Pouco tempo depois de ter sido divulgado, o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017, Desafios para Formação Educacional de Surdos, já divide opiniões. Alguns argumentam que se trata de um problema muito complexo para ser debatido por estudantes que acabaram de sair do Ensino Médio, enquanto outros comemoram que um tema ainda tão pouco falado tenha recebido tal destaque.
Neste domingo (5), os 6,7 milhões de candidatos inscritos tiveram 5h30 para resolver 45 questões de Ciências Humanas, 45 de Linguagens e a prova de redação. No domingo da semana que vem, 12 de novembro, será a vez da prova de Ciências da Natureza e Matemática, com 4h30 de duração.
“É um tema que causa impacto nos estudantes, pois é muito específico e pouco divulgado”, diz a professora Maria Aparecida Custódio, do Objetivo. “Mas é importante trabalhar isso com os estudantes para despertar a empatia, respeito ao próximo e enfatizar o acesso igualitário à educação”, elogia.
O professor Noronha, do Sistema de Ensino COC, concorda: “A complexidade se dá pela especificidade do tema: falar de inclusão no âmbito geral, com a possibilidade de tratar de outras deficiências, como a motora e a visual, seria menos complicado. Esse recorte para tratar dos surdos deve gerar mais dificuldade”.
Mas ele também acha que a escolha faz sentido: “No contexto histórico da educação nacional, essa questão das inclusão dos surdos sempre aparece. Além disso, é a primeira vez que o Enem oferece um atendimento especializado para os surdos“. A partir deste ano, o exame está sendo traduzido para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), por meio de videoprovas, para os candidatos surdos.
Os professores ressaltam a importância dos textos apresentados na coletânea da proposta (ainda não divulgados) para que o aluno faça uma boa redação. “A banca irá exigir uma boa capacidade de leitura e interpretação desses textos”, diz o professor Noronha.
Discussão
No post em que o GUIA DO ESTUDANTE divulgou o tema da redação em sua página no Facebook, os comentários estavam divididos. Houve quem elogiasse a proposta, como Ana Carolina:
“Quem não tem empatia não vai fazer uma boa redação”, completou uma leitora.
Outro comentário muito apoiado foi da usuária Elaine Ribeiro:
“Para um professor com certeza é mais fácil, agora para um aluno de ensino médio público… Complica, uma vez que o próprio governo ainda está engatinhando quando se trata de políticas públicas para inclusão”, completou depois a usuária.
Muitos concordaram:
E houve quem discordasse:
Mas muitos defenderam o tema, embora reconhecessem sua complexidade:
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Direitos Humanos
No sábado (4), a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, decidiu manter a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que determinou a suspensão da regra que previa a anulação da redação que violasse os direitos humanos. Apesar disso, a competência cinco, que vale 200 pontos, determina que a redação deve ter uma proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos. Esse item não foi modificado pela decisão judicial.
Diante da decisão, o MEC e o Inep reforçaram aos participantes do Enem 2017 que não haverá anulação automática da redação que violar os direitos humanos, como previa o edital do Enem. “Continuam em vigor os critérios de correção das cinco competências, conforme estabelecido na Cartilha de Participante – Redação no Enem 2017”, diz nota.
A redação no Enem
O texto da redação do Enem deve ser dissertativo-argumentativo e o candidato deve apresentar uma proposta de solução para o problema proposto. As redações com sete linhas ou menos receberão nota zero. Também serão eliminados candidatos que fugirem totalmente ao tema proposto e os que escreverem impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação.
O tema deste ano segue a tendência das últimas edições do Enem, que costuma abordar temas sociais. No ano passado, o tema foi Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil. Violência contra a mulher, publicidade infantil, lei seca e movimento imigratório também foram abordados nos últimos anos.
As redações serão avaliadas de acordo com cinco competências: domínio da norma-padrão da língua escrita, compreensão da proposta da redação e aplicação de conceitos de diversas áreas do conhecimento para desenvolver o tema; capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações para defender um ponto de vista; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação e elaboração de proposta de intervenção ao problema abordado, respeitando os direitos humanos.
Resultado
O resultado individual da prova será publicado em 19 de janeiro.