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Estudante garante nota mil na redação do Enem citando Djamila Ribeiro

Juliana Moreau também citou a comunidade das quebradeiras de coco em sua argumentação. A nota lhe rendeu a aprovação em primeiro lugar no curso de Medicina!

Por Karolina Monte, Luccas Diaz
Atualizado em 26 jun 2023, 17h22 - Publicado em 26 Maio 2023, 15h49

Juliana Moreau de Almeida Soares, de 18 anos, mora em Itamaraju, Bahia, e foi uma das candidatas que alcançou a nota mil na redação do Enem 2022. Para o tema “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil“, utilizou como repertório a pensadora contemporânea Djamila Ribeiro e as quebradeiras de coco, uma comunidade tradicional.

A estudante nasceu em Minas Gerais, na cidade de Manhuaçu, mas se considera baiana por ter se mudado ainda recém-nascida. Juliana estudou durante toda a vida no colégio Crescer,. No ano passado, terminou o Ensino Médio e encerrou o ciclo escolar em grande estilo: gabaritando a redação do Enem.

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a imagem mostra uma estudante branca de cabelos pretos e longos, sorrindo para a foto, com os dizeres no corpo
A estudante Juliana Moreau tirou nota máxima na redação do Enem 2022! (Juliana Moreau/Arquivo pessoal)

Para analisar as escolhas textuais da estudante, o GUIA DO ESTUDANTE convidou Vinicius Beltrão, coordenador de ensino e inovação da plataforma de educação SAS.

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Confira abaixo a redação na íntegra e, em seguida, os comentários do professor para cada parágrafo.

 

Espelho da redação da estudante Juliana Moreau de Almeida Soares, nota mil na redação do Enem 2022
(Juliana Moreau de Almeida Soares/Arquivo pessoal)

Introdução

Declarado patrimônio imaterial brasileiro, o ofício das quebradeiras de coco é exemplo da preservação de conhecimentos populares que marcam a cultura, a economia e as relações interpessoais dos povos envolvidos. Similarmente, muitos outros grupos tradicionais possuem saberes de extrema importância e, no entanto, não recebem o respeito merecido, o que cria uma urgente necessidade de promover a valorização dessas comunidades. Nesse contexto, é válido analisar como a negligência estatal e a existência de uma visão capitalizada da natureza representam desafios para a resolução de tal problemática. 

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Comentário do professor: O texto de Juliana traz referências muito pertinentes à questão de valorização dos povos tradicionais com foco na mercantilização das terras e a desenfreada exploração dos recursos, como consequência de uma sociedade consumista e de um Estado pouco atuante. A candidata distribui ao longo do texto referências e citações de pensadores clássicos e contemporâneos estabelecendo muito bem a importância da pauta que sofre com o descaso e total falta de urgência, tanto da população quanto dos órgãos competentes. Logo de início, ela traz a importância da preservação do conhecimento e cultura popular dos povos originais declarando como patrimônio imaterial da nação. A crítica é bem apresentada ao relatar a negligência do Estado e a visão capitalista que paira sobre o problema. Aqui ela enfatiza o termo “desafios”, abrindo caminho para o desenvolvimento que virá nos parágrafos seguintes.

Desenvolvimento 1

Diante desse cenário, nota-se a inoperância governamental como fator agravante do descaso em relação às culturas tradicionais. Para a pensadora contemporânea Djamila Ribeiro, é preciso tirar as situações da invisibilidade para que soluções sejam encontradas, perspectiva que demonstra a falha cometida pelo Estado, uma vez que existe uma forte carência de conscientização popular sobre o assunto – causada pelo baixo estímulo governamental a essas discussões, tanto nas salas de aulas quanto no âmbito político. Nesse sentido, fica evidente que, por não dar notoriedade à luta desses povos, o governo permite o esquecimento e a minimização de seus costumes, o que gera não somente a massiva perda cultural de um legado cultivado por gerações, mas também o prejuízo da desestruturação econômica de locais baseados nessas técnicas. 

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Comentário do professor: A ideia central deste parágrafo é a inexperiência governamental agravada pela total falta de consciência da sociedade. Djamila Ribeiro é evocada para fortalecer a necessidade de discutir o assunto, que carece de estímulo governamental e a discussão que, por sinal, precisa ocorrer em todos os espaços da sociedade, da sala de aula à esfera política. Há uma crítica extremamente rica neste parágrafo que valida o argumento da estudante: se não há discussão, o problema é minimizado e deixado à deriva, trazendo consigo a perda gradativa de identidade cultural ao longo das gerações, trazendo não só prejuízo cultural, mas a desestabilização econômica desses povos.

Desenvolvimento 2

Ademais, percebe-se a influência de uma ideologia que mercantiliza o ambiente na manutenção de tal entrave. “Para a ganância, toda natureza é insuficiente”: a frase, do filósofo Sêneca, critica uma concepção recorrente na atual conjuntura brasileira, segundo a qual o meio-ambiente é visto como um objeto para o lucro humano. Logicamente, tal visão mercadológica se choca com o modo de vida experienciado pelos povos tradicionais, que vivenciam um relacionamento respeitoso e recíproco com o ecossistema, fazendo uso de seus recursos sem fins exploratórios. Por conseguinte, as comunidades que vivem dessa intimidade com a natureza são altamente reprimidos pelas classes que se beneficiam do uso capitalizado e desigual do meio natural, como grandes empresas pecuaristas, que lucram da concentração de terras e do monopólio comercial, o que exclui – ainda mais – a população originária e resulta no declínio de sua cultura.

 

Comentário do professor: O desenvolvimento neste parágrafo discorre sobre o interesse econômico de pecuaristas e semelhantes nas terras ocupadas pelos povos tradicionais. A prática mercantilista conduz todas as reflexões trazendo, inclusive, o filósofo Sêneca e seu discurso sobre a ganância sem fim. Há um deslocamento pertinente da discussão para as questões ambientais, isto é, a exploração do meio ambiente para o lucro e o oportunismo mercadológico em detrimento da relação respeitosa que os povos originais têm com o ecossistema como um todo. O declínio de sua cultura é consequência da repressão que sofrem pelos donos e exploradores de terras que só visam o benefício próprio.

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Conclusão

Portanto, cabe ao Estado – em sua função de promotor do bem-estar social – estabelecer uma ampla fiscalização do uso comercial do meio-ambiente em áreas com maior volume de povos tradicionais, mediante a criação de mais delegacias especializadas no setor ambiental, a fim de garantir uma campanha de valorização de tais grupos por meio da divulgação de informativos em redes sociais e da realização de palestrara em escolas, de modo a enfatizar a contribuição socioambiental desses cidadãos, para, assim, conscientizar a população e possibilitar a exaltação das culturas tradicionais brasileiras. 

Comentário do professor: Já a proposta de intervenção apresenta duas frentes de atuação: o Estado, que, para cumprir seu papel com o bem estar social, precisa fiscalizar com mais entusiasmo o meio ambiente e garantir a preservação dos costumes e estilo de vida dos povos originais; e a do Governo Federal, que deveria promover a valorização dos grupos divulgando suas práticas e importância social e ambiental pelas redes sociais, palestras em escolas e comunidades locais para exaltar o trabalho e a riqueza imaterial desses povos e costumes. A estrutura final é bem elaborada ao propor dois agentes e apresentar o que fazer, como fazer e para quê, sem terceirizar o problema.

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