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O que significa o discurso de Bolsonaro na ONU?

Fala do presidente dirigiu-se à sua base eleitoral e aos chefes de Estado da Europa e dos Estados Unidos

Por Danilo Thomaz
21 set 2021, 20h26

Na terça-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discursou na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde sua primeira edição, em 1947, o encontro é aberto pelo discurso de um presidente brasileiro. 

Em sua fala, que durou 12 minutos, o presidente dirigiu-se prioritariamente a dois grupos: a seu eleitorado fiel e aos chefes de Estado. 

Para o primeiro grupo, que o mantém com cerca de 25% de apoio, o presidente focou em questões como o combate ao socialismo e à defesa da família e de valores religiosos. 

“O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição e seus militares, valoriza a família e deve lealdade a seu povo. Isso é muito, é uma sólida base, se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo.” 

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A fala pode ser compreendida como um recado à sua base mais radical após ser criticado pelos mesmos em razão de sua carta pública após os atos de 7 de setembro, em que pregou a harmonia entre os Três Poderes.

Bolsonaro dirigiu-se aos demais chefes de Estado, sobretudo da Europa e dos Estados Unidos, com um discurso voltado à questão ambiental, tema mais sensível de seu governo no âmbito geopolítico. 

“Somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta. Lembro que a região amazônica equivale à área de toda a Europa Ocidental. Antecipamos, de 2060 para 2050, o objetivo de alcançar a neutralidade climática. Os recursos humanos e financeiros, destinados ao fortalecimento dos órgãos ambientais, foram dobrados, com vistas a zerar o desmatamento ilegal. E os resultados desta importante ação já começaram a aparecer. Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior. Qual país do mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa? Os senhores estão convidados a visitar a nossa Amazônia!” 

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A sua afirmação, no entanto, contradiz-se com os sequentes recordes de desmatamento na Amazônia desde o início do seu governo. O apoio de sua base no Legislativo ao PL 490, que prevê um “marco temporal” para a demarcação de terras indígenas, também contradiz a seguinte fala:

“14% do território nacional, ou seja, mais de 110 milhões de hectares, uma área equivalente a Alemanha e França juntas, é destinada às reservas indígenas. Nessas regiões, 600.000 índios vivem em liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades.”

+ Entenda a questão do marco temporal dos territórios indígenas 

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No que diz respeito à atuação do governo frente à pandemia de Covid-19, outro tema sensível para a imagem do Brasil no exterior, o presidente disse que, desde o início, esteve comprometido com a defesa da saúde e dos empregos.

“Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label. Não entendemos por que muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos.”

A sua fala a esse respeito manteve o tom da maior parte de suas declarações no Brasil desde março de 2020, mas deixou de lado as ações dele mesmo contra o combate à pandemia, como as diversas aglomerações, assim como as denúncias de corrupção levantadas pela CPI da Covid-19. Você pode conferir uma análise sobre as ações do Governo Federal contrárias às medidas sanitárias aqui

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Já a fala do presidente sobre a vacinação escondeu o boicote do governo à mesma, conforme demonstrado pela revista Piauí.

“Até o momento, o Governo Federal distribuiu mais de 260 milhões de doses de vacinas e mais de 140 milhões de brasileiros já receberam, pelo menos, a primeira dose, o que representa quase 90% da população adulta. 80% da população indígena também já foi totalmente vacinada. Até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil, serão atendidos.”

O discurso repercutiu negativamente na imprensa estrangeira. O NYTimes e o Guardian destacaram o anticientificismo do governo. O jornal estadunidense criticou também sua política ambiental. Já o argentino El Clarín, principal diário do país, afirmou que Bolsonaro mirou Lula e a disputa eleitoral de 2022 em sua fala.

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