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O que é o G7? E o G20? Entenda como surgiram os dois grupos

Criação ocorreu em diferentes momentos da política internacional. Veja um resumo da origem e atuação de cada um deles

Por Luccas Diaz
18 set 2023, 15h51
18ª cúpula do G20 ocorreu na Índia, entre os dias 9 e 10 de setembro de 2023  (Ricardo Stuckert/PR/Agência Brasil/Reprodução)
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No dia 10 de setembro, o Brasil assumiu a presidência do G20. Na prática, o Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, só toma posse do cargo a partir de 1º de dezembro (e fica até 30 de novembro de 2024), mas a sucessão já foi anunciada durante o encerramento da 18ª Cúpula de Líderes, realizada em Nova Déli, na Índia. É a primeira vez que o Brasil assume a liderança do grupo, que funciona em um esquema de rodízio entre os membros. Em seu discurso, Lula reiterou a luta brasileira contra a fome e a pobreza e diz que deseja tornar essa pauta de todo o grupo, com a criação de alianças globais. Se comprometeu também a buscar soluções para frear as mudanças climáticas entre as nações.

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Mas o que seria o G20? Uma associação premium? Um clube exclusivo? Um grupo de nações amigas? O G20, assim como a sua formação original, o G7, nada mais é do que um fórum internacional. Sempre nomeado a partir da soma da letra G, de “grupo” em inglês, com o número de membros, estes fóruns representam uma importante rede de discussão e cooperação internacional entre as grandes economias globais.

Neste texto, o GUIA DO ESTUDANTE tira as suas principais dúvidas sobre o G7 e o G20.

G7: juntos, somos mais fortes

Encontro do G7, em 1975, mostra líderes durante reunião em uma mesa
Primeira reunião do G7, na época G6, ocorreu na França, em 1975, entre França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido (Wikimedia Commons/Reprodução)

Antes de começar, vale chamar atenção: o G20 muitas vezes é entendido como uma evolução do G7, mas são dois grupos diferentes – que coexistem simultaneamente, ainda que com membros “repetidos”. O G7, é claro, veio primeiro, em 1975. Com a missão de reunir as potências econômicas mais industrializadas do planeta, a iniciativa partiu do então presidente da França, Valéry Giscard d’Estaing, reunindo os líderes de cinco nações na comuna de Rambouillet.

Na ocasião, França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido se uniram para a criação de um grupo que tivesse reuniões anuais e se comprometesse a coordenar ações entre si em nome de questões comuns. A aliança foi criada como uma resposta ao delicado momento que a economia e política mundial passavam, principalmente em razão da crise do petróleo iniciada em 1973.

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A ideia nunca foi ser um bloco econômico. Criado para ser um fórum de cooperação econômica e política, o agrupamento nunca possuiu uma estrutura institucional fixa, um mercado comum ou uma união aduaneira, por exemplo. Assim, nenhuma decisão tomada no grupo têm, de fato, força de lei, a não ser que seja instituída por cada um dos países membros de maneira independente. Ou seja, ainda que dispostos a cooperarem entre si, cada nação do grupo dispõe da sua soberania e independência. 

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Mas se você está atento ao texto, deve ter reparado que na lista de membros do G7 só apareceram seis países. Você está certo! Inicialmente, o G6 foi formado por apenas seis nações. A sétima, o Canadá, foi incluída somente no ano seguinte, em 1976 – dando origem, assim, ao G7 que conhecemos.

A sua adição se deu, sobretudo, pelo tamanho da economia canadense na produção de petróleo, além do fato de o país já ser membro de outras alianças internacionais, como a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que poderia aumentar ainda mais a área de atuação do grupo.

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Outra adição ocorreu em 1998, quando a Rússia entrou para o grupo, formando o G8. A entrada do país se deu, principalmente, como uma resposta ao desmantelamento da União Soviética, em 1989. O grande poder econômico russo, sobretudo em relação à produção energética e industrial, favoreceu a entrada da nação no agrupamento. Entretanto, as sucessivas diferenças ideológicas com o país (sobretudo em relação à sua democracia), os casos de violação dos direitos humanos e a anexação da Crimeia, resultaram na sua expulsão em 2014.

As primeiras décadas

Líderes do G7 posam
Encontro do G7 de 1990: os líderes de sete países, e a União Europeia, se encontram nos Estados Unidos (Wikimedia Commons/Reprodução)

Durante as décadas de 1970, 1980 e 1990, o G7 foi uma presença constante nos grandes assuntos internacionais. Comércio entre as nações, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e segurança global foram (e continuam sendo) os principais tópicos tratados pelo grupo durante os fóruns e cúpulas anuais.

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Entre os grandes feitos do grupo durante as três primeiras décadas se destacam o manejamento da crise do petróleo, assim como a sua consequente crise econômica e energética; o Acordo de Plaza, que desvalorizou propositalmente o dólar estadunidense para corrigir os desequilíbrios comerciais em relação às moedas dos outros membros; e a contribuição econômica e política para a unificação da Alemanha após a queda do Muro de Berlim, em 1989.

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Este último evento, por sinal, representou não apenas um novo momento para a Alemanha e os ideias socialistas, mas a formação de uma nova ordem mundial. Se antes o mundo se dividia em dois durante o período conhecido como Guerra Fria, com Estados Unidos e União Soviética em cada polo, a partir do fim da URSS esta divisão deixou de fazer sentido.

Durante toda a década de 1990 e o início dos anos 2000, o mundo foi palco de uma verdadeira descentralização de poder. Nações que antes passavam timidamente pela economia agora se tornavam respeitáveis nomes, destacando-se como pólos industriais ou de exportação de commodities. O melhor exemplo é a China, que surfou com êxito na onda da globalização e se tornou uma das economias mais importantes no fim do século 20.

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Esta nova configuração mundial foi o que levou os líderes do G7 a criar um novo grupo que abrangesse as nações de economias emergentes. A falta de representatividade global era uma das principais críticas a respeito do grupo original. Afinal, como podiam sete nações pautarem problemas que envolvessem a maior parte do planeta? A crescente complexidade de questões como o comércio global, as crises imigratórias e a violação dos direitos humanos levaram o grupo a se adaptar para um formato maior e mais inclusivo.

Nasceu, assim, em 1999, o G20, grupo que reúne as vinte maiores economias do mundo.

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Criação do G20

Líderes se reunem no encontro anual do G20, em 2021
Líderes se reunem no encontro anual do G20, em 2021 (Wikimedia Commons/Reprodução)

Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos são os 19 membros permanentes do G20. O vigésimo integrante é na verdade um bloco econômico inteiro, a União Europeia, que representa os seus 27 países. De acordo com o próprio grupo, os membros do G20 equivalem a cerca de 60% da população do planeta, 80% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) e 75% do comércio mundial.

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A criação do grupo aconteceu em meio às sucessivas crises que tomaram conta da década de 1990. Mas, diferentemente do G7, foi concebido para ser apenas uma reunião anual entre os representantes financeiros de cada nação. Por isso, originalmente, apenas ministros das Finanças e chefes dos Bancos Centrais de cada nação participavam dos fóruns. O formato mudou de forma definitiva em 2008, quando a crise financeira mundial contribuiu para a primeira cúpula com a presença de todos os chefes de Estado dos países-membros.

Na época, os líderes das 19 nações, mais o representante da União Europeia, se encontraram em Washington, nos Estados Unidos, para uma mesa de negociação da crise. Desde então, o G20 deixou de ser um fórum exclusivo para líderes financeiros e se tornou algo ainda maior: o principal fórum multilateral de cooperação econômica e política mundial.

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