Fazer duas redações por semana, estudar uma quantidade fixa de horas, simulados aos finais de semanas. Essas poderiam ser – e em vários casos são – as dicas de estudantes que tiraram nota máxima na redação do Enem. O caminho das pedras de Catharina Simões, no entanto, foi outro. Para conquistar o mil na redação do Enem 2023, a jovem de 18 anos criou suas próprias regras, e algumas delas são mais simples do que muitos poderiam imaginar. Já pensou, por exemplo, em exercitar a empatia diante de um tema de redação?
“É muito importante prestar atenção no que acontece no nosso país, já que o Enem sempre vai trazer uma questão social do Brasil”, alerta Catharina. “E ter empatia por quem vive aquilo, por quem ainda sofre com a situação”, completa.
Em conversa com o GUIA DO ESTUDANTE, a jovem da capital paulista contou sobre sua rotina de estudos em 2023, falou sobre como praticou redação e deixou um recado. “Se eu pudesse dar uma mensagem é de que a educação no nosso país precisa muito de investimento, não podemos romantizar esse número baixo de redações nota mil“.
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Sem surto
Quando Catharina conta sobre como começou seu dia 16 de janeiro, data em que foram divulgados os resultados do Enem, já é possível perceber que não estamos diante de uma vestibulanda comum. A estudante lida com a pressão em torno dessa etapa de uma maneira, no mínimo, tranquila.
Ela relembra que naquela terça-feira acordou depois das 10h da manhã, já que está de férias, e sequer se lembrava ser o grande dia do resultado. Só depois do almoço tentou acessar a Página do Participante para ver suas notas, mas como boa parte dos candidatos, deu de cara com o site fora do ar.
Duas horas mais tarde, finalmente ficou diante de seu boletim e pôde comemorar: estava entre os 60 candidatos nota mil na redação do Enem 2023! A jovem gritou, abraçou os pais, gravou vídeo.
Passada a euforia, Catharina se deu conta de que as notas em outras disciplinas provavelmente não iriam lhe garantir a aprovação em Relações Internacionais, seu curso dos sonhos, ainda este ano. Pensa que isso a desanimou? Que nada!
“Eu estou contente, já aceitei a ideia de talvez tentar de novo esse ano fazer um cursinho” conta, completando que o mil na redação já foi motivação suficiente. “Eu tirei mil, é uma coisa que eu fico muito grata, muito feliz”.
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E sem medo de arriscar
Embora sua nota na redação tenha saltado de 840, na edição anterior, para 1000, nesta edição, a estudante paulistana admite que a relação com a escrita é de longa data. Catharina adora escrever e já tem seu próprio livro de poemas. Para o Enem, foi preciso lapidar e acertar o formato – mas o processo era prazeroso.
Com a ajuda de sua professora da escola, ela escrevia redações para praticar sempre que possível e buscava corrigir os erros. “Eu sempre perguntava ‘onde podemos melhorar?'”, conta.
Mas para além da prática ou de uma alta carga horária de estudos, Catharina aconselha quem busca a nota mil a dar uma olhadinha ao redor. Pensar no país em que mora, acompanhar os acontecimentos e desenvolver um olhar crítico sobre eles.
“Muitas vezes a gente, que está aqui estudando para o vestibular, não sabe o que é, por exemplo, o trabalho de cuidado, o dia a dia de uma mulher que realiza esse tipo de tarefa e o quanto ela sofre, mas é preciso ter empatia”, relata.
A jovem diz que, embora não tenha o “lugar de fala” em relação ao tema por não realizar trabalhos de cuidado, imediatamente lembrou-se da própria mãe quando leu a proposta do Enem 2023. “O esforço que ela faz dentro de casa, o sacrifício de ser multitarefa. As pessoas romantizam muito, mas é uma exploração”.
Por fim, Catharina também aconselha os vestibulandos a perderem o medo da escrita. Segundo ela, muitos têm boas ideias, mas receio de colocá-las no papel. “Eu acredito que arriscar a ideias é muito importante”.
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“Quantos não tiveram a oportunidade?”
Estar entre os 60 candidatos, em um universo de 2,7 milhões, que alcançaram a nota mil na redação do Enem 2023 deixou Catharina extasiada. Mas também muito reflexiva. “Quer dizer que poucas pessoas têm acesso aos meios para conseguir realizar isso”, afirma.
“Será que não tem gente que, como eu, gosta de escrever e tem facilidade, só que não teve acesso a uma educação de qualidade?”, completa a estudante, que teve a oportunidade de concluir seus estudos no colégio particular Leonardo da Vinci, em São Paulo.
Para ela, o foco daqui para frente deveria ser aumentar o índice de notas mil nas redações do Enem, e para isso cobra mais investimento na educação. “Quantos alunos que não tiveram a oportunidade poderiam também estar comemorando?”.
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