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A estudante de Design que criou absorvente para mulheres que vivem na rua

Antes mesmo de se formar em Design de Produtos, Rafaella de Bona já ganhou um grande prêmio internacional pelo projeto

Por Taís Ilhéu
20 Maio 2020, 14h55
 (Guia do Estudante/Reprodução)
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Quando se fala em profissões para mudar o mundo, salvar vidas ou simplesmente ajudar outras pessoas logo pensamos em médicos, enfermeiros ou professores. O que muita gente não imagina é que tem muito biotecnólogo, cientista de dados, engenheiro e designer fazendo a diferença por aí!

É o caso de Rafaella de Bona, a estudante de Design de Produtos na Universidade Federal do Paraná (UFPR), que se diz apaixonada pelo Design e sua maneira de solucionar problemas. Antes mesmo de se formar, ela já ganhou no ano passado um dos maiores prêmios internacionais da área, o iF Design Talent Award, pautando um tema desconhecido por muita gente: a pobreza menstrual. 

Se você também nunca ouviu falar no assunto, Rafaella tem uma dica. Uma das suas referências de pesquisa foi o documentário Absorvendo o Tabu, disponível na Netflix. O vencedor do Oscar 2019 na categoria de melhor documentário curta-metragem retrata as dificuldades enfrentadas pelas indianas durante o período menstrual. Sem acesso a absorventes e mesmo a banheiros para se higienizarem, muitas meninas deixam de frequentar a escola durante alguns dias todos os meses. 

Mas quem pensa que o problema é uma exclusividade indiana se engana: ele é, na verdade, quase universal se considerarmos a imensidão de mulheres em situação de rua em todo o mundo. Foi justamente para atender a essa parcela da população que a estudante idealizou, em seu trabalho de conclusão de um curso livre de design no Centro Europeu, em Curitiba, o projeto “Maria”. Pautada em um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030, o de erradicação da pobreza, ela projetou um tipo de absorvente que atendesse às necessidades dessas mulheres. 

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O processo por trás de “Maria”

De acordo com seu desenho, os absorventes seriam produzidos em formato de um rolo de papel higiênico, para serem destacados, enrolados e utilizados como absorvente interno – um detalhe importante, já que muitas dessas mulheres não têm sequer calcinha para usar a versão externa dos absorventes. Cada um desses rolos teria capacidade para um ciclo menstrual de sete dias e seria possível destacar mais ou menos papel por vez de acordo com o fluxo menstrual. Além disso, o absorvente seria produzido a partir de fibra de banana, um material sustentável e já usado para esse fim na Índia.

Explicando assim, em poucas linhas, pode até parecer simples, mas a projeção de um produto como esse envolve diversas etapas e ferramentas importantes do Design de Produtos. Segundo Rafaella, os estudos na área estimulam uma nova maneira de pensar os problemas e uma metodologia para resolvê-los.

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“Essa lógica de pensamento consiste em ter como centro das atenções o usuário e suas necessidades”, explica. Foi nessa fase de pesquisa e imersão que ela assistiu a vídeos, documentários e levantou informações sobre a situação das mulheres que vivem nas ruas. 

“Partimos, então, para a geração de possíveis soluções: prototipamos e validamos as alternativas com o usuário e depois detalhamos e refinamos a solução para que ela possa ser fabricada”, explica. Todo o processo, segundo ela, requer habilidades de análise de dados e pesquisas, conhecimento sobre materiais, sobre ferramentas de criatividade e interações. Por fim, Rafaella destaca ainda a importância de saber trabalhar com uma equipe multidisciplinar – ela mesma teve orientação de um biólogo e um médico para desenvolver o absorvente. 

Busca de Cursos

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Hoje, Rafaella ainda estuda e aperfeiçoa o projeto no seu curso de graduação, mas conta que pretende colocá-lo em prática até 2022, depois que se formar. Ela pensa em procurar parceiros e empresas dispostas a produzir o material em grande escala, mas sempre tendo como foco as mulheres em situação de rua. “O Projeto Maria é um trabalho que me enche de orgulho e trouxe a confirmação que é esse o caminho que eu quero seguir”. 

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