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Como o Brasil bateu recorde em seu comércio exterior em 2023

Aumento das exportações brasileiras foi puxado pela safra recorde de grãos, com destaque para a soja

Por Paulo Zocchi
Atualizado em 30 abr 2024, 15h05 - Publicado em 12 abr 2024, 15h00
EXPORTAÇÃO Funcionários chineses verificam a soja vinda do Brasil no porto de Nantong, em maio de 2022
EXPORTAÇÃO Funcionários chineses verificam a soja vinda do Brasil no porto de Nantong, em maio de 2022 (Xu Congjun/VCG/Getty Images)
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O comércio exterior brasileiro teve, em 2023, o maior superávit de sua história. O valor total de suas exportações no ano chegou a quase 340 bilhões de dólares, enquanto suas importações foram pouco acima de 240 bilhões de dólares. O resultado total, ou seja, o saldo da balança comercial, foi positivo (superávit) para o Brasil em 98,8 bilhões de dólares.

Os resultados econômicos da compra e venda de produtos no exterior estão entre os principais dados da economia brasileira, pois o comércio externo impulsiona a produção nacional, estimula a sua modernização (para ser atrativo no mercado internacional) e fortalece a capacidade financeira do país.

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A notícia foi comemorada pelo governo, já que o superávit cresceu 61% em relação a 2022, que já era o resultado recorde desde o início da série histórica (em 1989), e surpreendeu os analistas. O principal motivo do resultado positivo foi o aumento das exportações ligado à safra recorde de grãos, sobretudo a da soja. Houve também uma queda no valor das importações, com peso na redução do preço do petróleo e de derivados, como fertilizantes.

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Exportador de commodities

Mesmo o resultado positivo, porém, precisa ser observado com realismo. O Brasil é um grande exportador de produtos básicos, ou commodities. Trata-se de itens com pouco valor agregado, ou seja, que não passam por processos industriais complexos, e seu preço no mercado internacional é considerado baixo. Hoje, os produtos básicos, com destaque para a soja, petróleo bruto e minério de ferro, são os que têm maior peso nas exportações brasileiras – respondem por 37% do total das vendas externas do país.

Esse perfil das exportações brasileiras, que vem de longe, está atualmente relacionado com o crescimento das grandes economias emergentes, como a China, cuja demanda impulsiona o preço mundial das commodities.

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As turbulências na economia global, como a guerra em curso na Ucrânia, por exemplo, afetam a oferta mundial de produtos essenciais como trigo, petróleo e gás, e tornam o cenário instável e de difícil previsão: vários dos preços de produtos básicos sobem e descem bastante em prazo curto de tempo. O petróleo, por exemplo, cujas cotações subiram muito com a eclosão da guerra da Ucrânia, em 2022, tiveram uma redução significativa em 2023, mesmo com a continuidade do conflito, pois houve redução nas compras no mundo e outras fontes longe do conflito ampliaram a produção.

Produtos industrializados

Os produtos manufaturados são aqueles que envolvem maior tecnologia na produção, passam por processos industriais e boa parte deles chega pronto para o consumidor final – portanto, têm maior valor agregado nas diversos etapas da produção. Os principais produtos manufaturados exportados pelo Brasil são automóveis e aviões. Há cerca de duas décadas, eram produtos de grande importância para as exportações brasileiras. Suas vendas começaram a cair a partir de 2010, como reflexo da crise econômica mundial. Hoje, representam pouco mais de 2% das exportações brasileiras.

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A grande dependência de poucos produtos básicos (soja, milho, café) e as insuficiências nos setores de infraestrutura e transporte, que encarecem o preço final das exportações, são apontados como os principais pontos fracos do comércio exterior brasileiro.

Em relação às importações, o Brasil compra, sobretudo, produtos manufaturados, como combustíveis, fertilizantes, componentes eletroeletrônicos e medicamentos. Importações são também um indicador importante para se prever o comportamento da economia, pois a expansão dos negócios, em particular das indústrias, exige investimentos prévios em equipamentos e componentes vindos do exterior.

O resultado da combinação entre exportar produtos básicos e importar produtos industrializados, no longo prazo, é perverso para o Brasil, pois vende produtos com baixo valor agregado e importa produtos caros. Avançar na produção de itens com maior valor agregado significa também gerar empregos mais qualificados, impulsionar a formação profissional e pagar salários melhores. Por isso, um desafio para que o Brasil se desenvolva plenamente é passar gradativamente a contar com mais produtos industrializados em sua pauta de exportações.

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Parceiros comerciais

Três países dominam as relações do comércio exterior brasileiro: China, Estados Unidos e Argentina, que responderam por 47% das nossas exportações e 43% das importações em 2023.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil, destino de 31% dos produtos exportados pelo país e origem de 22% de tudo o que importamos. O gigante asiático é nosso maior comprador de soja, carne bovina e celulose. Em troca, importamos da China produtos manufaturados, como máquinas elétricas e componentes eletrônicos e de telefonia.

Para os Estados Unidos, principal país importador de itens manufaturados de alto valor agregado do Brasil, como aeronaves, também vendemos petróleo bruto e café em grão, além de produtos semimanufaturados de ferro e celulose. Dos norte-americanos, compramos principalmente fertilizantes, óleos combustíveis (diesel, etanol e gasolina) e medicamentos.

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A Argentina, nosso principal parceiro do Mercosul, também é um importante importador de produtos industrializados do Brasil, especialmente peças para veículos e automóveis, mas também soja. A nova realidade política no país vizinho, porém, com a posse do líder de extrema-direita Javier Milei na Presidência, no final de 2023, pode alterar este quadro no futuro.

saldo balança comercial brasil
(Fernanda Pachi Krauss/Guia do Estudante)

Em resumo: balança comercial

  • Definição – Balança comercial é o conjunto de exportações e importações feitas pelo país. A diferença entre os dois valores é o saldo da balança comercial. Quando o país exporta mais do que importa, tem-se um superávit. Quando as importações superam as exportações, ocorre um déficit.
  • Panorama atual – O Brasil registrou superávit comercial recorde em 2023, com um saldo positivo de 98,8 bilhões de dólares (61% maior do que em 2022, que também era recorde). As exportações tiveram crescimento puxado pela safra recorde de grãos, com destaque para a soja.
  • Produtos e parceiros – O Brasil é um grande exportador de produtos básicos, ou commodities, como soja, petróleo bruto e minério de ferro, que respondem por cerca de 37% do total das vendas externas do país. Por outro lado, produtos manufaturados como automóveis, aviões e veículos de carga representam pouco mais de 2% das exportações brasileiras. O país importa, sobretudo, itens manufaturados, como combustíveis, componentes eletrônicos e medicamentos. China, Estados Unidos e Argentina são os principais parceiros comerciais do país.

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