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Unesp 2023: segunda fase destacou humanas e trouxe atualidades

Prova seguiu o perfil dos últimos anos; autoteste de covid-19 foi abordado em questão de Biologia

Por Luccas Diaz
20 dez 2022, 19h12
inscrições da Unesp
 (SOPA Images/Getty Images)
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Na última segunda-feira (19) aconteceu a segunda e última fase do vestibular 2023 da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Os cerca de 32 mil candidatos aprovados na primeira fase tiveram que responder uma prova de 60 questões que, diferentemente de outros vestibulares, são no formato de múltipla escolha. Desde 2020, a Vunesp, órgão responsável pela prova, mantém as questões objetivas na segunda fase.

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A prova foi dividida da seguinte maneira:

  • 20 questões de Linguagens e Códigos (elementos de Língua Portuguesa e Literatura, Língua Inglesa, Educação Física e Arte);
  • 20 questões de Ciências Humanas (elementos de História, Geografia, Filosofia e Sociologia);
  • 20 questões de Ciências da Natureza e Matemática (elementos de Biologia, Física, Matemática e Química).

Além das 60 questões, os candidatos também tiveram que redigir uma dissertação-argumentativa sobre o tema: “A ‘lógica do condomínio’: o espaço público está em declínio?“. Para professores de cursinho, a temática não surpreende e segue a tendência da Unesp de trazer problemáticas sociais com inclinações filosóficas. Saiba mais sobre o tema da redação neste texto.

O GUIA DO ESTUDANTE conversou com professores e traz uma análise de cada disciplina na prova da segunda fase. Confira os comentários abaixo.

Língua Portuguesa

Para Sérgio Paganim, diretor do Curso Anglo, o exame de segunda fase está cada vez mais parecido com o da primeira, sem diferença no grau de dificuldade ou nos tipos de conteúdo. “Parece uma continuação”, diz. Com gêneros textuais variados, avalia as questões como bem feitas e, no geral, fáceis.

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Liliane Negrão, professora da Oficina do Estudante, enfatiza que as questões de interpretação de texto poderiam todas ser respondidas com facilidade pela maioria dos vestibulandos. “Mas a grande quantidade de questões de gramática pode ter trazido dificuldade aos candidatos não tão bem preparados”, afirma.

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Ambos os professores destacam a questão 2, sobre o reconhecimento de pronomes relativos, como um desafio da prova. Chamam a atenção também para a questão 6, sobre elipses, e a questão 10, envolvendo aposto com valor concessivo – ambos os temas nem sempre de fácil compreensão para os estudantes.

Literatura

A prova trabalhou com dois temas básicos. Realismo, a partir de um trecho de Quincas Borba, de Machado de Assis, e Modernismo, ao fazer referências às vanguardas artísticas e manifestos, explorando uma imagem da Tarsila do Amaral. Esta última cobrava do candidato uma reflexão um pouco mais exigente. Embora os eixos tenham sido limitados, os professores consideram uma prova de boa qualidade.

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Inglês

Para Carlos Alexandre Torres, professor da Oficina do Estudante, Inglês foi uma prova composta em sua maioria por questões fáceis. “Como sempre, muito bem contextualizadas com perguntas atendendo de forma clara aos textos apresentados”, diz.

Nesta prova, foram dois itens. O primeiro, um texto jornalístico do jornal americano New York Times sobre literatura negra brasileira, envolvendo Itamar Vieira Junior, Djamila Ribeiro e Carolina de Jesus. Cobrava compreensão, coesão e vocabulário. O segundo, mais curto, era sobre a importância da diversidade cultural, e abordou compreensão de sentido e vocabulário.

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Paganim evidencia a questão 13, que pedia o objetivo geral do texto e exigia uma boa capacidade de leitura de um texto longo, com cinco parágrafos. O conhecimento do verbo “to bridge” era necessário para a questão 19, apontada por Torres como a mais difícil.

História

Uma prova boa, com nível de dificuldade médio. Ao mesmo tempo que abordou temas clássicos, como feudalismo, iluminismo e anarquismo, trouxe também temas mais elaborados e menos óbvios. “Um exemplo é a questão 23, mais complexa, que perguntava sobre a cultura e religiosidade maia com base em um texto de difícil leitura”, afirma.

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O professor Felipe Mello, da Oficina do Estudante, destaca também a presença de narrativas sobre história indígena e a construção da identidade nacional, seja com a Semana de Arte Moderna de 22 ou com a construção de Brasília. Observa-se a ausência de temas específicos, como escravidão e a participação feminina na história.

