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Redação do Enem: quantos erros de gramática posso cometer sem perder nota?

A regra é bem rígida: você pode errar no máximo três vezes. Mas antes é bom saber que existem vários tipos de desvios que entram na conta

Por Taís Ilhéu
25 abr 2023, 17h14
correção; gabarito; errada
 (jayk7/Getty Images)
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Estudantes já estão cansados de saber que uma das melhores maneiras de treinar redação é lendo textos que alcançaram notas máximas em edições anteriores dos vestibulares. Se você faz isso com alguma frequência, já deve ter esbarrado em alguma dissertação nota mil do Enem que apresentava um deslize ou outro – seja a falta de uma crase ou uma vírgula mal colocada. Será que o corretor decidiu ser bonzinho com aquele candidato? Ou estava cansado demais e deixou o erro passar despercebido?

Nada disso. Ao contrário do que muitos imaginam, uma redação nota máxima não é sinônimo de uma redação perfeita. Afinal de contas, os corretores sabem que os candidatos são de carne e osso, e não robôs ou inteligência artificial como o ChatGPT – e olha que até ele escorrega no Enem.

Por isso, o Inep, instituto que organiza o exame, orienta os avaliadores a tolerarem alguns erros, e eles não saem por aí tirando pontos dos estudantes na primeira oportunidade.

Neste texto, entenda quantos e quais erros você pode cometer na redação do Enem sem ter pontos descontados por isso. Mas antes, é preciso entender o que configura um erro do ponto de vista da banca.

Nem todo erro é de gramática: os desvios e falhas no Enem

A gramática é, de longe, uma das maiores vilãs da Língua Portuguesa, e por isso é bem comum que os estudantes tenham se acostumado a culpá-la por tudo. Trocou um acento pelo outro? Escorregou na conjugação de um verbo? Escreveu com “x” uma palavra que era com “ch”? Tudo erro gramatical!

Bem, não é exatamente assim. Especialmente se estamos falando da correção de um texto. O Enem, por exemplo, divide os erros cometidos pelos candidatos na redação em dois grandes grupos: as falhas de estrutura sintática e os desvios.

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As falhas de estrutura sintática, de acordo com o Manual dos Corretores do exame, diz respeito à “forma o participante constrói as orações e os períodos de seu texto” e os corretores devem verificar “se eles estão completos, se contribuem para a fluidez da leitura, entre outras questões de ordem sintática.”

É considerada uma falha de estrutura sintática, por exemplo, os períodos truncados, em que as orações subordinadas são separadas das orações principais de forma que a compreensão do texto fica comprometida. A repetição de termos idênticos  também é penalizada nesse sentido.

Já os desvios, de acordo com a banca corretora do Enem, são regidos pelos princípios da gramática e podem ser classificados em alguns grandes grupos:

  • De convenções da escrita (acentuação, ortografia, hífen, maiúsculas/minúsculas, separação silábica)
  • Gramaticais (regência, concordância, pontuação, paralelismo sintático, pronomes, crase)
  • Escola de registro (informalidade/marcas de oralidade)
  • Escolha vocabular (escolhas lexicais imprecisas)
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Sim, é muito jeito diferente de errar… e por isso, nada mais justo do que o Inep relevar alguns desses deslizes.

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Quantos e quais erros o candidato pode cometer sem perder nota

A princípio, a resposta é simples: para atribuir a pontuação máxima na competência 1 (que avalia se o candidato seguiu a norma-padrão no texto), o corretor tolera, no máximo, uma falha de estrutura sintática e, no máximo, dois desvios. E a regra é bastante rígida: não vale ter três desvios e nenhuma falha sintática ou mesmo duas falhas sintáticas e nenhum desvio. A única configuração aceita é a que o Inep indica.

O que muda um pouco é a contabilização desses erros. Um exemplo prático: vamos supor que, no Enem 2022, cujo tema da redação foi Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”, um candidato escreveu diversas vezes no texto a palavra “fiscalisação” exatamente assim, trocando o “z” pelo “s”. Neste caso, o corretor considera cada palavra um desvio?

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Não! Os desvios de convenções da escrita, de escolha vocabular e de escolha de registro são contabilizados só uma vez para cada palavra que o desvio se repete. “Assim, se o participante escreve “brasil” com letra minúscula e repete o desvio em outro(s) momento(s) do texto, devemos contar apenas um desvio”, exemplifica o Manual dos Corretores.

Já os desvios gramaticais, que dizem respeito ao uso da crase, pontuação ou concordância são contabilizados todas as vezes que se repetem, mesmo que a lógica por trás do erro seja a mesma. Ou seja, se o candidato erra a concordância para o plural cinco vezes, ele já terá cometido cinco desvios no texto.

A única exceção para essa regra, explica o Manual, é se o desvio ocorrer exatamente na mesma estrutura. Se o estudante escreve “no que diz respeito à usuários” uma vez no início do texto e depois volta a escrever “com respeito à usuários” mais adiante, o emprego incorreto da crase vai ser contabilizado só uma vez – já que a estrutura, “respeito à usuários”, é a mesma.

E aí, partiu praticar um pouco a Língua Portuguesa para evitar esses errinhos?

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