O que são as ‘fintechs’ e como trabalhar na área
Saiba mais sobre o novo tipo de empresa que une mercado financeiro e tecnologia
O mercado financeiro está sofrendo uma revolução tecnológica. Saem de cena cheques (aliás, você já viu um?) e dinheiro vivo e entram em cena cartões por aproximação e pagamentos por celular (principalmente, agora com o Pix).
Além dos tradicionais bancos, as fintechs propõem novos modelos de negócio e uma área profissional pouco explorada. No final de 2019, a área de finanças foi uma das que mais contratou. Alexandre Benedetti, diretor da Talenses, consultoria de recrutamento especializado, contou à Exame que “essa área sempre tem relevância dentro das empresas, independentemente do cenário econômico”.
O que é fintech?
A expressão fintech vem das palavras “financial technology” ou, em português, tecnologia financeira. As empresas que investem nessa área surgiram para inovar o mercado oferecendo tecnologias em conta corrente a investimentos.
Em entrevista para o canal do YouTube da Casa do Saber, o vice-presidente de estratégia do iFood, Diego Barreto, conta que, com o avanço da internet, as pessoas já não estão mais dispostas a frequentar agências de bancos. Elas querem facilidade para resolver seus problemas, mas o antigo sistema financeiro não está atendendo esses interesses.
“É evidente que existe colaboração entre os atores do sistema financeiro, entretanto, quando se compara com outros países, essa colaboração, em especial aquela que resulta em eficiência e uma melhor experiência para o usuário, não é grande”, comenta.
Diego diz que o modelo das agências continuará a existir, mas se tornará menor, um pequeno nicho. De acordo com ele, o incentivo a essas empresas vai gerar um enorme benefício ao país, aos brasileiros e aos grupos financeiros tradicionais.
Como se especializar?
Mas ainda existem poucos cursos que focam na área de Finanças. Carlos Bastian, Doutor em Administração de Empresas e professor da PUC-RJ, conta que existe uma alta demanda para formar profissionais da área, que ainda não é suprida pelos grandes cursos de formação básica. “Mesmo em cursos como Economia não existe enfoque suficiente o que leva o estudante a ter que fazer uma especialização após a graduação”, afirma.
Além disso, ele comenta que disciplinas como ética do corporativismo financeiro, ainda que relevantes, não estão inclusas. Uma das certificações mais reconhecidas na área do mercado financeiro realizada pelo CFA Institute tem uma parte da avaliação voltada para a ética nesse mercado. “O Chartered Financial Analyst (certificado mencionado) estabelece um padrão mundial de conhecimento aprofundado na área e mais ou menos 40% da prova é relacionada à ética, mas essa discussão ainda é pouco explorada no Brasil”, disse.
Por isso, a PUC em parceria com a IAG – Escola de Negócios da PUC-Rio, resolveu abrir o TecFin, que prepara estudantes especialmente para o mercado financeiro. O curso Tecnológico de 3 anos de duração integra matérias como ética, sustentabilidade ambiental e governança corporativa. O foco é preparar futuros profissionais que querem trabalhar diretamente com mercado de capitais, gestão financeira de empresas e, ainda, novas tecnologias.
“Um dos eixos do curso chama-se Fintech e se dedica a ensinar sobre essa área que é muito nova. Nessa formação esperamos que saiam produtos como o Pix, um produto de tecnologia que vai revolucionar o mercado financeiro”, afirma Carlos que é, também, coordenador do TecFin.
Por que todo mundo está falando sobre Pix?
Lançado pelo Banco Central, o Pix é uma ferramenta tecnológica para pagamento instantâneo. Atualmente, as transferências de dinheiro são feitas por meio de ferramentas controladas pelos bancos e seguem algumas regras como pagamento de taxas e horários limitados para a sua realização.
Com o Pix, qualquer transferência pode ser feita em qualquer dia e qualquer hora. Segundo o BC, a transferência demora, no máximo, dez segundos.
De acordo com o professor Bastian, esses novos produtos, totalmente digitais, reduzem o custo de operação das instituições financeiras. Dessa forma, menos tarifas também são repassadas para os clientes. “Na verdade, todos os bancos já são digitais, mas essas mudanças vão tornar a operação muito mais inteligente”, afirma.