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O que foi o nazismo?

Em 1933, Adolf Hitler foi empossado primeiro-ministro da Alemanha, defendendo uma ideologia de extrema-direita, racista e bélica.

Por Paulo Zocchi
Atualizado em 7 nov 2023, 11h45 - Publicado em 7 nov 2023, 11h33
Adolf Hitler, Heinrich Himmler, Rudolf Hess e Gregor Strasser em celebração nazista em 1927, em Nuremburgo  (Bundesarchiv, Bild 146-1969-054-53A/Wikimedia Commons)
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Surgido há cerca de cem anos, na Alemanha, o nazismo foi um movimento político de extrema-direita que marcou profundamente o século 20 e continua repercutindo até hoje. Nas décadas de 1920 e 1930, o nazismo tornou-se um dos principais estopins da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), durante a qual desencadeou o Holocausto – o extermínio de milhões de judeus. Seu fundador e principal líder foi Adolf Hitler, chefe de estado alemão por mais de dez anos.

Como o nazismo surgiu?

Adolf Hitler nasceu na Áustria, em 1889, e passou a morar já adulto em Munique, no sul da Alemanha (região da Baviera). Ele ingressou voluntariamente no Exército alemão, em 1913, e lutou como soldado na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Após a guerra, aderiu ao Partido Operário Alemão (de extrema-direita), que se tornou o Partido Nazista (formalmente, Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães). Hitler chegou a líder absoluto do partido em 1921. A expressão “Nazi” é formada a partir das duas primeiras sílabas das palavras  “nacional-socialista” em alemão.

Em 1923, o Partido Nazista tentou tomar o poder à força no estado da Baviera, com 15 mil homens armados, mas fracassou, e Hitler acabou preso. Na cadeia, onde passou alguns meses, começou a escrever “Minha Luta” (“Mein Kampf”), livro que fundamentaria a ideologia e a prática nazistas.

Como Hitler chegou ao poder

As bases para o crescimento do Partido Nazista, nos anos 1920, são a profunda crise econômica enfrentada pela Alemanha naquele período e o descontentamento com o Tratado de Versalhes, firmado ao final da Primeira Guerra Mundial. Segundo o tratado, as potências vencedoras, Reino Unido e França, recebiam pesadas indenizações a serem pagas pela Alemanha e por outros países derrotados (o que afetava suas economias), além de passarem a controlar vários territórios dos derrotados. A França, por exemplo, acabaria anexando as regiões de Alsácia e Lorena, que faziam parte do Estado alemão desde 1871.

Explorando o ressentimento pelas consequências da derrota militar, os nazistas pregavam o militarismo a serviço da expansão territorial da Alemanha e a sua afirmação como grande potência mundial. Difundiam ainda teses racistas, como a superioridade da suposta “raça ariana” e a “pureza racial” alemã, estigmatizando como “inferiores” pessoas negras, ciganas e judias. Neste período, os judeus eram uma parcela importante da população alemã, componentes de todas as classes sociais – incluindo operários, classe média e parte da elite econômica.

A República de Weimar (regime republicano na Alemanha vigente de 1918 até a implantação do nazismo) entrou em grandes dificuldades a partir da crise mundial de 1929 (grave recessão a partir da quebra da Bolsa de Valores de Nova York). Em 1933, o Partido Nazista obteve expressiva representação no Parlamento alemão. A maioria das cadeiras, porém, era ocupada pela esquerda, na época dividida entre o Partido Social Democrata e o Partido Comunista.

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Em meio à crise econômica e institucional no país, e diante da negativa dos dois partidos de esquerda de unirem suas forças no Parlamento, o presidente alemão, Paul Von Hindenburg, nomeou como chanceler – cargo equivalente ao de primeiro-ministro – o representante da maior bancada, Adolf Hitler. Assim, em 30 de janeiro de 1933, Hitler chegou à chefia do governo alemão.

+ Oito livros para entender o que foi o nazismo

Menos de um mês depois, em 27 de fevereiro de 1933, ocorreu o incêndio do Reichstag (sede do Parlamento alemão), imputado por Hitler aos comunistas. Com base nisso, o governo mandou prender centenas de líderes opositores e decretou a ilegalidade do Partido Comunista. Algum tempo depois, o Partido Nazista tornou-se o único partido legal.

