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9 de julho: saiba por que é feriado em São Paulo

Já ouviu falar em uma tal "Revolução Constitucionalista"? Entenda o que os paulistas fizeram em 1932

Por Taís Ilhéu
8 jul 2024, 15h00
Manifestação na Praça da Sé, em São Paulo, em maio de 1932.
Manifestação na Praça da Sé, em São Paulo, em maio de 1932. (Autor desconhecido/Wikimedia Commons)
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Há 92 anos, em 9 de julho de 1932, o estado de São Paulo iniciou um levante que poderia ter mudado a história do Brasil, mas que não saiu exatamente como planejado. A ideia era derrubar o presidente Getúlio Vargas, e retomar a dianteira na política e economia do país. Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro até foram chamados para se juntar aos revoltosos – pois é, poderia ser feriado por lá também – , mas não aderiram. O saldo? Depois de quase três meses de conflito, os paulistas foram derrotados, e pelo menos 634 morreram na luta. Ainda assim, o episódio é rememorado com orgulho pelo estado, tanto que virou feriado.

Neste texto, entenda a cronologia dos fatos e o que foi a Revolução Constitucionalista de 1932.

Entra Getúlio, sai café com leite

Para entender o que foi o movimento de 1932, é preciso antes relembrar a Revolução (ou golpe) de 1930. Até 1929, o Brasil vivia a chamada República Oligárquica, que também ganhou o apelido de “café com leite“. São Paulo (produtor de café) e Minas Gerais (produtor de leite), eram as duas grandes potências do país na época, com as maiores populações e riquezas. Por isso, fizeram um acordo para governar o país: escolhiam um candidato único à presidência em todas as eleições, que era ora paulista, ora mineiro.

+ Conheça os 12 presidentes da República Oligárquica

Foi assim até o governo de Washington Luís, que enfrentou uma dura crise econômica (com a quebra da bolsa americana em 1929) e política (com a ascensão de movimentos operários e militares que faziam oposição ao governo). Para sua sucessão, indicou como candidato Júlio Prestes, que também era paulista. Com isso, colocou em xeque a política do café com leite.

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Traídos, os mineiros do PRM (Partido Republicano Mineiro) juntaram-se ao Rio Grande do Sul e Paraíba para apoiar um candidato que entraria para a história como um dos mais importantes presidentes brasileiros: Getúlio Vargas.

Mesmo com propostas como o voto secreto e outras tidas como mais democráticas, Vargas perde a eleição para Júlio Prestes, e aceita a derrota em um primeiro momento. No entanto, o paraibano João Pessoa, candidato à vice da chapa derrotada, é assassinado dias depois, e com isso eclode um grande conflito.

Articulando diversos estados e com apoio militar, Getúlio Vargas aplica um golpe de Estado, toma o poder na Revolução de 1930, e coloca fim à República Velha.

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+ Como a morte de Getúlio Vargas iniciou um levante popular no Brasil

Revolução de 1932

Por esse histórico dá para entender por que São Paulo não saiu muito contente dessa história, certo? Para começo de conversa, quem deveria assumir a presidência a partir de 1930 era Júlio Prestes, um paulista que havia sido eleito. Mas para além de ter sido tirado à força do poder, o estado também não gostou do cenário que começava a se desenrolar com o governo provisório de Getúlio Vargas.

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O novo presidente passou a aplicar medidas para diminuir o poder de influência das oligarquias. Dissolveu os legislativos e executivos de cada estado, e nomeou interventores de sua confiança. São Paulo, que até então era o estado mais rico do Brasil e que por isso ditava os rumos do país, agora estava a mercê do comando de Vargas.

Os paulistas também exigiam a criação de uma nova constituição, medida da qual o presidente se esquivava. A insatisfação cresceu por quase dois anos, até que a morte de quatro estudantes paulistas (Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo) fez a conspiração ganhar corpo em maio de 1932. Depois de buscar apoio em todo o estado – e conquistar simpatia da população e dos setores industriais – os ataques começaram em 9 de julho de 1932.

Apesar de terem o fator surpresa a seu favor, os paulistas foram aos poucos esmagados pelo governo Vargas. Pouco antes de completar três meses, a revolta foi encerrada em 1º de outubro de 1932. São Paulo se rendeu, e saiu do conflito que deixou cerca de 634 mortos.

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