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Beatles e Shakespeare dão match em novo livro

Obra entrelaça a vida e o trabalho do dramaturgo com a banda de Liverpool

Por Danilo Thomaz
Atualizado em 30 ago 2021, 10h16 - Publicado em 27 ago 2021, 15h58
Livro relaciona Beatles e Shakespeare
Em 1964, os Beatles encenavam “Sonhos de Uma Noite de Verão”, de Shakespeare, em um especial de TV. O programa chamava “Around The Beatles” e homenageou os 400 anos do poeta e dramaturgo inglês com uma versão bem-humorada da esquete. (Twitter/Reprodução)
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Que paralelos podem existir entre a trajetória artística de Shakespeare e os Beatles? É possível que o percurso de um dramaturgo dos séculos 16 e 17 seja, de alguma forma, repetido, mais de três séculos depois, por quatro garotos de Liverpool? Para o advogado e escritor José Roberto de Castro Neves a resposta é sim. E está em seu novo livro “Shakespeare e Os Beatles: O Caminho do Gênio” (Nova Fronteira).

Na obra recém-lançada, Neves divide o caminho artístico do autor de “Hamlet” e dos Beatles em seis fases: aprendizado, juventude, construção da identidade, melancolia, maturidade e despedida.

Esse percurso – que, segundo o autor, está presente na obra de outros grandes artistas, como Beethoven – é simbolizado no livro pelas obras do dramaturgo e da banda. A fase do aprendizado de Shakespeare é de obras como a comédia “A megera domada” e, no caso dos Beatles, de “Please Please Me”.

Já a juventude é simbolizada por peças como a tragédia lírica “Romeu e Julieta” e o álbum “A Hard Day’s Night”. A fase de construção da identidade é vista, no caso shakespeariano, em “Júlio César”, sua primeira tragédia política, e em “Yesterday”, balada melancólica dos Beatles.

A melancolia do Bardo se encontra em tragédias como Hamlet e nos garotos de Liverpool em álbuns como “Rubber Soul”. A maturidade se expressa em “Rei Lear” e “White Album”. Por fim, a despedida se encontra em ”A Tempestade”, última obra-solo de Shakespeare, e em “The End”, última canção dos Beatles.

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O livro, feito a partir de uma extensa pesquisa, é de agradável leitura e um convite a mergulhar na obra do dramaturgo e da banda que, embora tenham vivido em tempos históricos muito distintos, protagonizaram momentos de ruptura.

Shakespeare viveu precisamente a época em que a Inglaterra se constituía enquanto império, em plena fase de transição da Idade Média para a Era Moderna, da preponderância da economia feudal e da ascensão do mercantilismo, com as navegações para o chamado “novo mundo”.

Os Beatles, por sua vez, viveram em uma Inglaterra – que já era Reino Unido – que via seu Império se desmantelar desde a reconfiguração do mundo com o fim da Segunda Guerra, mas o período era o auge do Estado de Bem Estar Social. Momento muito propício para contestações, como veríamos também no maio de 1968 na França e até mesmo no Brasil, com a Passeata dos 100 mil, no Rio de Janeiro, contra a ditadura.

Abra o livro e coloque Beatles na playlist – você não vai se arrepender.

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“Shakespeare e os Beatles: o caminho do gênio”, de José Roberto de Castro Neves

Prefácio de: Geraldo Carneiro. 240 páginas

Editora Nova Fronteira

 

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