Um parecer aprovado pelo CNE (Conselho Nacional de Educação) nesta segunda-feira (14) indicou que, a partir de 2024, o Enem mudará de formato para acompanhar a estrutura do Novo Ensino Médio. Com isso, a prova terá uma segunda etapa focada nos chamados itinerários formativos escolhidos pelos estudantes. Também há a possibilidade de uma prova discursiva. Em nota à imprensa na tarde desta terça-feira (15), o MEC (Ministério da Educação) reforçou que as mudanças do Novo Enem ainda estão em discussão.
As mudanças foram discutidas em uma reunião do conselho e reunidas em um documento que detalha como será cada dia do exame. No primeiro, os candidatos devem responder a uma prova geral sobre todas as áreas do conhecimento estipuladas pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular). A ideia é que a avaliação seja interdisciplinar e interpretativa. Neste mesmo dia, também será aplicada a prova de redação.
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As maiores mudanças, no entanto, se referem ao segundo dia de avaliação. De acordo com o parecer, serão aplicadas quatro provas diferentes divididas por áreas do conhecimento, e os candidatos escolherão qual delas desejam responder. São elas:
- Linguagens, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;
- Matemática, Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
- Matemática, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;
- Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Mesmo que direcionadas a algumas disciplinas, o CNE afirma que a segunda etapa do exame também deve ser mais interpretativa do que “conteudista”, de maneira que não prejudique os estudantes que optaram por fazer uma prova diferente do itinerário formativo escolhido durante o Ensino Médio.
Itinerários formativos e as graduações
Os itinerários formativos passaram a ser implementados em 2022 como parte do Novo Ensino Médio. Trata-se de cinco percursos que podem ser escolhidos pelos próprios estudantes durante esta etapa de ensino. O itinerário escolhido corresponde a 40% do conteúdo estudado durante os três anos de Ensino Médio – os outros 60% são os conteúdos gerais previstos pela BNCC.
Os cinco itinerários são:
- Linguagens e suas Tecnologias;
- Matemática e suas Tecnologias;
- Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
- Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;
- Ensino Técnico.
Apesar de todas essas possibilidades estarem previstas na reformulação do Ensino Médio, cada escola tem a liberdade de escolher quais itinerários serão ofertados, de acordo com a infraestrutura e realidade local. Isso significa, por exemplo, que algumas escolas podem não ter condições de oferecer o itinerário de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ou o de Ensino Técnico. É neste ponto que entra um dos entraves da reformulação do Enem.
A ideia do CNE e do próprio MEC é que o exame continue sendo porta de entrada para as universidades públicas do país. Mas agora, com a criação das provas de áreas específicas – como ocorre na segunda fase da Fuvest – as instituições de ensino superior poderiam determinar que, para o curso de Medicina, os candidatos devem escolher a prova de Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas no segundo dia do exame. Ou então a prova de Linguagens, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, caso queiram cursar Letras.
Neste caso, como fica o estudante que deseja cursar uma área na qual não se especializou durante o Ensino Médio, já que sua escola não oferecia o itinerário formativo correspondente?
É por este motivo que o CNE determinou, neste novo parecer, que mesmo as provas da segunda etapa do Enem devem ser de caráter interpretativo. Dessa forma, os candidatos teriam condições de responder às questões de uma área na qual não se aprofundaram durante o Ensino Médio, caso queiram.
Questões discursivas
A reformulação do Enem também prevê questões discursivas, ou dissertativas, nos dois dias de exame. Há a possibilidade, inclusive, que toda prova da segunda etapa siga este modelo. Mas até lá é preciso fazer algumas adaptações.
As provas dissertativas exigiriam o uso de uma tecnologia de inteligência artificial avançada que conseguisse corrigir as respostas escritas pelos candidatos. A outra alternativa, menos viável, seria convocar milhares de professores como ocorre hoje na correção da redação.
De acordo com o parecer, o novo formato não inviabilizaria o uso do TRI (Teoria de Resposta ao Item), o método “anti-chute” de correção do Enem.
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