Unicamp 2025: 7 atualidades do ano que podem cair na prova
A movimentação de blocos econômicos, os conflitos políticos pelo mundo e a crise climática são alguns dos temas que podem aparecer no exame
Enquanto alguns vestibulares são mais conteudistas e priorizam as disciplinas ensinadas em sala de aula, outros têm um caráter mais contextualizado com o dia a dia dos estudantes, cobrando assuntos presentes no cotidiano dos jovens e nos eventos que estão impactando o Brasil e o mundo – as famosas atualidades. Esse é o caso da prova da Unicamp.
O exame que seleciona os estudantes da Universidade Estadual de Campinas cobra, sim, os temas clássicos de Matemática, Geografia, Química e das outras matérias, mas vai além e exige conhecimentos que só quem está bem antenado nas notícias consegue dominar com facilidade.
+ Atualidades no Enem: a importância de ler textos jornalísticos
Lembrando que a ideia não é cobrar uma notícias específica, mas checar se o candidato consegue analisar os conceitos, organizações, consequências geopolíticas, entre outras situações, dentro do fato em si.
Para te ajudar a selecionar as atualidades deste ano que merecem sua atenção, o GUIA DO ESTUDANTE conversou com Sebastian Fuentes, professor de Geografia e Atualidades do Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante, e Rafaela Locali, professora de Geografia do Curso Anglo, e reuniu alguns temas. Confira abaixo:
Impactos das chuvas no Rio Grande do Sul
Mais de 450 cidades foram afetadas por fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Dados da Defesa Civil do estado apontam que foram mais de 2 milhões de pessoas impactadas pela tragédia climática, considerada a pior que o estado já vivenciou na história.
Segundo Rafaela, o candidato deve ter segurança em relacionar esse acontecimento com aspectos da Geografia Física, como o relevo de planície do Rio Grande do Sul, bem como relacionar como a dinâmica climática foi alterada por uma série de anomalias que são consequências do aquecimento global.
+ O que as enchentes no Sul têm a ver com as mudanças climáticas
“Tais condições resultaram em um bloqueio continental das ondas de calor no Centro-Sul brasileiro que impossibilitou o avanço da massa Polar Atlântica e que, por sua vez, concentrou as chuvas no Sul”, explica a professora.
Além disso, é importante saber relacionar os impactos socioeconômicos decorrentes desta tragédia, como o comprometimento das indústrias, no comércio, estradas e aeroportos, produção de arroz, pessoas desalojadas, perdas de vidas humanas e animais. Por último, ter argumentos a respeito da necessidade de ações preventivas do poder público e propostas no planejamento urbano.
Fenômeno Super El Niño
Ainda dentro do tema de questões climáticas, a temporada de 2023/2024 foi de Super El Niño, ou seja, o fenômeno do El Niño com consequências muito mais intensificadas, inclusive com várias secas nas regiões Norte e Nordeste.
Alguns rios da Amazônia, por exemplo, chegaram a quase secar e o aumento das chuvas na região sudoeste do Brasil provocou deslizamentos de terra nas costas do estado de São Paulo e também colaborou para as chuvas do Rio Grande do Sul.
Sebastian também destaca que há uma relação entre as consequências do Super El Niño com o aumento significativo dos casos de dengue no país – o que também pode aparecer em uma questão de biologia sobre doenças.
+ Epidemia de dengue ameaça o Brasil – e Aedes pode transmitir mais doenças
Cenário político de Taiwan
Toda polêmica envolvendo se Taiwan é de fato, ou não, um território chinês, poderá ser abordada dentro da geopolítica, além da importância de a região ser a maior fabricante de chips semicondutores avançados – o que pode levar a uma Guerra Fria 2.0, segundo o professor.
“Dentro dessa disputa, podemos perceber relações com a 4ª Revolução Industrial, que tem ocorrido neste momento e que é extremamente dependente desses chips, a ferramenta principal para estabelecer novas tecnologias de informatização, automação ou até da própria inteligência artificial.”
+ A Guerra Civil que deu origem às tensões entre China e Taiwan
Conflito entre Israel x Palestina
Desde o ataque arquitetado pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023, o secular conflito entre Israel e Palestina ganhou nova dimensão e impacto. A tomada de reféns chocou o mundo e a ofensiva de Israel foi a mais sangrenta em décadas.
Rafaela explica que é muito importante o candidato conhecer a origem deste conflito e os desdobramentos desde a Partilha da Palestina em 1947, cujo apoio estadunidense a Israel é peça chave. A desproporção das forças em ação permitiu a Israel rapidamente ocupar uma parte significativa da Faixa de Gaza, com os objetivos de recuperar os reféns e eliminar o Hamas.
Após algumas semanas de testemunhos, imagens e vídeos mostrando o tamanho da catástrofe, a opinião pública ocidental marcou sua clara desaprovação, em meio a uma crise humanitária. O conflito tomou maiores proporções envolvendo também ataques ao Irã e ofensivas por parte de Israel contra líderes dos principais grupos terroristas financiados por Teerã, como o Hezbollah, Houthis e o próprio Hamas, aumentando as tensões no Oriente Médio.
+ Por que israelenses e palestinos vivem em conflito?
Expansão dos BRICS
Os BRICS passam a ser, com a entrada de Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã, um grupo com 36% do PIB mundial, ultrapassando o G7. A expansão foi uma vitória da China, que passa a ter uma posição ainda mais forte dentro do bloco e em sua projeção de poder global.
Uma das primeiras consequências da expansão do bloco, de acordo com os especialistas, deverá ser a perda de influência do Brasil em decisões no grupo. Isso porque, na prática, mais do que dobrar o número de participantes, vai reduzir o peso individual de cada país nas discussões internas. Enquanto isso, o Banco dos BRICS começa a formular uma ideia de moeda comum entre os países membros, buscando acelerar o enfraquecimento do dólar e uma alteração no cenário geopolítico global.
+ Por que o BRICS incomoda tanta gente?
Acordo Mercosul – União Europeia
As negociações entre os dois blocos se arrastam há 25 anos e o tema voltou às manchetes no início de 2024, quando a Comissão Europeia reiterou o interesse em concluir o acordo, apesar da oposição da França (principal país agrícola da Europa).
O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia traria benefícios econômicos para o Brasil, como mostra o estudo do Ipea, que projetou um aumento de 0,46% no PIB brasileiro entre 2024 e 2040, além de um crescimento de 1,49% nos investimentos. No entanto, para ser ratificado, a União Europeia vem pressionando para que sejam inseridas cláusulas de compromisso de conservação ambiental, principalmente no que se refere a sua contribuição ao Fundo Amazônia.
+ 3 números que mostram a situação preocupante da Amazônia
Eleições na Venezuela e nos EUA
“As eleições da Venezuela implicam reflexões do candidato quanto às constantes críticas aos seus processos democráticos, à crise econômica que o país atravessa, ao grande contingente de refugiados e até mesmo à questão do país deter a maior reserva petrolífera do mundo, o que explica atrair as atenções do mundo e sofrer cobranças de líderes mundiais sobre o resultado das eleições”, explica Rafaela.
Já as eleições americanas envolvem questões relacionadas ao etarismo – após a desistência de Biden a sua candidatura – e possíveis desdobramentos quanto aos resultados, principalmente em relação à postura de Trump e de Kamala quanto à questão dos imigrantes, à guerra comercial com a China e às tensões no Oriente Médio e no conflito entre Rússia e Ucrânia.
+ Qual a diferença entre republicanos e democratas nos EUA?