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Armênia e Azerbaijão: Entenda as raízes e os impactos do conflito

O conflito geopolítico envolve questões étnico-religiosas, briga por territórios e um movimento separatista, assuntos frequentemente cobrados no vestibular

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 5 out 2020, 21h00 - Publicado em 5 out 2020, 14h17
 (Google Maps/Juliana Pereira/Guia do Estudante/Reprodução)
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O final de setembro marcou o fim do período de quatro anos de relativa trégua em que viviam os armênios e os azeris. No último domingo do mês (27), os governos de ambos os países, que até então estavam sob um acordo de paz, declararam lei marcial – decisão típica em contextos de guerra, por suspender alguns direitos civis e aumentar o poder das forças armadas. Os ataques mútuos na região fronteiriça de Nagorno-Karabakh e outros conflitos que adentram o território dos países envolvidos já mataram ao menos 245 pessoas de ambas as nacionalidades até esta segunda (5).

O conflito geopolítico gira em torno do controle sobre Nagorno-Karabakh, e envolve interesses de países aliados, divergências étnico-religiosas e movimentos separatistas. Todos assuntos que curtem pintar em grandes vestibulares. Descubra as raízes desse conflito entre Armênia e Azerbaijão e quais podem ser seus impactos na região e no mundo. 

As origens da disputa

Historicamente, a origem dos conflitos na região fronteiriça de Nagorno-Karabakh remonta ao Império Persa. Sim, muito tempo atrás. Ao longo da história, a população que ocupa a região –  que fica no Cáucaso, entre Ásia e Europa –  briga por independência e autonomia, e os conflitos quase sempre estiveram marcados  por questões étnico-religiosas. 

No entanto, um bom marco para começar a entender o conflito na idade contemporânea é a Revolução Russa, em 1917. Poucos anos antes dela, tanto Armênia quanto Azerbaijão eram países jovens, recém-independentes do Império Romano. Mas, a partir 1923, viram-se anexados pela União Soviética e tornaram-se repúblicas socialistas associadas ao bloco. Sobre a região de Nagorno-Karabakh, a decisão à época foi anexá-la como uma região autônoma, mas dentro do território Azerbaijão. O problema? A maioria da população local é de cristãos armênios, que nunca aceitaram bem a anexação ao Azerbaijão (de maioria muçulmana). 

Demorou poucas décadas para que um conflito entre separatistas armênios (apoiados pela Armênia) e azeris fosse deflagrado. De 1988 a 1994, estima-se que 30 mil pessoas morreram na chamada Guerra de Nagorno-Karabakh. Em meio ao conflito, a União Soviética acabou se dissolvendo e, em 1991, os armênios separatistas do Nagorno-Karabakh (que é chamado por eles de Artsaque) realizaram um referendo para votar a independência da região, e a maioria esmagadora votou pelo sim. 

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Um fato importante, no entanto, é que os azeris que habitam a região optaram por boicotar o referendo. Em janeiro de 1992, a região autodeclarou-se independente do Azerbaijão, mas nenhum país do mundo reconheceu essa independência. 

Acordo de paz – e o fim dele

Em 1994, um cessar-fogo foi finalmente acordado entre Armênia (e separatistas do Nagorno-Karabakh) e o Azerbaijão. Apesar de pequenos conflitos com trocas de tiros continuarem a acontecer ao longo dos anos seguintes, os governos de ambos os países reafirmavam frequentemente o acordo de paz. Até que, em 2016, as coisas voltaram a ficar instáveis. Naquele ano, os governos de ambos os países voltaram a trocar farpas e algumas ameaças se consolidaram com uso de tanques e outras peças de artilharia. 

Ainda assim, naquele momento, as desavenças não haviam ficado tão intensas a ponto de ameaçar uma segunda guerra pelo controle da região, como parece estar acontecendo desde julho deste ano. No primeiro mês de tensão, o balanço oficial contabilizou a morte de 17 pessoas, azeris e armênios. As ameaças subiram de tom, e o Azerbaijão chegou a dizer que bombardearia a única central nuclear da Armênia. Depois de dois meses de tensões ameaçando sair de controle, o conflito parece ter estourado de vez nesta última semana de setembro.

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Quem apoia quem?

Desde 1990, o Grupo de Minsk, formado por Rússia, Estados Unidos e França tem como tarefa intermediar as discussões entre os dois países para buscar uma resolução para o conflito. Foram eles que ajudaram na formulação do acordo de paz nos anos 90, mas não foram capazes de construir um consenso sobre o assunto –  já que, no fim das contas, apesar da relativa autonomia, a região permanece sob o controle do Azerbaijão. 

Para piorar, o Azerbaijão sempre se ressentiu com o grupo por acreditar que a Rússia se posiciona a favor da Armênia. Os temores do país, afinal, podem mesmo se consolidar se as coisas seguirem como estão. Isso porque a Turquia, que faz fronteira com o Azerbaijão em uma curta faixa ao noroeste do país, tem tendido a apoiar o país de maioria étnica semelhante a sua. Um porta-voz do governo turco chegou a afirmar que “a Armênia está brincando com fogo e colocando a paz regional em risco”. E russos e turcos, como bem se sabe por conta do conflito da Síria, tendem a apoiar lados opostos em conflitos internacionais. 

O fato de a Rússia possuir bases militares na Armênia também é um fator de peso, assim como seu compromisso militar em proteger esse país, por ambos fazerem parte da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, que abarca algumas ex-repúblicas soviéticas. 

No mais, outros países ao redor do mundo como Irã e Estados Unidos (que também estão em lados opostos em outros conflitos) pedem paz e o fim dos ataques mútuos na região Nagorno-Karabakh. 

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