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Estudo

ARISTÓTELES

Frequentador da Academia ateniense, Aristóteles foi o mais prestigiado e crítico discípulo de Platão

por Guia do Estudante Atualizado em 18 ago 2017, 16h07 - Publicado em
16 ago 2017
12h26

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Aristóteles

ORIGEM

Estagira (atual Stavros) (384-322 a.C.)

PRINCIPAIS OBRAS

Metafísica; Física; Ética a Nicômaco; Política; Órganon; Retórica

FRASE-SÍNTESE

“Aquele que chega a conhecer as coisas mais árduas e que apresenta grande dificuldade para o conhecimento humano, este é um filósofo. Além disso, aquele que conhece com maior exatidão as causas e é mais capaz de ensiná-las é, em todas as espécies de ciências, um filósofo.”


BIOGRAFIA

Filho de um médico da família real da Macedônia, Aristóteles foi frequentador da Academia ateniense, sendo o mais prestigiado discípulo de Platão. No entanto, Aristóteles não pôde assumir a liderança da Academia porque era meteco, isto é, não era ateniense. Devido à sua fama, Aristóteles, em 333 a.C., foi convidado por Felipe da Macedônia a encarregar-se da educação de seu filho Alexandre, futuro senhor do mundo.

Aos 49 anos, Aristóteles fundou, perto do templo de Apolo Lício, sua escola, o Liceu, rival da Academia de Platão. Como Aristóteles dava aulas passeando, sua escola também ficou conhecida como peripatética (peripatos é caminho em grego). Morreu em Cálcis, na ilha de Eubeia, na Grécia.

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A FILOSOFIA DE ARISTÓTELES

Na pintura de Rafael Sanzio, Platão e Aristóteles aparecem no centro da imagem. Platão, com o dedo apontado para o alto, refere-se ao mundo das ideias, e Aristóteles, à sua direita, refere-se à matéria e à forma.
Na pintura de Rafael Sanzio, Platão e Aristóteles aparecem no centro da imagem. Platão, com o dedo apontado para o alto, refere-se ao mundo das ideias, e Aristóteles, à sua direita, refere-se à matéria e à forma. (Reprodução/Reprodução)

Aristóteles foi um severo crítico de Platão. O ponto central de sua contestação consiste na rejeição do dualismo – mundo sensível e mundo inteligível – representado pela teoria das ideias.

A questão que Aristóteles levanta, em resumo, é: se Platão propõe a existência de dois mundos e, após isso, explicita que, por meio da dialética, é possível passar do mundo sensível para o mundo inteligível, ele admite que os dois mundos possuem relações internas, isto é, possuem características em comum. Se isso for verdadeiro, os dois mundos têm intersecções, e, nesse caso, não se trata de dois mundos – e a teoria platônica cai por terra. De outra forma, se não existirem relações entre os dois mundos, torna-se impossível passar de um para o outro, e a teoria platônica também não se sustentaria.

Para resolver esse problema, Aristóteles cria um novo ponto de partida. Os indivíduos possuem duas substâncias indissociáveis:

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A matéria (hyle) é a marca da particularidade.

A forma (eidos) é o princípio que determina a matéria e lhe proporciona uma essência, uma universalidade.

Assim, todos os indivíduos de uma mesma espécie teriam a mesma forma, mas difeririam do ponto de vista da matéria, já que se trata de indivíduos diferentes. As formas são imutáveis e perfeitas, como as ideias platônicas, mas não residem em outro mundo. Não existem formas ou ideias puras, como queria Platão – o intelecto humano, por meio da abstração, separa a matéria da forma.

Aristóteles também ignora o conhecimento inato para reconhecer formas, como admitia Platão. Para Aristóteles, todo conhecimento principia com os sentidos ou as sensações (aisthesis), de maneira que não há “nada no intelecto que não estivesse antes nos sentidos”: a sensação, portanto, não é o engano ou a mentira, como dizia Platão. É a partir da memória que retemos dados do mundo sensorial e, assim, criamos experiências a partir das quais estabelecemos relações entre os dados sensoriais e aquilo que está na memória. A partir das experiências passamos a elaborar os conceitos e, com a repetição de dados sensoriais, o homem cria conclusões e expectativas.