Em 1934, Hindenburg morre, e Hitler assume seus poderes, tornando-se chefe de Estado. Estabelece então uma ditadura, que os nazistas chamavam de 3º Reich (em referência a dois períodos anteriores da história alemã).

Características do nazismo

Com a consolidação do poder de Hitler, as instituições do Estado alemão passaram a aplicar os preceitos nazistas. Os sindicatos foram fechados. A produção cultural e a educação acabaram colocadas totalmente a serviço da ideologia nazista. A propaganda política ganhou lugar de destaque na condução do governo. Um estado policial e grupos armados – formados desde o surgimento do nazismo – impuseram um regime de terror a toda a população.

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Com a ascensão do nazismo, iniciou-se a discriminação e a perseguição à população judaica, vítima de seguidas leis racistas e discriminatórias, de agressões crescentes, da expropriação de bens e propriedades e de segregação em guetos e campos de concentração. O antissemitismo chegaria ao extremo com o assassinato de 6 milhões de judeus durante a guerra em campos de concentração – genocídio que recebeu o nome de Holocausto.

+ Por que Hitler odiava os judeus?

Como a perspectiva do nazismo era tornar a Alemanha a principal potência mundial, o reforço das Forças Armadas tornou-se central, com a destinação de boa parte do orçamento estatal para a indústria bélica. Seguindo essa lógica, em 1938, as forças da Alemanha anexaram ao país a Áustria e os Sudetos – região da Tchecoslováquia com população majoritariamente alemã.

Mesmo sendo radicalmente anticomunista, Hitler forja um tratado de não-agressão com a União Soviética em 23 de agosto de 1939 (pacto Ribbentrop-Molotov, a partir dos nomes dos dois ministros das Relações Exteriores), para concentrar seu esforço inicial de guerra apenas no front ocidental.

A Segunda Guerra Mundial começou alguns dias depois (1º de setembro de 1939), com a invasão da Alemanha sobre a Polônia, até uma linha a leste delimitada com a URSS. Nos meses seguintes, o país dominaria militarmente a França, os Países Baixos, a Dinamarca e a Noruega, controlando os territórios até o Canal da Mancha e o oceano Atlântico. Em seguida, porém, virou-se para o front oposto, em meados de 1941 – e ataca o Leste Europeu e a União Soviética, o que acabaria levando o antigo bloco comunista a declarar guerra a Hitler.

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Quem eram os países do Eixo? E os Aliados?

Os dois grupos que disputaram a Segunda Guerra Mundial eram os países do Eixo e os países Aliados. 

Durante a guerra, formou-se o Eixo, com a Alemanha nazista, sob Hitler; a Itália fascista, de Benito Mussolini; e o Japão do imperador Hiroito. Do outro lado, estavam os Aliados, agrupando o Reino Unido, a França (governo no exílio), a União Soviética e os Estados Unidos (a partir de 1941).

A ofensiva nazista se manteve até meados de 1942, quando aconteceu uma grande virada no curso da 2ª Guerra Mundial. No início de 1943, o poderoso Exército alemão foi derrotado pelos soviéticos na famosa Batalha de Stalingrado. A partir disso, o Exército da URSS iniciou o avanço para oeste, retomando o controle sob o Leste Europeu, em direção à Alemanha.

Em 6 de junho de 1944, os exércitos Aliados (basicamente norte-americanos e britânicos) promoveramm o Dia D, com o desembarque de tropas na Europa continental, na Normandia, litoral da França. O Exército nazista passou então a ser atacado pelos fronts oriental e ocidental.

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Diante da tomada iminente da Berlim, capital da Alemanha, pelos soviéticos, Hitler acabou suicidando-se, em 30 de abril de 1945, junto com a mulher, Eva Braun. A rendição da Alemanha foi assinada em 8 de maio de 1945. 

Após 12 anos de domínio, o nazismo levou a Alemanha a uma catástrofe sem precedentes. O país foi ocupado pelos exércitos soviético, norte-americano, britânico e francês, e acabou dividido em dois blocos – a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental (regime comunista). A divisão se mantém por 45 anos, até 1990, quando aconteceu a reunificação.

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