Cursar uma faculdade em Portugal é um sonho para muitos vestibulandos. Afinal, é a forma mais fácil de nós, brasileiros, falantes nativos do português, adentrarmos no Velho Continente. Mas como fazer para estudar lá? Dá para usar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)?
Cris Zeloti, do site especializado EduPortugal, deu uma palestra na Feira Guia do Estudante 2018 exatamente sobre isso. Este ano é a primeira vez que a Feira GE traz universidades portuguesas, algo sempre muito solicitado pelos estudantes. Confira 5 dicas passadas no bate-papo para você que sonha em morar e estudar do outro lado do Atlântico:
1 – Só pode usar o Enem se for 100% brasileiro
Parece lógico, mas tem um detalhe importante: você não pode ter dupla cidadania europeia. Portugal entende que o Enem é um exame que mede a realidade de alunos brasileiros, sob o status de estudantes internacionais. Caso você tenha uma dupla cidadania europeia, você perde esse status, e precisa realizar o “Enem” deles (um exame português que dá acesso ao ensino superior) como qualquer cidadão europeu. Ou seja, achar que será mais fácil estudar em Portugal com uma dupla cidadania europeia é um erro.
Mais um ponto importante: o Enem só vale 50% da sua nota. A faculdade que você deseja entrar vai avaliar também o histórico escolar, algo que é exigido e vale os outros 50%. Ou seja, melhor não brincar na escola e deixar para recuperar as notas no Enem: se você quiser estudar em Portugal, tem que caprichar em tudo.
2 – Programe-se para pagar anualmente, não mensalmente
Muito atenção com a “propina”. Não, propina não é dinheiro ilegal, como no Brasil, e sim o valor que você vai pagar pela faculdade. É importante pesquisar bem os preços (e estar com a calculadora na mão): em Portugal, o valor das faculdades é dado de forma anual, não mensal. Então, não se espante se o valor da propina for alto, pois ele é equivale a doze meses de estudo.
E um conselho: faça as contas. Se você iria pagar no Brasil 2 mil reais de mensalidade em uma faculdade privada, considere um valor de 24 mil reais para comparar com as universidades portuguesas. Acredite, pode ser incrivelmente mais barato estudar na terra de Cabral.
3 – Não existe bolsa 100%
É, estudante, aí vai uma dura verdade: não existe bolsa 100% em Portugal. De um jeito ou de outro, você terá que pagar uma propina. Mas, existem várias bolsas parciais lá e são até bem acessíveis: a bolsa estudante CPLC (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), diversos brasileiros ganham só por serem falantes da língua portuguesa. E elas são em média de 50% a 60% — o que é um ótimo valor.
Assim como no Brasil, eles também possuem bolsa mérito, mas você terá que se provar já na faculdade: após uma ano pagando a propina normal, se suas notas forem destaque na turma, você pode pagar só metade da propina no segundo ano de estudo. Tudo graças aos seus bons resultados.
4 – Visto de estudante não permite que o aluno trabalhe – mas dá para reverter
Normalmente, todos os brasileiros que conseguem entrar em uma faculdade portuguesa entram no país com visto de estudante. Mas, esse visto não permite que o aluno trabalhe. Sabe-se que muitos estudantes precisam de uma renda complementar para se manter, e a boa notícia é que é possível reverter essa situação.
Tudo será feito meio que ao contrário (e com muita burocracia): primeiro o aluno precisa arranjar o emprego, para depois conseguir uma autorização para trabalhar. A empresa interessada em contratar um aluno estrangeiro deve emitir uma carta oficial, informando a função que será exercida, os horários (obrigatoriamente diferentes dos das aulas) e detalhes do trabalho que o estudante irá realizar. Com a carta e outros documentos em mãos (você pode conferir todos neste link), o aluno poderá solicitar uma autorização para trabalhar. E torcer.
5 – Não demore para aplicar – e se organizar
Para estudar em Portugal com o Enem, o ideal é fazer a aplicação para uma universidade já em janeiro, assim que as notas saírem. Cada faculdade exige documentos específicos para a aplicação, e você pode saber um pouco mais neste link. Mas não se iluda com o tempo: caso seja aprovado, mesmo suas aulas só começando em setembro (que é quando inicia o ano letivo europeu), organizar a viagem o quanto antes é essencial.
Os 6 meses de gap podem dar uma falsa ilusão de que é muito tempo, mas na verdade não é. Se você começar a resolver tudo em julho (visto europeu, mudança, alojamento, disciplinas curriculares, etc) não chegará a tempo para o início das aulas.