A partir disso, a etapa seguinte é a techné, isto é, a arte ou técnica. A techné significa saber “o porquê das coisas”, as regras que nos permitem produzir determinados resultados, o que nos dá a possibilidade de ensinar. Para Aristóteles, de modo geral, quem conhece as regras, isto é, possui a techné, é superior a quem apenas possui a técnica.

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A última etapa do conhecimento, a mais elevada para Aristóteles, é a episteme, quer dizer, a ciência ou o conhecimento: trata-se do conhecimento do real em seu sentido mais abstrato e genérico, quer dizer, as leis da natureza ou do cosmo. É um saber gratuito, uma finalidade em si mesma, que satisfaz uma curiosidade natural no homem, o desejo de conhecer, sem objetivos práticos imediatos.


VIDEOAULA: AS DIVERGÊNCIAS ENTRE ARISTÓTELES E PLATÃO

“É preciso dizer que, com a superioridade excessiva que proporcionam a força, a riqueza, os muito ricos não sabem e nem mesmo querem obedecer aos magistrados. Ao contrário, aqueles que vivem em extrema penúria desses benefícios tornam-se demasiados humildes e rasteiros. Disso resulta que uns, incapazes de mandar, só sabem mostrar uma obediência servil e que outros, incapazes de se submeter a qualquer poder legítimo, só sabem exercer uma autoridade despótica.”

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Ética e política

Estátua de Aristóteles
Estátua de Aristóteles (Reprodução/Reprodução)

Em Aristóteles, a ética presume-se como o estudo da virtude (areté), de maneira que “nosso objetivo é nos tornarmos homens bons, ou alcançar o grau mais elevado do bem-humano. Esse bem é a felicidade; e a felicidade consiste na atividade da alma de acordo com a virtude”. Todavia, as virtudes éticas não são mera atividade racional, como as virtudes intelectuais, mas implicam, por natureza, um elemento sentimental, afetivo, passional, que deve ser governado pela razão, e não pode, todavia, ser completamente resolvido na razão.

Uma de suas mais famosas teses prevê que o homem feliz e justo está sempre à procura do meio-termo justo, tendo em vista a prudência e a moderação. O homem não será feliz se viver apenas cultivando os prazeres carnais ou o intelecto, mas, sim, se desenvolver e encontrar todas as suas capacidades e possibilidades. O homem feliz evita os extremos e busca o autocontrole. Aristóteles pensa o “meio-termo justo” não apenas como princípio a ser seguido na vida pessoal, mas na própria constituição das cidades gregas: “Em todas as cidades há três partes: os muito ricos, os muito pobres e os terceiros no meio destes. Se, portanto, concordarmos que o mediano e o meio são o melhor, é óbvio que a melhor prosperidade de todas é a média”. Tem-se, portanto, um elogio da mediocridade como o ideal de cidade para Aristóteles.

Em sua obra Política, encontra-se sua famosa definição segundo a qual “o homem é um animal político”, isto é, um ser que, por ter o discurso racional (logos), se realiza na comunidade e não pode ser compreendido fora de suas relações com seus semelhantes. Em Ética a Nicômaco, Aristóteles escreve que “uma andorinha não faz verão”.  Como as andorinhas, na época do calor, andam juntas, o filósofo diz isso para lembrar que o indivíduo não deve ser entendido (e julgado) isoladamente.

Aristóteles hoje

Para que serve o conhecimento? Vivemos hoje uma época bastante tecnicista, a qual crê que todo conhecimento deve servir a algo. Aristóteles, entretanto, não apenas lembra a importância do conhecimento gratuito, mas também enfatiza sua superioridade: quem serve a alguém é servo, de maneira que o conhecimento que possui um fim mesmo seria, para ele, soberano, superior. Evidentemente, ninguém irá negar a importância do conhecimento técnico, sem o qual este próprio texto não poderia existir. Entretanto, Aristóteles nos lembra da importância de outros saberes.

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