Bullying: causas, efeitos e como o tema pode aparecer no vestibular
Proximidade do assunto com o universo dos estudantes o torna uma grande aposta para a redação do Enem

No dia 7 de abril de 2016, o Governo Federal instituiu, por meio da lei Lei nº 13.277, o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. A escolha da data não foi trivial: no mesmo dia, em 2011, doze crianças eram mortas em uma escola do Rio de Janeiro, episódio que ficou conhecido como massacre de Realengo. O autor do atentado era um ex-aluno, que alegava ter sofrido bullying na adolescência.
Uma pesquisa realizada em 119 escolas pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade de Cambridge revelou que, em 2019, 28,7% dos adolescentes foram vítimas de bullying na capital paulista. Entre grupos pertencentes a minorias sociais o número foi ainda maior: 42,1% dos homossexuais e 39,7% das pessoas com deficiência relataram ter sido vítima deste tipo de violência.
Como não poderia deixar de ser, o cenário se repete no ambiente virtual. Segundo dados da última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de um em cada dez adolescentes (13,2%) já sentiu alguma forma de intimidação ou violência. Entre meninas, o percentual sobe para 16,2%.
Afinal, o que é bullying?
A etimologia da palavra bullying, do inglês, já é muito mais que meio caminho andado para entender essa violência. O termo deriva do radical inglês bully, que significa valentão ou valentona, adicionado do sufixo ing, que denota continuidade.
Em resumo, é “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”. A definição é de uma outra lei, a 13.185/2015, que determina o Programa de Combate à Intimidação Sistemática.
Além disso, o bullying é uma intimidação realizada por crianças e adolescentes. Entre os adultos, este tipo de violência é denominada assédio moral.
Por lei, o combate ao bullying é uma responsabilidade das escolas, que junto dos pais e alunos devem trabalhar para extinguir a prática.
Como o tema pode aparecer no vestibular
Ganhando cada vez mais projeção e espaço no debate público, o bullying torna-se uma grande aposta para os vestibulares – especialmente para o Enem, que foca em assuntos difundidos entre os jovens. Além disso, o tema concerne exatamente ao universo dos estudantes e estimula a busca por propostas de intervenção.
Levando tudo isso em conta, separamos duas possibilidades de recorte do assunto e como você pode explorá-los caso se depare com algum deles na prova.
Impactos do bullying na saúde mental
Para quem sofre as agressões, o bullying não causa apenas dores momentâneas. Ao contrário, seu impacto pode ser levado também para a vida adulta, interferindo diretamente no cotidiano.
Muitas vezes, a criança ou adolescente vítima de bullying sente-se acuado e não consegue relatar a violência a um adulto. Com isso, carrega consigo ao longo de anos traumas de ordem física e psicológica, que podem culminar em vícios, queda no desempenho escolar, isolamento social e falta de vontade em realizar atividades que antes eram prazerosas.
No vestibular, é importante que o candidato saiba lidar com este tópico de maneira delicada e respeitosa. Propostas de intervenção que visem estimular denúncias e oferecer acolhida são bem-vindas. Algumas dessas propostas poderiam ser a criação de uma cultura escolar acolhedora, com psicólogos à disposição e diálogo frequente entre pais e professores.
Além disso, programas de combate ao bullying dentro das escolas já são obrigatórios por lei – o que garante ao candidato uma carta na manga na hora de apontar os responsáveis por estas ações.
Cyberbullying
O cyberbullying, como o próprio nome diz, é o bullying praticado dentro do ambiente virtual, em especial redes sociais e aplicativos. Nestes casos, os agressores muitas vezes se mantêm no anonimato ou aproveitam para atacar a vítima de maneira coletiva, já que a veem como mais vulnerável
Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, o Brasil é o segundo país com mais casos de cyberbullying no mundo. Este fato, aliado ao intenso período de isolamento social e de relações virtuais que o mundo vivenciou durante a pandemia, pode tornar este recorte especialmente atrativo para os vestibulares.
O cyberbullying também é mais difícil de ser identificado do que no ambiente escolar, já que as agressões são sempre de ordem psicológica e não física – e muitas vezes contam com o anonimato. Isolamento social, sinais de ansiedade, pânico, depressão e tentativas de suicídio podem apontar para algum tipo de sofrimento dentro das redes.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que instituiu a obrigatoriedade de participação dos ambientes escolares na conscientização e prevenção ao bullying, também prevê o combate às violências virtuais. Uma das maneiras de atuar neste sentido é por meio da Educação Digital Compassiva (EDC), sugerida pelo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Trata-se de uma educação voltada ao ensino de inteligência interpessoal, que relaciona conceitos como empatia e cidadania em todos os ambientes, incluindo o digital.
De acordo com o Unicef, o acompanhamento regular dos pais e professores também é fundamental para o combate ao cyberbullying. O respeito à individualidade e à privacidade também deve ser um princípio ensinado em casa e nas escolas.

Para criar repertório e combater o bullying
O GUIA DO ESTUDANTE já explicou, em alguns textos, que o repertório sozinho não é capaz de render uma redação nota mil – o que mais conta é a habilidade do estudante de argumentar. Ainda assim, reunir boas referências e utilizá-las adequadamente na hora de construir o argumento pode contribuir.
Por isso, separamos alguns filmes e séries que exploram a temática. Além de te ajudar a reunir bons argumentos, eles ainda servem de inspiração no combate ao bullying, conforme explica a psicóloga Bianca Ferreira Larangeira, do Marista Escola Social Ecológica.
“Em muitos momentos as crianças passam a revelar o que enxergam do mundo por meio daquilo que estão lendo, ouvindo ou assistindo. Esses temas podem se tornar debates em casa ou na escola, reforçando que esse é um espaço que eles podem contar para revelar seus sentimentos”.
No Ritmo do Coração

Vencedor em três categorias no Oscar 2022, incluindo melhor filme, “No ritmo do Coração” apresenta a história da adolescente Ruby (Emilia Jones), única capaz de escutar em uma família de pessoas surdas. No enredo, Ruby é vítima de bullying e o tema é explorado com sensibilidade e realismo.
Onde assistir: Amazon Prime Video
Extraordinário

O filme conta a história de August Pullman, um menino de 10 anos que ingressa tardiamente na escola por conta de uma rara doença que afeta sua aparência. O filme mostra como August vivencia e supera as violências no ambiente escolar.
Onde assistir: Globoplay
Anne com E

A série conta a história da orfã Anne, adotada por um casal de irmãos idosos. Anne tem um olhar único sobre a vida que a torna alvo de bullying, tanto no orfanato onde vive antes de ser adotada quanto ao longo da série, já no ambiente escolar. O seriado mostra os impactos da violência psicológica e física sofrida por ela e a complexa engrenagem envolvida na prática de bullying.
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