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Florestan Fernandes: como explorar as ideias do sociólogo na redação

O pensador serve como repertório para discutir temas relevantes na sociedade brasileira como racismo, democracia e educação

Por Julia Di Spagna
Atualizado em 26 set 2022, 17h05 - Publicado em 26 set 2022, 14h41

“Um povo educado não aceitaria as condições de miséria e desemprego como as que temos.”

A afirmação é de Florestan Fernandes, considerado o pai da Sociologia Crítica no Brasil e um dos pensadores brasileiros mais importantes do século 20. Com mais de 50 obras publicadas, o sociólogo, antropólogo, escritor, político e professor colocou em pauta uma série de temas relevantes sobre a organização da sociedade brasileira e estabeleceu um tipo de investigação acadêmica marcada por um rigor crítico e analítico.

Devido a sua relevância para os estudos neste campo e por debater assuntos como racismo, democracia e educação, o pensador pode ser explorado na redação dos vestibulares em diversas propostas. Para te ajudar a ampliar o repertório, contamos um pouco sobre trajetória e as principais ideias defendidas por Florestan, além de explicar como usá-las nos textos. Veja abaixo:

Biografia

Nascido em São Paulo, em 1920, Florestan Fernandes era filho de uma imigrante portuguesa e não conheceu seu pai. Sua madrinha, Hermínia Bresser de Lima, ajudou em sua criação e o incentivou nos estudos. Florestan viveu boa parte de sua infância e juventude nos cortiços da periferia de São Paulo. 

No terceiro ano do primeiro grau, equivalente ao atual Ensino Fundamental, largou os estudos para ajudar a mãe financeiramente e começou a trabalhar como engraxate, auxiliar de alfaiate e garçom. Aos 17 anos, voltou a estudar e, entre 1938 e 1940, fez um curso específico para compensar o tempo que ficou longe desse universo e aprender, em três anos, o conteúdo de sete.

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Em 1941, começou a cursar Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Ao concluir o curso, ingressou na pós-graduação em Antropologia na Escola Livre de Sociologia e Política, instituição também vinculada à USP, onde conquistou o título de mestre em 1947. Em 1951, voltou para a mesma universidade e se tornou doutor em Sociologia. 

Durante a ditadura militar brasileira, por se inserir na militância de partidos de esquerda, Florestan foi preso duas vezes e exilado em 1969. Nesse período, lecionou em instituições no exterior, como a Universidade de Toronto e Yale. Em 1972, voltou ao Brasil. 

Atuou na política, exercendo dois mandatos como deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), entre 1987 e 1994. Assim, também teve a oportunidade de participar da Comissão de Educação que ajudou a elaborar a Constituição de 1988 durante a redemocratização. 

Florestan Fernandes faleceu em São Paulo em 1995.

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Confira os principais temas e ideias explorados pelo sociólogo: 

Questão indígena

O início de sua carreira foi marcada pelo estudo etnológico de indígenas. Durante seu mestrado, Florestan produziu a dissertação “A Organização Social dos Tupinambá”, na qual ele reconstruiu a realidade social dos índios tupis-guaranis, exterminados desde o final do século 16. A obra é considerada um clássico da etnologia brasileira. 

Racismo e o mito da democracia racial

Já durante a década de 1950, Florestan passou a se dedicar aos estudos sobre os resquícios da escravidão na sociedade brasileira. 

Ele criticava a tese de que não existia preconceito e discriminação no Brasil, e foi quem cunhou o termo “mito da democracia racial”. Democracia racial é um conceito associado ao sociólogo Gilberto Freyre, que defendia que a grande miscigenação ocorrida durante a colonização do Brasil teria contribuído para uma relação menos conflituosa entre as raças e que o povo brasileiro, cordial e pacífico, vivia de forma harmoniosa. 

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Na contramão desse pensamento, Florestan explicava que esse mito criava uma visão irreal de que não existia racismo no Brasil. 

Em uma de suas obras “A Integração do Negro na Sociedade de Classes”, o sociólogo discute como a modernização no país, com a adoção do capitalismo moderno e a democratização, só aumentou as desigualdade entre negros e brancos por não dar as mesmas condições de acesso ao mercado de trabalho ao primeiro grupo. Mesmo com o fim do colonialismo e da escravidão, as oportunidades não foram equivalentes. 

Explorando ideias marxistas, Florestan também afirmava que na luta de classes, mesmo que o branco fosse pobre e proletário, o negro sempre seria o mais prejudicado por ainda sofrer discriminação racial.

Educação

Florestan também era ativo na questão da educação nacional e chegou a participar, junto a Darcy Ribeiro, da formulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), que regularizou e organizou o sistema educacional do país. 

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Para ele, a única maneira de construir uma sociedade mais justa e sem desigualdades sociais era por meio da educação pública e de qualidade. Além disso, Florestan também defendia a educação enquanto um direito para formação humana, e não apenas como meio de inserção no mercado de trabalho.

Desigualdade social

Para tratar da questão da desigualdade enfrentada por pessoas pobres e que moravam na periferia, o sociólogo usava como exemplo sua experiência pessoal. Contava que, mesmo com o apoio de sua madrinha, seus primeiros empregos eram vistos como algo inferior na sociedade e que era muito difícil para as pessoas com uma origem humilde como sua conquistar algo diferente e próspero. 

Ele também afirmava que a única maneira de progredir moralmente era superando essa desigualdade e defendia a democracia das relações sociais e o acesso a serviços básicos por todos os cidadãos. 

Florestan Fernandes na redação

Para Fernanda Pessoa, professora de redação, as ideias de Florestan Fernandes podem ser exploradas em diversas propostas por serem atemporais. 

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“Caso o tema faça alguma alusão à educação, seja educação ambiental, pública, técnica ou à distância, será um bom repertório. Isso porque ele criticava a falta de uma educação que forme o indivíduo do ponto de vista social e não apenas do ponto de vista formal.”

Além disso, também é válido encaixar suas ideias em temáticas voltadas à questão do emprego, segundo a professora, porque ele fala sobre o fato de um povo pouco escolarizado precisar se submeter a qualquer condição de trabalho mesmo após a abolição. “Florestan Fernandes discutiu muito sobre o quanto a proclamação da república não significou praticamente nada para o povo negro – que é uma maioria quantitativa no Brasil, mas uma minoria quanto a representatividade.”

Com isso, outros pontos que podem ser usados na redação são seus posicionamentos sobre a desigualdade social e a questão racial.

Apesar das ideias de Florestan Fernandes serem um excelente repertório, Fernanda Pessoa destaca que, ao usar a ideia de um autor no texto, é importante ter em mente que o que conta é a opinião do estudante (de forma impessoal e na terceira pessoa). Sendo assim, a linha de raciocínio do teórico serve apenas como suporte. “A base do desenvolvimento não é a ideia do sociólogo, mas a ideia do estudante. O vestibulando vai fundamentar e dar credibilidade em relação ao que ele pensa a partir da ideia deste pensador.”

Para se aprofundar

Confira algumas obras do autor para entender melhor suas ideias:

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