Os dias 6 e 9 de agosto de 1945 mudaram a história do Japão e do mundo. Em plena Segunda Guerra Mundial, as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram escolhidas para ser palco de uma das maiores atrocidades já cometidas: tornaram-se as primeiras vítimas da bomba atômica.
O horror é recordado ainda hoje a paira como um alerta do potencial destrutivo das bombas atômicas. Entenda como elas foram desenvolvidas e o que estava por trás dos ataques à Hiroshima e Nagasaki.
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O Projeto Manhattan
O ano era 1939. Estados Unidos, França e Inglaterra (Aliados) enfrentavam Alemanha, Itália e Japão (Eixo) na Segunda Guerra Mundial. A batalha ainda tinha rumos incertos, mas uma carta endereçada ao então presidente americano Franklin D. Roosevelt tornou tudo mais tenso. Escrita por Leó Szilárd e encaminhada pelo famoso físico Albert Einstein, a carta alertava Roosevelt de que a Alemanha fizera descobertas importantes sobre a fissão do urânio, e estava mais perto de criar a bomba nuclear.
Acredita-se que o alerta tenha sido o empurrão que faltava para a fundação do Projeto Manhattan. Liderado pelo major do exército Leslie Groves, o objetivo principal do Manhattan era criar a primeira bomba atômica da História, antes dos nazistas. Groves escolheu Julius Robert Oppenheimer para comandar a equipe de brilhantes cientistas convidados para o projeto – muitos deles laureados com o Prêmio Nobel.
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Em 16 de julho de 1945, o Projeto Manhattan realizou o primeiro teste com bombas nucleares, o Trinity. No deserto de Jornada Del Muerto, Novo México, o explosivo com potência equivalente a 18.600 toneladas de TNT foi detonado.
Menos de um mês depois, as bombas atômicas serviram ao seu propósito real: foram lançadas sobre o território inimigo. Mais especificamente, Hiroshima e Nagasaki, no Japão.
Como funciona a bomba atômica
Nas aulas de Física do Ensino Médio, a famosa equação E = mc² pode parecer apenas letras e números inocentes rabiscados em papel. Na prática, foi essa fórmula que abriu caminho para compreensão (e criação) da bomba atômica. Com ela, Albert Einstein ilustrou a equivalência entre energia e massa nos processos de liberação de energia.
A partir de uma pequena quantidade de massa do urânio, por exemplo, poderia ser liberada uma imensa quantidade de energia. O que seria uma reação nuclear, afinal, senão essa conversão, como demonstrou o físico?
As reações nucleares nada mais são do que a fissão ou fusão do núcleo de determinado elemento. O processo de fusão nuclear, por exemplo, é a fonte de energia do sol. Com as bombas nucleares, a ideia é forçar o processo a fim de provocar uma verdadeira explosão.
No caso das bombas de Hiroshima e Nagasaki, os elementos utilizados foram, respectivamente, o urânio 253 e o plutônio 239.
A “Little Boy“, lançada sobre Hiroshima, tinha como princípio a fissão do urânio e liberou uma energia equivalente a 15 mil toneladas de dinamite. Já a “Fat Man“, que atingiu Nagasaki, provocou a fissão do plutônio gerando uma explosão semelhante a 21 mil toneladas de dinamite.
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Os ataques à Hiroshima e Nagasaki
Na Ásia, a Segunda Guerra Mundial desdobrou-se em outros diversos conflitos. A disputa específica entre Estados Unidos e Japão teve início em 7 de dezembro de 1941, quando a base americana de Pearl Harbor foi atacada. A partir daí, os dois países entraram oficialmente em guerra.
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No ano de 1945, quando o Projeto Manhattan tinha em mãos as primeiras bombas nucleares, o Japão já estava em desvantagem na chamada Guerra do Pacífico, contra os americanos. Ainda assim, negavam a rendição. Os Estados Unidos, então, decidiram usar seu arsenal atômico.
Hiroshima foi a primeira cidade vítima do ataque nuclear. Às 8h15 do dia 6 de agosto de 1945, o bombardeiro americano B-29, também conhecido como Enola Gay, lançou a bomba “Little Boy” sobre a cidade, provocando uma explosão devastadora a cerca de 600 metros do chão. A estimativa é que entre 50 e 100 mil pessoas tenham morrido no dia. Mais de 40 mil edifícios viraram escombros e os incêndios nas áreas próximas ao marco zero (o local onde a bomba foi detonada) estenderam-se por três dias.
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Ainda assim, o Japão não se rendeu. Os americanos decidiram lançar a “Fat Man”, sua segunda bomba atômica.
A escolha da cidade de Nagasaki como segundo alvo foi quase obra do acaso. O objetivo inicial era bombardear Kokura, uma cidade com áreas industriais e urbanas, mas naquele dia uma névoa cobria a região, impossibilitando a visualização. Por isso, o Bockscar, um B-29, dirigiu-se à Nagasaki.
A bomba explodiu no ar, a cerca 500 metros do solo, matando entre 28 e 49 mil pessoas. Embora a “Fat Man” tivesse maior potencial energético que a “Little Boy”, lançada sobre Hiroshima, o território acidentado de Nagasaki, entre morros, impediu uma destruição ainda maior. Mesmo assim, 40% da cidade ficou devastada.
Ao todo, estima-se que mais de 200 mil pessoas morreram em decorrência das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki até o final de 1945. Muitos foram imediatamente vaporizados e carbonizados pela explosão, outros foram vítimas entre os escombros das construções, e milhares morreram nos meses e anos seguintes por efeito das queimaduras ou radiação.
A explosão atômica liberou átomos de césio-137 e de iodo-131, que fizeram crescer entre os sobreviventes os casos de leucemia, câncer de tireoide, de mama e de pulmão. Por fim, o trauma herdado dificilmente será apagado da história do Japão e do mundo.
Depois das bombas de Hiroshima e Nagasaki, o Japão rendeu-se oficialmente em 2 de setembro de 1995, marcando o fim da Segunda Guerra Mundial.
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