Elza Soares manda recado aos estudantes do Brasil: ‘Desistir jamais’
Em um papo exclusivo, a cantora fez um apelo aos estudantes: "Continuem, por favor! Vocês são o Brasil de amanhã, gente. Por favor, conto com vocês!"
Aos 90 anos, a icônica Elza Soares foi a grande homenageada da 12ª Bienal da UNE – Festival dos Estudantes, em maio de 2021. O tema do evento foi “Brasil, um povo que resiste”. Na ocasião, nossa estagiária Giulia Gianolla conversou com essa grande mulher, que nos deixou hoje. Leia a seguir.
Quem vê Elza nos palcos hoje pode não imaginar a quantidade de desafios que ela superou. Sua história de resistência começou 1930, em uma favela do Rio de Janeiro, onde nasceu. Ela viveu sua infância em um cortiço e foi obrigada pelo pai a se casar ainda criança. Aos 12 anos teve seu primeiro filho. Seu marido na época, Lourdes Antônio Soares, atirou duas vezes contra a jovem mãe quando descobriu que Elza tinha se tornado uma cantora.
Ela conquistou o público pela primeira vez em 1953, em um concurso musical apresentado por Ary Barros, o “Calouros em Desfile”. Aos 21 anos, ela tinha acabado de ficar viúva e já tinha 4 filhos.
Elza sofreu com diversos casos de racismo durante sua carreira. Em um dos tristes episódios, jogaram uma lâmina de barbear dentro de sua roupa durante um show. Casada com o jogador de futebol Mané Garrincha, viu sua carreira deslanchar, passar por altos e baixos, enquanto sua vida pessoal era rodeada de violência. Segundo a biografia escrita por Zeca Camargo, Garrincha ficava agressivo quando bebia.
Na música, fez sucesso com muitas de suas obras. Em “A carne”, denunciou o racismo cantando que ‘a carne mais barata do mercado é a carne negra’. Disse que Deus é mãe ‘e todas as ciências femininas’ em “Deus há de ser” e respondeu à violência contra a mulher ameaçando ligar para o 180 em “Maria da Vila Matilde”. Em 1999, foi eleita pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio.
Elza conta ao GUIA que se sente jovem e se coloca junto aos estudantes na luta: “Nós somos jovens, somos presentes e vamos em frente!” Ela vai se apresentar no ato-show de abertura da Bienal da UNE junto ao rapper Flávio Renegado e Lucas ‘Koka’ Penteado, ator e rapper que participou do BBB21. Na conversa, a cantora lembra a importância da união no momento atual e reflete sobre a carreira
GUIA – Qual a sensação de ser um símbolo de resistência e um ídolo para tantos jovens estudantes?
Elza – Estamos todos juntos nessa luta, né? Sem diferença de idade, cor, de nada… Estamos juntos.
GUIA – O tema da Bienal é “Brasil, um povo que resiste”. Este tem sido um ano difícil para todos. Onde você tem encontrado forças para resistir?
Elza – Eu acho que encontro forças na própria vida, no amor, na história. Eu amo esse Brasil. E vamos passar por isso. Lógico que vamos.
Elza, acompanhada do rapper Renegado, com quem se apresenta hoje na Bienal da UNE.
GUIA – Qual é a importância dessa edição da Bienal?
Elza – Desistir jamais. Nós somos jovens, somos presentes e vamos em frente, gentem!
GUIA – Como a pandemia mudou Elza Soares?
Elza – Não mudou! Eu continuo a mesma, me amando, amando ao próximo e achando que a vida é isso aí, gente. A vida é beleza.
GUIA- O que você tem a dizer para os estudantes?
Elza – Desistir nunca. Desistir jamais. Continuem, por favor! Vocês são o Brasil de amanhã, gente. Por favor, conto com vocês.
A live de Elza Soares no Teatro Municipal de São Paulo terá com transmissão ao vivo pelo YouTube da UNE.
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