Seja na escola, em um exercício específico, ou na leitura despretensiosa de um jornal, você já deve ter se deparado com uma crônica. Mas você consegue bater o olho em um texto e distinguir as características do gênero sem confundi-lo com uma narração, conto ou poesia? Se ficou na dúvida, não se preocupe, pois vamos te ajudar.
O gênero textual surgiu nos jornais brasileiros a partir do retrato de cenas cotidianas narradas de forma literária e da transformação dos tipos sociais em personagens, segundo Gabrielle Cavalin, coordenadora de Redação do Poliedro de Campinas.
Ela explica que existem dois tipos de crônica: a literária e a argumentativa. A literária tende ao universal, à representação do cotidiano e, por apresentar personagens que, na maioria das vezes, são apenas retratados pelo tipo social, sem nome; enredo; tempo e espaço, aproximando-se do conto. A diferença entre os dois gêneros é que, enquanto a crônica tem essa ligação com o dia a dia, o conto é uma narrativa curta, focada em um único conflito durante o enredo
Já a crônica argumentativa, normalmente parte de um episódio, narrado pelo autor para, a partir dele, tecer comentários, reflexões e argumentações sobre a situação denunciada por ele.
“Também são narrativas que desenvolvem assuntos geralmente extraídos do presente, o que a torna “marcada” temporalmente. Sua linguagem é simples, às vezes coloquial, mas corretamente trabalhada; além disso, pode – ou não – ter personagens”, completa Simone Motta, coordenadora de Português do Colégio Etapa.
Erros mais comuns
Considerando a crônica literária, o erro mais comum é desenvolver as tramas dos personagens, apegar-se à história de um sujeito específico ou se esquecer de que o foco é o registro do cotidiano, do comportamento da sociedade de maneira mais ampla e não o aprofundamento psicológico e físico de um indivíduo. “A crônica inclusive serve como retrato para entender o comportamento social de um determinado período”, afirma Cavalin.
Já na argumentativa, o erro que pode ocorrer é não ter um equilíbrio entre a parte narrativa e a argumentativa, o que descaracterizaria o gênero.
Nos vestibulares
Cavalin explica que a crônica é um gênero muito mais cobrado como leitura do que como escrita. “Qualquer prova pode apresentar um trecho de crônica para a partir dela pedir tanto uma questão de entendimento de texto ou análise linguística, quanto compor a coletânea de uma proposta textual”, diz.
Como redação em si, a crônica não costuma ser cobrada na maioria das provas, mas pode aparecer em vestibulares que pedem gêneros diversos e fogem da tradicional dissertação.
A banca da Unicamp, por exemplo, exige que o candidato desenvolva gêneros, como diferentes tipos de narrativa, de cartas, de resenha, entre outros. “Nesse contexto, a crônica se encaixa perfeitamente”, afirma Motta.
Como melhorar as suas crônicas?
Gostou do gênero ou vai prestar Unicamp e quer treinar? Uma das melhores estratégias, segundo os especialistas, consiste em ler autores consagrados do gênero, como Rubem Braga, Fernando Sabino, Luís Fernando Veríssimo, Paulo Mendes Campos, entre outros.
Além disso, acompanhar crônicas argumentativas que são publicadas quase que cotidianamente nos jornais do país. Depois, experimente escrever alguns textos nesse formato e não tenha medo de arriscar. Se quiser conferir alguns exemplos, a dica da coordenadora do Poliedro é acessar o Portal da Crônica Brasileira, onde você pode procurar textos pelo tema ou por grandes nomes da área.