O coronavírus e suas consequências para as mais diversas esferas da sociedade têm afetado diretamente a rotina das pessoas pelo mundo. A pandemia é o foco de discussões entre médicos, economistas, políticos e desde o começo do ano é o principal assunto da imprensa. Todos esses fatores são relevantes na hora de uma banca de vestibular decidir o tema que será cobrado nas provas de redação.
Pensando nisso, conversamos com Ana Paula Dibbern, professora do Cursinho Maximize, de São Paulo (SP), e com Sérgio Paganim, coordenador de Linguagens do Anglo Vestibulares, e separamos alguns temas que cercam a questão e poderiam ser trabalhados em um texto.
Para Dibbern, dificilmente esse tema será cobrado no Enem, por ser algo politicamente delicado para o atual governo. Mas ela não exclui a possibilidade de que caia em vestibulares locais, como na Unesp, na Unicamp até mesmo na Fuvest.
Lembre-se que a questão aqui não é tentar adivinhar o tema das provas, mas desenvolver a sua habilidade para destrinchar algo que está em discussão e tem extrema importância no dia a dia. “É um exercício de reflexão sobre a realidade e sobre possibilidades de discussão, a partir daquilo que tem aparecido na imprensa a respeito da crise causada pelo coronavírus”, diz Paganim.
Consequências psicológicas
Uma das grandes questões da pandemia são as consequências psicológicas para os indivíduos relacionadas ao isolamento e ao medo da morte. Essa nova situação de confinamento de parte da população e de uma mudança abrupta no estilo e nas perspectivas de vida pode ser um recorte trabalhado pela banca.
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Organização social
Uma segunda possibilidade de discussão é a organização social. Como vai ser a sociedade pós-isolamento, pós-coronavírus? A banca pode questionar se ocorrerão mudanças sociais profundas ou se vamos voltar ao estilo de vida de antes. Esse tema inclui também a tecnologia e como ela se tornou crucial para a comunicação e para certos grupos continuarem trabalhando de casa.
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Consequências econômicas
Considerando a crise econômica causada pela pandemia, a banca pode abordar discussões sobre a recuperação do sistema financeiro, seus efeitos sociais, o endividamento de famílias e de cidades e estados. Ou seja, não apenas as consequências econômicas em si, mas como elas evidentemente afetam outras grandes áreas da vida em comunidade.
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Relações de poder
É possível levantar um debate para avaliar também se o Estado sai mais fortalecido ou enfraquecido da crise. Além disso, vale analisar se os estados e municípios ganharam ou não mais força em relação ao governo federal no gerenciamento da crise.
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Relações internacionais
A banca pode destacar quais serão as consequências do coronavírus na relação entre os países, em um momento em que fronteiras são fechadas, o comércio exterior sofre uma abrupta parada e a produção a nível internacional despenca. E de que maneira a sociedade internacional vai se reorganizar para lidar com questões econômicas, humanitárias e sanitárias no futuro?
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Noção de liberdade
Outra possibilidade é a conexão da pandemia com a noção de liberdade. Discute-se muito sobre punir ou não aquele que desobedece o isolamento e se está certo, por exemplo, invadir a privacidade por meio da geolocalização dos celulares para coibir as pessoas a saírem de casa.
Ou seja, analisar a relação entre o isolamento social, a pandemia e as noções de liberdade. Elas vão se alterar? Elas estão se adaptando? Elas estão sofrendo mudanças profundas?
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Ciência
A ciência sai fortalecida ou enfraquecida dessa crise? Os cientistas do mundo inteiro se organizam na busca por remédios, vacinas e novas formas de testagem.
Existe uma discussão sobre a necessidade de protocolos para o desenvolvimento de remédios de larga escala versus um anseio muito grande das populações e de governos por soluções. “É possível também analisar a importância da pesquisa científica para achar a cura da doença e como a ciência, a pesquisa e as universidades são fundamentais nessa engrenagem”, diz Dibbern.
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Socialização
Outra possibilidade é a relação do coronavírus e do isolamento social com o excesso de convivência. Qual será o efeito da hiperconvivência familiar?
Os conflitos internos familiares podem vir à tona, assim como podemos enfrentar dificuldade de lidar com o outro fora de casa no fim da quarentena.
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Saúde pública
Nesse recorte um pouco mais óbvio, é importante analisar o SUS e as deficiências do sistema de saúde pública. Fica muito evidente nesse momento a importância do setor na coordenação das ações para combater a pandemia, e, portanto, vale uma discussão sobre o papel da saúde pública no gerenciamento da crise.
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Noções de solidariedade
Nesse momento de crise que estamos vivendo no Brasil, existe uma onda altruísta? Movimentos tentando preservar a vida dos indivíduos, da comunidade, daqueles que moram ao redor? E aqueles que estão apenas avaliando os prejuízos pessoais e econômicos? “Tem uma discussão bastante profunda sobre as consequências para a solidariedade, para o tecido social, ou mesmo para as noções de valorização da vida a qualquer preço”, explica Paganim.
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Educação e acesso à internet
Uma discussão muito em pauta é a democratização do acesso à internet. Com a migração das escolas para o ambiente online, a discrepância entre estudantes de diferentes classes econômicas se tornou ainda mais assustadora. É preciso avaliar as consequências a curto e longo prazo desse período.
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Valorização dos profissionais de saúde
Esse tema pode ser explorado por diversos aspectos, como o suporte emocional que esse grupo pode necessitar, o suporte financeiro, os riscos no dia a dia e a questão da jornada de trabalho. Aqui, cabe pensar em políticas públicas e alternativas que possam ajudá-los de alguma forma.
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