A questão da crise da democracia liberal – o modelo vigente no Ocidente – tem mobilizado debates por todo o mundo desde meados da década passada, com o Brexit e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. No Brasil, a questão entrou no debate público com a eleição, em 2018, do presidente Jair Bolsonaro e voltou à tona na semana passada com a crise entre a Presidência e as Forças Armadas – uma vez que um dos motivos aventados para a troca do comandante-geral do Exército, Edson Pujol, seria o desejo de Bolsonaro de exercer maior controle sobre os militares.
++ Por que a saída da cúpula militar gera tanto debate e preocupação
Para que você possa entender melhor essa questão que move historiadores e cientistas políticos desde os anos 1990 – nessa época, na esteira da globalização e “financeirização” das economias, a desigualdade voltou a crescer nos países centrais do Ocidente –, o GUIA fez uma seleção de livros que vão ajudar a saber mais e a refletir sobre o assunto.
1. “Como as democracias morrem” (Zahar), de Daniel Ziblatt e Steven Levitsky
O livro da dupla de cientistas políticos da Universidade Harvard analisa processos de crise democrática em diferentes países do mundo e em distintos momentos da história para tentar explicar os momentos em que a democracia é substituída por regimes autoritários ou, como ocorre nos dias de hoje, em que o desmonte dos regimes democráticos acontece de dentro para fora. A obra traça um bom painel de diferentes países e faz uma análise precisa da história político-partidária dos Estados Unidos, de seus primórdios, no século 19, até a eleição de Trump.
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2. “Como a democracia chega ao fim” (Todavia), de David Runciman
O ensaio do professor da Universidade de Cambridge (Inglaterra) discute a crise da democracia tendo em perspectiva que ela, neste início de século, talvez já não tenha respostas a dar às demandas sociais, ao contrário do que aconteceu em outros momentos da História, como no início do século 20 e no Pós-Guerra (1945). O autor levanta outros tipos de regime que, eventualmente, possam vir a substituir a democracia liberal e analisa como hoje, ao contrário de outros momentos históricos, já não é tão simples precisar o instante em que uma democracia deixa de existir e é substituída por um regime autoritário.
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3. “O povo contra a democracia” (Companhia das Letras), de Yascha Mounk
A obra do cientista político de origem alemã e professor da Universidade Johns Hopkins mostra como o processo de globalização e a crescente desigualdade advinda dele fez com que as massas que não se beneficiaram desse processo se voltassem contra políticos, partidos e instituições identificados com o poder das elites globais. Ao final, propõe políticas que possam ser adotadas para tornar a democracia liberal novamente atraente para o eleitorado que deu as costas a ela.
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4. “Ruptura: a crise da democracia liberal” (Zahar), de Manuel Castells
O livro do sociólogo espanhol traça um panorama dos motivos que levaram às crises democráticas e à ascensão de forças populistas, autoritárias e de extrema direita e analisa com precisão movimentos políticos recentes, como o Brexit, a eleição de Trump e o fim do bipartidarismo na Espanha. A obra tanto analisa quanto propõe soluções para a crise contemporânea das democracias liberais.
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5. “A grande regressão: um debate internacional sobre os novos populismos ― e como enfrentá-los” (Estação Liberdade), vários autores
O livro reúne artigos de autoras e autores de renome de diferentes áreas, da história à ciência política, como é o caso da americana Nancy Fraser, buscando compreender sob diferentes perspectivas o estado de crise das democracias liberais, os acontecimentos recentes que exemplificam essa crise, além de propor soluções.
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E um vídeo-bônus do Politize! sobre o que é social-democracia!