Vou começar este texto contando uma história que aconteceu comigo. Quando eu estava na quinta série mudei de escola e foi um processo difícil. Eu não estava indo bem nas matérias, não tinha muita noção de como me organizar com os estudos e aquilo começou a me afetar. Comecei a acreditar que eu era ruim principalmente em Matemática e que aquilo não era para mim.
Até que um dia eu consegui fazer uma conta. E tudo mudou. O professor perguntou na sala qual era a resposta e eu consegui falar. Então ele me disse assim: “Susane, você vai longe”. Aquilo foi tão impactante, mas tão impactante, que eu considero que teve um antes e depois. Antes, eu não me identificava muito com a Matemática e não estudava muito. Depois disso, quando o professor acreditou que eu era capaz, me deu um start e eu comecei uma jornada com essa disciplina.
Essa história que eu vivi é um exemplo prático do que pesquisadores chamam de Efeito Pigmaleão ou Efeito Rosenthal. Este segundo nome é por causa do psicólogo Robert Rosenthal, que junto com a também psicóloga Lenore Jacobson, fez um estudo nos anos 1960 que deu origem a essa teoria.
Eles tinham a percepção de que a expectativa positiva que se coloca sobre uma pessoa tem o potencial de afetar o desempenho dela – e a mesma coisa sobre a negativa. Para provar este ponto, eles reuniram um grupo de estudantes aleatoriamente e o apresentou aos professores de uma escola primária dos Estados Unidos como sendo de alto potencial.
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Na prática, eles não tinham nada de diferente, mas o que foi observado no final do estudo é que estes alunos de fato passaram a ter um desempenho melhor nas avaliações. É como se a expectativa dos professores tivesse se tornado realidade.
Transpondo isso para nossa vida, o estudo indica que se um professor tem altas expectativas para você, ele acaba te incentivando, te dando mais atenção. Às vezes nem precisa tudo isso: um olhar, um sorriso já faz a diferença pra você se empolgar e continuar estudando.
Agora quer saber a melhor – mas que também tem o potencial de ser a pior – parte dessa história? Você mesmo pode exercer esse efeito sobre si. Quando você se convence ou aceita que é ruim em algo, cria essa expectativa baixa sobre si mesmo, é provável que você de fato não tenha bons resultados naquilo, já que não terá motivação para estudar.
É neste ponto que entra uma segunda história que aconteceu comigo. Em 2003, eu me preparava para o vestibular do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) em uma turma voltada só para esta prova. Eram muitos meninos e pouquíssimas meninas, então volta e meia ouvíamos piadas dizendo que mulheres só serviam para apagar a lousa no ITA e coisas do tipo.
O que eu fiz na época? Rebati essas críticas e decidi que provaria para eles que estavam errados sobre mim. E fui mesmo aprovada em Engenharia Aeronáutica no ITA.
Então da próxima vez que você ouvir de alguém que não é capaz de fazer algo, rebate esse pensamento pra longe. A mesma coisa quando a crítica vier de si mesmo.
Fique só com aqueles reforços positivos. Quando um professor diz que você tem um grande futuro pela frente, quando alguém elogia sua redação ou quando você mesmo fica satisfeito com seu desempenho em um simulado.
Susane Ribeiro foi aprovada em engenharia aeronáutica no ITA, em medicina na USP e na Unicamp e criou o Método Sniper de Questões. Ela tem um canal no YouTube onde dá dicas para estudar melhor e manter a motivação.