sentido, as transformações na América Latina também podem ganhar destaque. Sebastian ressalta as mudanças de alinhamento nos governos vigentes que estão ocorrendo nas últimas eleições, com a ascensão de governos progressistas.
Sobre a Ásia, o professor ressalta principalmente o embate territorial e político entre Taiwan, China e Hong Kong. Também merece destaque os acontecimentos relativos à Guerra Fria 2.0, com notícias sobre lançamentos e testes de mísseis pela Coreia do Norte.