Assine Guia do Estudante ENEM por 15,90/mês
Continua após publicidade

Colômbia enfrenta protestos violentos por reforma tributária

Milhares de colombianos vão às ruas para protestar e violência policial causa mortes

Por Danilo Thomaz
12 Maio 2021, 12h49

Um dos países mais violentos e desiguais da América Latina, a Colômbia tem sido palco de protestos há duas semanas em decorrência de uma reforma tributária proposta pelo governo conservador de Iván Duque (do Centro Democrático, partido de orientação liberal) e da repressão policial em resposta às manifestações.

Mesmo com um saldo de quase 42 mortos e a lotação de leitos hospitalares em decorrência da Covid-19 em cidades como Bogotá, a capital do país, a tentativa de acordo entre o governo e o Comitê Nacional da Greve, realizada ontem, acabou sem solução. O motivo aventado pelos manifestantes é a resistência do governo de Iván Duque em dar fim à repressão policial.

Vamos entender melhor o que está acontecendo?

Como tudo começou

Os protestos tiveram início há quase duas semanas após a tentativa do governo de passar uma reforma tributária que tinha por objetivo manter a estabilidade fiscal do país, duramente afetado pela crise econômica em decorrência do fechamento por conta da pandemia e de medidas consideradas tímidas para mitigar os danos causados pela quarentena.

A reforma tributária – chamada de “Lei da Solidariedade Sustentável” (Ley de Solidariedad Sostenible) – visava expandir a base de contribuintes da Colômbia, taxando desde baixos salários – até então isentos de declarar a renda – até altas rendas. Além disso, havia a proposta de taxar em 19% serviços como o de gás e energia. Isso tudo após a Colômbia ter seu pior desempenho econômico no ano passado desde 2020.

A desistência do governo em aprovar a medida não foi suficiente para aplacar o ímpeto dos manifestantes.

Continua após a publicidade

Contexto histórico

Considerada por setores liberais como uma ilha de estabilidade na América Latina, a Colômbia tem uma história política marcada pela violência. Estima-se que, entre 1958 e 2012, mais de 200 mil pessoas tenham sido assassinadas por razões. Entre 1985 e 2012, houve quase 2 mil chacinas que mataram 12 mil pessoas. Há, ainda, uma série de desaparecimentos e manipulações de mortos. A repressão, sobretudo no campo, levou, por exemplo, ao surgimento das Farc. Esses e outros dados você pode encontrar na série Caminhos Latinos, no episódio dedicado à Colômbia.

++ Veja a trajetória dos conflitos entre as Farc e o governo da Colômbia

 

Estabilidade aparente

Apesar de não ter sofrido golpes como seus vizinhos, a Colômbia esteve sob estado de sítio durante boa parte do século 20. Em 2002, quatro após depois de sua eleição, o então presidente Álvaro Uribe, também do Centro Democrático, declarou estado de sítio na guerra ao terror local, representado então pelas Farc e pelo Exército da Libertação Nacional (ELN). No ano passado, o ex-presidente foi preso, o que representou um duro revés ao seu partido.

A forte política repressiva de Uribe dividiu a Colômbia entre aqueles que apoiavam as medidas e os que os responsabilizavam pelas mortes.

Em 2016, foi assinado o Acordo de Paz entre o Estado colombiano e as Farc, que se tornaram o partido Força Alternativa Revolucionária do Comum. Mais de 7 mil guerrilheiros deixaram as armas, aderindo à política institucional.

Continua após a publicidade

Paz armada

No entanto, a chegada de Duque ao poder em 2018, sucedendo a Juan Manuel Santos na presidência, estancou o processo de paz. Medidas como a reforma agrária – que tampouco contavam com vontade política da parte de Santos – ficaram para traz e chacinas e assassinatos continuaram a acontecer. Só em 2020 foram 60 chacinas. Nos últimos quatro anos, mais de 1200 militantes do campo e ex-guerrilheiros foram assassinados.

Cem anos de solidão – A literatura que tenta explicar a Colômbia

Macondo, cidade do romance “Cem anos de solidão”, de Gabriel García Márquez, tinha como uma de suas características, alternâncias entre breves períodos de paz – seguidos de novos períodos de guerra. A obra, expoente da chamada literatura fantástica do “boom” latino-americano da segunda metade do século 20, como se vê, não é tão fictícia assim.

++ VEJA: Após 4 dias de protestos, Colômbia abandona projeto de reforma tributária

 

Publicidade

Publicidade
Colômbia enfrenta protestos violentos por reforma tributária
Atualidades
Colômbia enfrenta protestos violentos por reforma tributária
Milhares de colombianos vão às ruas para protestar e violência policial causa mortes

Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se você já é assinante faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

MELHOR
OFERTA

Plano Anual
Plano Anual

Acesso ilimitado a todo conteúdo exclusivo do site

a partir de R$ 15,90/mês

Plano Mensal
Plano Mensal

R$ 19,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.