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6 livros que personagens de séries, filmes e novelas já leram

Rory Gilmore gostava de ler Shakespeare, e o Tufão apreciava a literatura brasileira. Veja a lista de livros e inspire-se!

Por Ludimila Ferreira
14 fev 2024, 10h00
rory gilmore, tufão e bella swan
 (Guia do Estudante/Reprodução)
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A cultura pop está cheia de personagens leitores como Rory Gilmore, Matilda, Bella Swan e até o Tufão, de “Avenida Brasil”. E acredite: muitos deles leram livros com repertórios relevantes para os vestibulares – tanto que uma das obras já foi citada em uma redação nota mil do Enem 2023.

Veja a lista de seis livros que personagens de séries, filmes e novelas já leram, e que podem ser utilizados na redação dos vestibulares.

+ Como usar seu repertório na redação da melhor maneira possível?

Bella Swan leu “O Morro dos Ventos Uivantes”

bella swan de crepusculo lendo no estacionamento da escola
(Paris Filmes/Divulgação)

O Morro dos Ventos Uivantes”, de Emily Bronte, é bastante citado em “Eclipse” o terceiro livro da série “Crepúsculo”. É um dos livros favoritos de Bella Swan e nos filmes, pode ser visto no guarda-roupa da personagem.

Nesta história um garoto, descrito como um “cigano” de pele escura, é encontrado sozinho nas ruas de Liverpool e é adotado pela família Earnshaw. Eles lhe dão o nome de Heathcliff. A família tem dois filhos biológicos: Catherine, que se torna interesse amoroso do jovem, e Hindley, que se torna seu rival. 

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A obra vai abordar os casamentos arranjados e o racismo. Catherine precisa se casar com um partido escolhido pelo pai, ao mesmo tempo que lida com o amor proibido entre ela e seu irmão adotivo, negligenciado pela pele escura e posição social. Mesmo que ela o ame, afirma que não pode se casar com ele porque “porque a união estragaria a sua reputação”. 

Heathcliff deixa a fazenda dos Earnshaw frustrado por não poder se relacionar com Catherine, porém volta já adulto cheio de rancor. Por fim, a moça ainda dividida entre seus partidos morre no parto de sua filha. A morte de Catherine desperta vingança em Heathcliff.

É possível usar o livro como repertório para falar da discriminação contra os povos tradicionais, com Heathcliff sendo descrito como um cigano de forma pejorativa na narrativa. O tema da redação do Enem 2022 foi “Desafios para a valorização de povos tradicionais no Brasil”, e um dos textos de apoio apontava os ciganos entres essas comunidades.

O MORRO DOS VENTOS UIVANTES

capa do livro o morro dos ventos uivantes pela editora Penguin-Companhia

Alex Dunphy leu “Mulherzinhas”

personagem de modern family alex lendo mulherzinhas
(ABC/Divulgação)

Alex Dunphy de “Modern Family” era vestibulanda e leu “Mulherzinhas” de Louisa May Alcott. O livro aborda a Guerra Civil Americana da perspectiva das mulheres que foram deixadas pelos maridos para que eles pudessem lutar. O conflito, que também levou o nome de Guerra da Secessão, aconteceu entre 1861 a 1865.

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As personagens femininas do livro de Louisa May Alcott precisam lidar com o machismo da sociedade e a falta de dinheiro. Sem seus maridos, as mães da família precisam trabalhar. Enquanto mulheres brancas passam a moldar suas vidas em torno dessa ausência, mulheres negras como Harriet Tubman estão lutando pela abolição da escravidão. Harriet foi uma mulher negra escravizada que lutou pela libertação da população negra e liderou um exército de homens na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, durante a Guerra da Secessão.

Neste contexto, o livro pode ser usado para falar da interseccionalidade. A interseccionalidade foi um conceito criado pela ativista Kimberlé Crenshaw em 1989. A teoria diz que a interseccionalidade acontece quando um ou mais fatores se cruzam na vivência de uma pessoa que faz parte de uma minoria social, ou seja, enquanto mulheres brancas sofrem com o machismo, mulheres negras sofrem com o machismo e o racismo.

