Além das provas tradicionais no final do ano, algumas universidades realizam outro processo seletivo entre junho e agosto, os chamados Vestibulares de Inverno. Em geral, as provas não apresentam diferenças consideráveis em relação aos vestibulares tradicionais, exceto pelo prazo de aplicação. Ou seja, embora existam boatos de que menos conteúdo é cobrado e que as questões são mais fáceis, os temas são referentes a todo o ano letivo, dando menos tempo de preparação aos vestibulandos. Portanto, disciplina e foco são fundamentais para obter um bom desempenho.
Já a concorrência tende a ser menor, segundo André Freitas, gerente de projetos pedagógicos do Sistema de Ensino pH. “Em geral, faz vestibular de inverno aquele aluno que já encerrou o Ensino Médio, mas não foi aprovado no vestibular do final do ano anterior. É como se ele tivesse uma segunda chance no meio do ano de concorrer a algumas vagas sem todos os estudantes que precisam ainda concluir a escola”, explica. Ao mesmo tempo, isso não significa que esses vestibulares não sejam concorridos.
“Em algumas universidades, o número de vagas disponíveis nessa época é menor, então, a concorrência aumenta. Outro ponto é o fato de existir um número menor de vestibulares no meio do ano, em comparação com o final do ano, e isso pode fazer com que as listas rodem menos. É algo que varia muito. Por isso, a preparação precisa seguir a todo o vapor, assim como nos processos seletivos tradicionais”, explica Maria Pereira, coordenadora de Orientação Educacional do Poliedro Curso.
Vestibulares de medicina, por exemplo, são concorridos tanto em instituições públicas quanto em particulares, seja no final do ano, ou no meio. Para se ter uma ideia, em 2019, o vestibular de meio do ano da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) teve 340,77 candidatos inscritos por vaga. Já o vestibular da UEM (Universidade Estadual de Maringá) 2019.2 teve 413,7 candidatos por vaga.
“O processo seletivo para ingresso em administração de empresas na FGV (Fundação Getúlio Vargas) também costuma ser concorrido, tanto no meio quanto no final do ano. Cursos de psicologia, odontologia e arquitetura são outros cursos de alta concorrência nos vestibulares de inverno”, diz a coordenadora.
Para te ajudar a decidir se vale a pena ou não, selecionamos, com a ajuda dos especialistas, algumas vantagens e desvantagens para você avaliar. Para quem já está decidido a prestar algum vestibular de inverno, também deixamos algumas dicas especiais no final da reportagem. Confira:
Vantagens
Em primeiro lugar, os vestibulares de inverno são uma chance a mais de ingressar em uma universidade. “Muitos estudantes imaginam que o vestibular é aquele grande dia D, que vai coroar ou que vai sacrificar todo um ano. Ter mais de um vestibular já alivia a pressão sobre a sua preparação no sentido de saber que, se as coisas derem errado em dezembro/janeiro, em junho/julho dá para tentar de novo um e entrar na universidade no segundo semestre”, diz Freitas.
Para estudantes que estão há mais tempo no cursinho e já se sentem cansados, também é um meio de encurtar a jornada e alcançar a tão sonhada vaga. Consequentemente, é mais uma oportunidade de conquistar uma bolsa de estudos. Pensando nisso, vale a pena pesquisar processos seletivos de inverno que permitam ao estudante usar a nota do Enem anterior.
E para vestibulandos que estão treinando para os vestibulares tradicionais, pode ser uma boa oportunidade de passar pela experiência de prova.
Desvantagens
É preciso, porém, tomar alguns cuidados. “É importante reforçar que os jovens precisam estar emocionalmente preparados para que não se abalem caso o resultado não seja positivo como imaginaram, afinal, podem ainda não estar prontos pedagogicamente. E está tudo bem!”, diz Pereira.
Uma das principais desvantagens apontadas pela coordenadora do Poliedro é que obter uma pontuação menor do que a esperada pode representar uma queda da expectativa e impactar negativamente no emocional, gerando ansiedade e nervosismo. “É preciso ter cautela e entender que a aprovação no vestibular é um processo. Cada um tem seu ritmo.”
Como o ano letivo ainda está na metade, também inviabiliza a participação de estudantes que estejam concluindo o Ensino Médio. Além disso, como o conteúdo cobrado é referente a todo o ano letivo, o tempo de estudos é menor e o cronograma precisa ser enxuto.
Por fim, como já mencionamos, por dar acesso às vagas apenas do segundo semestre, muitas universidades têm nesses processos seletivos uma forma de preencher algumas vagas que ainda não foram preenchidas. “É possível que se você comparar um vestibular convencional com as vagas ofertadas no vestibular de inverno não tenha todos os cursos ou a mesma quantidade de vagas”, afirma Freitas.
Dicas
Apesar dos vestibulares de inverno serem muito semelhantes às provas tradicionais, é importante prestar atenção em alguns aspectos na hora da preparação.
Atenção ao edital
Em alguns vestibulares, o peso de cada matéria varia de acordo com o curso desejado. Essas informações influenciam não só na estratégia de estudos, mas também na de realização da prova. O edital também é importante para verificar se todos os conteúdos relevantes foram estudados – ainda mais considerando que você pode não ter revisado alguns conteúdos que seriam abordados no segundo semestre.
Entenda que a jornada dupla pode ser necessária
As provas de meio de ano continuam exigindo o mesmo conteúdo das tradicionais. Então, além de estudar o que está sendo ministrado pelos professores do curso, é preciso acrescentar no cronograma um tempo para adiantar os conteúdos que serão exigidos nas provas e que não serão ensinados a tempo em aula. “A recomendação é que reservem de duas a três horas por semana para focar nestes tópicos listados no edital da prova”, diz Pereira.
Invista em simulados e exercícios
Fazer simulados ajuda a entender qual a melhor estratégia de prova a seguir e a desenvolver maior capacidade de gerir o tempo para cada questão. Além disso, fazer exercícios é uma ótima forma de perceber o que está mais superficial e precisa ser ajustado antes do dia do exame.
Pesquise possibilidades de financiamento e bolsas de estudos
Grande parte das universidades que oferecem vestibulares de meio de ano são particulares. Por isso, vale a pena fazer uma pesquisa para entender se existem oportunidades de financiamento, como o Prouni, ou de bolsas de estudos que possam ser oferecidas pela instituição.