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Geografia

“Uma prova que cumpre bem o papel de selecionar candidatos, com o nível médio para difícil”, afirma o diretor do Anglo. As questões se equilibraram entre temas atuais, com assuntos como ambientalismo, e geografia clássica, como geomorfologia. Renato Piton, professor da Oficina do Estudante, ressalta o caráter interpretativo da prova. “Mesmo sem grande conhecimento sobre os temas, o candidato seria capaz de resolver as questões com o auxílio dos textos de apoio”.

Outra característica que se destacou foram as alternativas erradas em cada questão, que estavam bem distantes da resposta correta e facilitavam assim o processo de decisão do candidato. A questão mais fácil foi a de número 31, que exigia uma análise simples de mapa. A mais complexa foi a 27, que trazia uma questão de atualidades sobre o Chile. Não houve, entretanto, muitas conexões entre as questões, com a prova parecendo uma grande coleção de temas independentes.

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Filosofia e Sociologia

Foram três de Filosofia e uma questão de Sociologia. Segundo Paganim, todas muito triviais e tranquilas. “A questão 38 apresentou textos um pouco mais extensos, mas o trabalho era de pura leitura”, diz. “A única um pouco mais diferente foi a 40, envolvendo um tema novo, o afropessimismo, mas que era descortinado no próprio texto de base”.  De forma geral, uma leitura atenta dos textos conseguia resolver a maior parte das questões.

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Biologia

Uma prova bem feita, de nível médio, com questões e textos longos, bastante contextualizado e atual. Cobrou duas questões sobre metabolismo energético, duas de evolução e uma sobre teste de covid-19, que era, na verdade, sobre parasitologia.

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Prova com questões claras e de dificuldade média, avalia Aline Biondo, professora da Oficina do Estudante. Perguntas envolvendo temas atuais, como o autoteste para covid-19, mantiveram a tradição da prova de abordar atualidades e programas de saúde.

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Paganim atenta ao fato de que houve uma ausência de temas clássicos que dessem abrangência à prova, como fisiologia humana, genética e zoologia – o que surpreendeu a todos. “Infelizmente, a Unesp trouxe uma prova com assuntos repetitivos, poucos abrangentes e que giravam em torno, basicamente, de três eixos”, concorda Biondo.

Química

Paganim enxerga a prova como de nível médio para fácil. Cobrando assuntos como cálculo estequiométrico, cinética química, termoquímica, ligação química, propriedade dos compostos e reação orgânica, a prova não se mostrou complexa. O diretor destaca, porém, uma repetição de temas nas questões, como a quebra do éster (que apareceu na primeira fase e também na primeira fase do ano passado), ligação química (prova do ano passado), e termoquímica (a resolução do exercício era igual a da Unesp 2018).

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Física

Em relação à Unesp 2022, a prova deste ano foi mais complexa, exigindo mais cálculo. As seis questões abordaram os temas clássicos da Física: mecânica, calorimetria, ótica, oscilações, eletrodinâmica e cinemática. Paganim chama a atenção para as questões que apresentavam muitos elementos diferentes para se chegar à resolução: textos verbais, não verbais, gráficos e tabelas. “Elas exigiam um cruzamento de texto para construir a resolução”, diz.

Marcio Miranda, da Oficina do Estudante, aponta as questões 51, 52 e 53 como as de resoluções mais diretas, exigindo que o candidato dominassem conceitos relativamente simples. Já as questões 54 e 55 apresentaram um grau superior de complexidade, pedindo uma organização maior do encadeamento de procedimentos para resolvê-las. A questão 56 foi a de interpretação mais delicada: era preciso ficar atento às informações presentes no enunciado e à escala da figura para escrever a relação correta entre as variáveis apresentadas.

Matemática

Poucas surpresas em Matemática, seguiu o nível de dificuldade dos últimos dois anos. “Foram apenas quatro questões, todas muito sem charme e com pouca contextualização”, diz Paganim. O estilo, porém, segue a tendência da Unesp de avaliar assuntos clássicos da Matemática. Estiveram presentes: conceitos fundamentais de geometria plana, espacial, probabilidade e operações de potenciação e logaritmos.

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A questão mais difícil, para Marcos César Formis, professor da Oficina do Estudante, foi a de número 60, sobre de geometria espacial. “Era necessário repertório em exercícios para visualizar a resolução, apesar da parte operacional ser simples”, esclarece.

Paganim sublinha a imprecisão da questão 59, sobre probabilidade, onde identifica um erro conceitual sobre a soma de dois números. “Pode levar a uma divergência do gabarito oficial”, afirma.

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