Rory Gilmore leu “Macbeth” e “O Segundo Sexo”

rory gilmore na primeira temporada de gilmore girls lendo james joyce
(The WB/Divulgação)

Quando se pensa em personagem leitora, é impossível não citar Rory Gilmore. Durante as sete temporadas da série Gilmore Girls, ela leu mais de trezentos livros – entre eles vários clássicos. “Macbeth“, de William Shakespeare, está na lista.

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A tragédia de Shakespeare já apareceu na primeira fase da Fuvest em 2016 e no Enem em 2011. Por ser uma das obras mais curtas do autor, é uma ótima opção para quem quer começar a conhecê-lo.

“Macbeth” conta a história de um governante tentando atingir o poder por meio de crimes, e o livro traz uma afiada crítica à ambição excessiva. Macbeth consegue o trono após matar o Rei Duncan e permanece no poder cometendo outros assassinatos.

É uma ótima maneira de abordar governos autoritários e líderes que cometem atrocidades para se manter no poder.

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Um outro livro importante que Rory leu foi “O Segundo Sexo” de Simone de Beauvoir – autora que foi citada como repertório por um dos 60 candidatos do Enem 2023 que tiraram mil na redação.

O tema da redação do Enem 2023 foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, e o livro de Simone de Beauvoir aborda a vivência feminina com uma das suas frases mais conhecidas: “não se nasce mulher, torna-se”.

Em “O Segundo Sexo” a autora analisa como ser mulher é uma construção social que vem a partir da educação, escolhas e circunstâncias vividas. Segundo a autora, as mulheres precisam conversar entre si sobre seus problemas para tomarem consciência de que vivem dificuldades parecidas.

O SEGUNDO SEXO (BOX)

foto do box de livros o segundo sexo editora Nova Fronteira

Tufão leu “O Alienista” e “O primo Basílio”

personagem de avenida brasil tufão lendo o alienista de machado de assis
(TV Globo/Divulgação)

Achou que o Brasil ia ficar de fora da lista? Por aqui também temos personagens leitores, e um dos mais icônicos dele foi Tufão, da novela Avenida Brasil. O jogador leu diversos clássicos brasileiros que estão nas listas dos principais vestibulares do país. Um deles foi “O Alienista” de Machado de Assis. O conto narra a história do Dr. Simão Bacamarte após retornar à sua terra natal. O médico se casa com uma viúva e abre um hospital psiquiátrico chamado Casa Verde na cidade, onde começa a internar as pessoas sem critério, acabando por confinar até sua esposa.

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Fora das páginas, isso já aconteceu no Brasil em tempos mais recentes. O hospital psiquiátrico Colônia de Barbacena foi aberto em 1903 em Minas Gerais e chegou a receber a alcunha de “holocausto brasileiro”. Assim como na obra de Machado de Assis, não havia critérios para as internações.

No livro-reportagem “Holocausto Brasileiro: Genocídio: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil“, Daniela Arbex conta que “o Colônia se tornou destino de homossexuais, militantes políticos, mães solteiras, alcoolistas, mendigos, negros, pobres, pessoas sem documentos e todos os tipos de indesejados, inclusive os chamados insanos.”

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A partir destes fatos é possível discutir a luta antimanicomial no Brasil. Apenas em 2001 foi sancionada a Lei n. 10.216/2001 que determinou o fim dos manicômios e sanatórios no Brasil. Segundo o psicólogo Felipe Rosa para o Correio Braziliense, “A luta antimanicomial busca concretizar direitos para as pessoas com transtornos mentais, inclusive o direito à saúde, à dignidade, à participação política, ao trabalho etc”. 

O livro de Eça de Queiros, “O Primo Basílio“, também foi lido por Tufão. Apesar da maior temática central da obra ser o adultério, é possível analisar o enredo a partir da luta de classes. No livro, há uma disputa entre Luísa e Juliana sobre quem ficará com Basílio. Juliana é empregada de Luísa, que é casada, mas está tendo um caso com seu primo – o Basílio do título.

+ Eça de Queirós e seu realismo inovador

Devido ao contexto histórico da época, a Revolução Industrial, a luta entre as moças pode ser lidar como uma metáfora para a luta de classes. Com o fortalecimento do capitalismo, cresceu a discrepância entre os trabalhadores e a burguesia.

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Repertório Cultural
6 livros que personagens de séries, filmes e novelas já leram
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