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7 fatos que não te contam sobre a abolição da escravidão no Brasil

A história por trás da abolição é complexa e cheia de nuances que podem ter ficado de fora dos seus livros didáticos

Por Redação
13 Maio 2025, 10h00
Ativistas, grupos culturais e religiosos comemorando o Dia da Consciência Negra com atividades em frente à estátua de Zumbi dos Palmares, no centro do Rio de Janeiro.
Ativistas, grupos culturais e religiosos comemorando o Dia da Consciência Negra com atividades em frente à estátua de Zumbi dos Palmares, no centro do Rio de Janeiro. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
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A abolição da escravidão no Brasil, em 1888, é um dos marcos mais importantes da nossa história. No entanto, existem aspectos dessa conquista que são pouco conhecidos ou distorcidos. A história do fim da escravatura não é apenas sobre a assinatura de um documento, a famosa Lei Áurea, mas envolve uma série de acontecimentos, tensões e personagens fundamentais que merecem sua atenção. 

Confira abaixo alguns fatos que podem ter ficado de fora das suas aulas de História, desde pressões políticas até a contribuição fundamental de líderes negros para o fim da escravatura no país.

1. A Abolição já havia ocorrido no Ceará

Antes da assinatura da Lei Áurea, em 1888, o estado do Ceará já havia abolido a escravidão em 1884, sendo a primeira unidade da federação a fazê-lo. A pressão local pela liberdade foi impulsionada por movimentos abolicionistas e pela crescente necessidade de mão-de-obra assalariada na agricultura. O Ceará tornou-se, então, um exemplo de resistência ao sistema escravocrata, sendo uma referência para outros estados que ainda mantinham a escravidão.

A abolição cearense também foi movida pela luta de pessoas como o líder abolicionista Luís Gama e pela forte organização das comunidades negras. Embora não tenha sido seguida de imediato pelos outros estados, esse movimento antecipou a libertação de milhares de escravizados e trouxe à tona a ideia de que a liberdade não era apenas uma questão moral, mas também econômica e política.

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2. A Princesa Isabel foi pressionada a assinar a Lei Áurea

A assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, não foi uma simples decisão da Princesa Isabel. Embora muitas vezes vista como a heroína que libertou os escravizados, Isabel agiu em um cenário de forte luta política, em que sua assinatura foi mais uma consequência das tensões sociais e da resistência interna de setores progressistas, como o movimento abolicionista, do que uma escolha voluntária. Isso sem mencionar a pressão externa de grandes potências da época, como a Inglaterra.

Já ouviu falar da expressão “para inglês ver”? Pois é, esse foi literalmente o caso de uma lei de 1830 que declarava livres os africanos que desembarcavam nos portos brasileiros, como uma resposta do Brasil à pressão inglesa. É claro que, na prática, não funcionava assim. No entanto, o cenário tornou-se cada vez mais insustentável, e o medo da instabilidade social e econômica fez com que a elite pressionasse para que o fim da escravidão fosse decretado.

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3. A Independência também teve um papel central de negros

Muitas vezes, a história da Independência do Brasil (1822) ignora o papel fundamental de líderes negros na luta pela autonomia do país. É o caso de Zumbi dos Palmares, que já havia falecido, mas cujas ideias ainda influenciavam os negros na época. Outros líderes africanos e afro-brasileiros também desempenharam um papel decisivo nas batalhas pela liberdade.

Zumbi e outros heróis negros não foram apenas símbolos de resistência à escravidão, mas também figuras centrais em movimentos que lutavam pela autonomia e igualdade. Além disso, a presença de negros nas fileiras do Exército e nas guerrilhas que precederam a independência mostrou que a luta pela liberdade era multifacetada e envolvia diversas frentes, incluindo a contribuição decisiva da população negra.

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4. O tráfico de escravizados continuou mesmo após a proibição

O tráfico de escravizados foi oficialmente proibido no Brasil em 1831, mas o comércio ilegal de africanos continuou, muitas vezes com a conivência de autoridades locais. Até 1850, quando o governo federal de Dom Pedro II impôs a Lei de Terras, a prática continuou com grande intensidade, alimentada pela demanda crescente de mão-de-obra nas plantações de café e nas indústrias.

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O tráfico de escravizados era um negócio lucrativo e, em muitos casos, havia uma rede de corrupção que permitia que ele seguisse em andamento, sustentando a escravidão até seus últimos dias.

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5. A abolição não garantiu igualdade imediata

Embora a assinatura da Lei Áurea tenha libertado legalmente os escravizados, ela não garantiu direitos sociais ou econômicos para a população negra. A maioria dos libertos se viu sem recursos, sem terras e sem um sistema de inclusão social adequado. O Brasil não estava preparado para integrar essas pessoas de forma justa na sociedade, e a exclusão persistiu por décadas.

A abolição, sem políticas públicas que garantissem o acesso à terra, à educação e ao trabalho digno, deixou muitos ex-escravizados na marginalização. Isso gerou uma desigualdade estrutural que persiste até hoje. O fim da escravidão foi apenas um primeiro passo, e a verdadeira liberdade dependia da criação de um novo modelo social que incluísse os negros como cidadãos plenos.

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6. O movimento abolicionista teve ampla participação feminina

Embora a história frequentemente destaque os homens brancos como os principais responsáveis pela abolição, mulheres desempenharam papéis cruciais no movimento. Nomes como a romancista Maria Firmina dos Reis e Tereza de Benguela foram fundamentais para a mobilização.

Essas mulheres usaram diversas formas de resistência, da escrita ao ativismo político, para denunciar a escravidão e suas consequências. Elas não só ajudaram a sensibilizar a sociedade, mas também mostraram que a luta pela liberdade envolvia todos os segmentos da população.

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7. A abolição foi uma consequência da transição econômica

A escravidão foi sendo gradualmente questionada à medida que a economia brasileira passava por transformações. A ascensão do café como produto de exportação e a chegada de imigrantes europeus criaram uma nova dinâmica econômica que já não dependia tanto do trabalho escravo. Esse processo foi central para o enfraquecimento do sistema escravocrata, que se tornou insustentável à medida que a economia se modernizava.

A transição do modelo agrícola monocultor para uma economia mais diversificada e industrializada fez com que a mão-de-obra escrava fosse considerada menos vantajosa, e o trabalho assalariado passasse a ser mais atraente. Esse fator econômico foi fundamental para que a escravidão fosse finalmente abolida, mesmo diante das resistências políticas e sociais.

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